sábado, 1 de junho de 2024

3 dimensões

 


Pintura, MRodas


Esta pintura abstrata utiliza uma paleta de cores quentes, com predominância de tons de laranja, amarelo e vermelho, que evocam uma sensação de energia e movimento. As cores de fundo são aplicadas de forma vibrante e parecem misturar-se de maneira dinâmica, criando uma base rica e texturizada.

As linhas pretas e brancas que atravessam a tela em espirais e curvas adicionam um contraste marcante e guiam o olhar do observador através da composição. Essas linhas têm uma qualidade de movimento que sugere um turbilhão ou uma órbita, evocando imagens de caos organizado ou de um fenômeno natural, como um furacão ou uma galáxia.

Os pontos de tinta preta e branca dispersos ao longo das linhas e do fundo adicionam uma dimensão adicional de profundidade e complexidade à obra. Esses pontos parecem saltar da superfície da tela, dando uma sensação de tridimensionalidade.

No geral, a pintura transmite uma sensação de movimento contínuo e de energia vibrante. A combinação de cores quentes e linhas dinâmicas cria uma obra visualmente estimulante que prende a atenção do espectador e o convida a explorar os detalhes e a textura da peça.

A pintura apresenta características que podem ser associadas ao estilo de Jackson Pollock, um artista famoso pelo seu método de "drip painting" (pintura por gotejamento). Aqui estão algumas análises detalhadas que apoiam essa comparação:

1. **Uso da Cor**: A paleta de cores quentes (laranjas, amarelos, vermelhos) misturada com toques de preto e branco lembra a abordagem vibrante e emocional que Pollock frequentemente utilizava em suas obras.

2. **Método de Aplicação da Tinta**: As linhas pretas e brancas que parecem ter sido aplicadas com um movimento gestual e espontâneo são semelhantes às técnicas de Pollock, onde ele gotejava ou espirrava tinta sobre a tela para criar composições dinâmicas.

3. **Composição Abstrata**: A natureza não-representacional da pintura, onde não há um ponto focal claro ou uma representação explícita, é uma marca registrada do Expressionismo Abstrato, do qual Pollock foi um dos principais expoentes.

4. **Textura e Profundidade**: A textura rica e os pontos de tinta que parecem saltar da superfície são técnicas usadas por Pollock para adicionar dimensão e complexidade às suas obras.

Embora a obra tenha um estilo único e possa não ser diretamente de um seguidor de Pollock, a influência do seu método de "action painting" é evidente. Outros artistas que também exploraram técnicas semelhantes incluem Willem de Kooning e Franz Kline, embora com variações em suas abordagens.

Portanto, a pintura aproxima-se mais do estilo de Jackson Pollock, com sua energia caótica, uso expressivo da cor e técnica gestual de aplicação da tinta.



Alexandre Inácio

quinta-feira, 30 de maio de 2024

Madrigal

 



Oh vida, que em teu seio fértil brota

A flor que exala a doce primavera,

A luz que em cada aurora se revela,

E o canto do riacho que murmura.


Ó natureza, mãe gentil e bela,

Que em teu abraço verde nos consola,

Teus campos, teu azul, tuas estrelas,

E o vento que nos fala da alvorada.


Mas ai! Por que, oh vida, em teu regaço,

Se abrigam fome, peste e dura guerra?

Por que há dor, onde só deve haver paz?


Enquanto canto em louvor ao teu encanto,

Lamento o pranto e as vidas dilaceradas,

Que em meio à beleza, sofrem e fenecem.


Alexandre Inácio

Sebastião

 











Elegia





ELEGIA


Nas sombras densas da noite fria,

Questiono minha alma, exausta e ferida.

Candidato a deputado, um sonho incerto,

Um caminho turvo, um fado deserto.


Ecoam dúvidas em meu pensamento,

Serei capaz de cumprir o intento?

Promessas vazias, palavras ao vento,

Ou conquistas nobres, de puro alento?


Vejo o povo, com olhar cansado,

Esperam mudança, um novo legado.

Mas sinto-me frágil, um ser indeciso,

Navegando em mares de turvo aviso.


Ah, mas há também um amor perdido,

Que em meu peito jaz, desiludido.

Um coração que pulsa em vão,

Um amor que é sombra, mera ilusão.


Se não posso amar, como governar?

Se não posso ter, como liderar?

Em cada esquina, uma escolha fatal,

Entre o amor e o ideal.


Oh, deuses do destino, guiem-me, por favor,

Mostrem-me o caminho, aliviem minha dor.

Serei eu um líder, ou apenas um amante,

Nessa vida incerta, um simples errante?


Que me reste a fé, a coragem e a paixão,

Seja no amor, ou na política, a minha missão.

E que a dúvida se desfaça, como névoa ao sol,

Encontre eu meu norte, num destino maior.


Alexandre Inácio

Fábula

 

Pintura, MRodas


Era uma vez, em uma floresta mágica, três criaturas cujos destinos estavam destinados a se entrelaçar: um gato preto sonhador chamado Felix, um escorpião malévolo chamado Sombra, e uma pobre e inocente rã chamada Lili.


**Felix, o Gato Preto:**

Felix era conhecido em toda a floresta por sua astúcia e esperteza. Ele acreditava que poderia enganar qualquer um e gostava de usar sua inteligência para pregar peças nos outros animais. Sempre sonhando com grandes aventuras e conquistas, Felix estava convencido de que seu intelecto o tornaria o rei da floresta.


**Sombra, o Escorpião:**

Sombra era ainda mais ardiloso e perigoso que Felix. Ele tinha uma reputação temível e muitos animais o evitavam. Sua natureza malévola o tornava uma criatura solitária, sempre à espreita de uma oportunidade para causar danos e manipular aqueles ao seu redor.


**Lili, a Rã:**

Lili era uma rã pequena e inocente que vivia próxima ao lago. Sua bondade e simplicidade faziam dela uma amiga querida entre os animais mais gentis da floresta. Ela não tinha noção das intenções sombrias de Felix ou Sombra e vivia sua vida em paz, pulando de folha em folha e cantando nas noites estreladas.


**O Encontro:**

Certo dia, Felix teve uma ideia brilhante para enganar a pobre Lili. Ele sabia que ela frequentemente cruzava o rio para encontrar seus amigos do outro lado e pensou que poderia usar essa situação para sua vantagem. Com seu plano em mente, Felix se dirigiu ao rio e encontrou Lili.


"Lili, querida amiga," disse Felix, "eu sei que você precisa cruzar o rio, mas as águas estão perigosas hoje. Por que não me deixa carregá-la nas minhas costas? Eu sou um excelente nadador e posso garantir sua segurança."


Lili, confiando na aparente bondade de Felix, aceitou sua oferta. No entanto, Sombra, que estava escondido nas sombras próximas, ouviu a conversa e viu uma oportunidade para causar mais mal.


"Ora, ora," sibilou Sombra, saindo de seu esconderijo. "Eu também preciso atravessar o rio, Felix. Posso me juntar a vocês? Prometo que não causarei nenhum problema."


Felix, vendo uma chance de usar Sombra em seu plano, concordou relutantemente. Ele planejava usar a reputação do escorpião para manter Lili com medo e sob controle.


**A Travessia:**

Com Lili nas costas e Sombra seguindo de perto, Felix começou a nadar pelo rio. Tudo parecia estar indo conforme o plano, até que chegaram ao meio do rio, onde a correnteza era mais forte.


De repente, Felix sentiu uma dor aguda em suas costas. Sombra, em sua maldade, o picara.


"Por que fez isso?" gritou Felix, sentindo o veneno começar a fazer efeito. "Agora todos nós estamos em perigo!"


Sombra riu sinistramente. "Eu sou um escorpião, Felix. É da minha natureza ser traiçoeiro. E você, com toda sua esperteza, deveria ter previsto isso."


Lili, ouvindo a conversa e percebendo o perigo, rapidamente saltou das costas de Felix e nadou com todas as suas forças para a margem do rio. Chegando em segurança, ela observou enquanto Felix e Sombra, incapazes de manter-se à tona, foram levados pela correnteza.


**A Lição:**

Lili, assustada mas a salvo, compreendeu a verdadeira lição daquele dia. Ela entendeu que nem todos os que se aproximam com sorrisos têm boas intenções, e que a verdadeira esperteza está em reconhecer e evitar a maldade.


E assim, a floresta foi lembrada de que a astúcia e a maldade podem levar à ruína, mas a inocência e a sabedoria, combinadas, são as verdadeiras forças que garantem a sobrevivência e a paz.


Alexandre Inácio

Conto (Bida)

 




Era uma vez, em uma pitoresca vila à beira-mar, onde as ondas beijavam suavemente a areia dourada, vivia uma mulher chamada Bida. Seu nome, derivado de "vida", era um reflexo perfeito de sua essência vibrante e criativa. Bida era uma pintora talentosa, conhecida por suas obras que traziam à tona cores nunca antes vistas, como se seu pincel capturasse a própria alma do universo.


Na mesma vila, viviam dois homens de almas poéticas e espíritos ardentes: um Poeta e um Pregador. Ambos se apaixonaram por Bida ao primeiro olhar, cada um encantado por um aspecto diferente de sua beleza e arte.


**O Poeta:**

Artemis, o Poeta, vivia em uma casa simples, rodeada por um jardim selvagem que refletia sua própria mente criativa e desordenada. Ele escrevia versos sobre o mar, o céu e o amor, mas nunca havia encontrado uma musa tão inspiradora quanto Bida. Sua paixão por ela se manifestava em palavras doces e sonhadoras, que ele deixava em pequenos bilhetes no seu ateliê, esperando que um dia ela os lesse e compreendesse a profundidade de seus sentimentos.


**O Pregador:**

Mateus, o Pregador, era um homem de fé e devoção. Sua voz poderosa ressoava nas manhãs de domingo, enchendo a pequena igreja da vila com mensagens de esperança e amor divino. Quando viu Bida pela primeira vez, enquanto ela pintava à beira-mar, sentiu que Deus o havia abençoado com a visão de uma verdadeira obra-prima. Acreditando que sua missão era conquistar seu coração, Mateus começou a frequentar o ateliê de Bida, oferecendo ajuda e falando sobre a beleza do mundo e da espiritualidade.


**Bida:**

Bida era uma alma livre, tão selvagem quanto o mar que pintava. Ela apreciava a companhia de ambos os homens, encontrando em cada um algo que a atraía. Nas palavras de Artemis, ela encontrava uma sensibilidade que fazia seu coração vibrar com a melodia da poesia. Na presença de Mateus, sentia-se protegida e inspirada por sua força e devoção.


**O Conflito:**

Artemis e Mateus, apesar de suas diferenças, respeitavam um ao outro, mas a competição pelo amor de Bida começou a causar tensões entre eles. Cada um tentava ganhar o coração dela de maneira única, sem perceber que, na verdade, a batalha não estava entre eles, mas dentro de Bida.


**A Decisão:**

Certa noite, enquanto a lua lançava um brilho prateado sobre o mar, Bida convidou ambos para uma caminhada pela praia. Eles caminhavam em silêncio, ouvindo o som das ondas e sentindo a brisa suave. Finalmente, Bida parou e olhou para os dois homens, seus olhos brilhando com uma sabedoria que ambos não haviam visto antes.


"Vocês dois são muito especiais para mim," ela começou, "e cada um de vocês trouxe algo valioso para minha vida. Artemis, sua poesia me faz sentir viva, e Mateus, sua fé me dá força. Mas eu percebi algo importante: não posso escolher entre vocês, pois a verdadeira beleza está em viver plenamente, abraçando todas as cores e possibilidades da vida."


Artemis e Mateus entenderam então que o amor de Bida não poderia ser possuído ou dividido. Era uma força pura e selvagem, como sua arte, algo que não podia ser contido por uma única pessoa. Eles se abraçaram, aceitando que o amor verdadeiro é generoso e expansivo, não restrito por escolhas binárias.


**O Fim:**

Bida continuou a pintar, suas obras ainda mais belas e profundas, refletindo a complexidade e a riqueza de seus sentimentos. Artemis escreveu um poema intitulado "Cores do Amor", e Mateus pregou sobre a importância de amar sem posse, de abraçar a diversidade do espírito humano. E assim, a pequena vila à beira-mar foi abençoada com a harmonia de um amor que transcendeu a competição, tornando-se uma verdadeira obra-prima da vida.


Alexandre Inácio

Apenas um!

 



No início dos tempos, quando os dias eram longos e as noites cheias de estrelas, quatro figuras começaram suas jornadas, sem saber que seus caminhos estavam entrelaçados pelo destino.


**O Pregador:**

Na vastidão do deserto, o Pregador ergueu sua voz ao vento, proclamando palavras de sabedoria e fé. Ele viajava de aldeia em aldeia, iluminando as mentes com sua pregação. Suas palavras eram sementes, germinando esperança e coragem nos corações dos que o ouviam. Ele acreditava que sua missão divina era levar a luz aos cantos mais escuros do mundo, espalhando a palavra de amor e redenção.


**O Motociclista:**

Rasgando as estradas empoeiradas, o Motociclista sentia a liberdade em cada curva e reta. Sua motocicleta era uma extensão de sua alma, um companheiro fiel nas aventuras sem destino. Ele cruzava montanhas, vales e cidades, deixando um rastro de liberdade por onde passava. Em cada parada, ele ouvia histórias e contava as suas, tecendo uma tapeçaria de vivências e aprendizados que o moldavam a cada quilômetro.


**O Pintor:**

Com suas mãos manchadas de tinta, o Pintor capturava a essência da vida em suas telas. Em seu ateliê, as cores dançavam sob seu comando, transformando-se em paisagens, rostos e emoções. Cada pincelada era uma expressão de sua alma, uma janela para mundos interiores. Ele via beleza em cada detalhe, em cada sombra e luz, e acreditava que sua arte poderia tocar as profundezas do espírito humano.


**O Poeta:**

Sob a luz das estrelas ou à sombra de uma árvore, o Poeta tecia versos que capturavam a essência da existência. Suas palavras eram melodias que ecoavam sentimentos profundos, transformando o ordinário em extraordinário. Ele caminhava pelos campos, pelas ruas das cidades, anotando em seu caderno as palavras que surgiam como borboletas no ar. Seus poemas eram um reflexo de sua jornada interior, de suas dores e alegrias, de seu amor pela vida.


**A Revelação:**

Em um encontro mágico, os quatro personagens se encontraram em um lugar misterioso, onde as realidades se entrelaçavam. Conversaram sobre suas aventuras, suas missões, e as lições que haviam aprendido. Foi então que perceberam algo extraordinário: suas histórias tinham mais em comum do que imaginavam. As palavras do Pregador ressoavam nos versos do Poeta. As estradas do Motociclista eram as mesmas paisagens pintadas pelo Pintor. Cada um deles buscava a mesma verdade, a mesma luz.


No momento da revelação, compreenderam que eram facetas de uma única alma, uma essência multifacetada que se expressava de diferentes maneiras. O Pregador, o Motociclista, o Pintor e o Poeta eram um só ser, vivendo a epopeia da vida através de distintas máscaras.


**A Conclusão:**

Na última linha do poema, na última pincelada do quadro, na última curva da estrada e na última palavra da pregação, a verdade se revelou: somos todos um. As diferentes jornadas são reflexos de uma mesma busca, uma mesma aventura interior. E, ao final, o Pregador, o Motociclista, o Pintor e o Poeta entenderam que a verdadeira jornada é a descoberta de si mesmo, na união de todas as partes do ser.


Alexandre Inácio

quarta-feira, 29 de maio de 2024

Flores

 


Pintura MRodas


Eram flores

Mas não eram flores

Eram cores

Eram sabores

Favores

Quem sabe? 




Flores em fundo azul,
Bolinhas no ar a flutuar,
Pinceladas de sonhos ao léu,
Uma dança de cores a brilhar.

Pétalas de um jardim pintado,
Em um quadro de eterna beleza,
Cada flor um suspiro encantado,
Cada ponto um toque de pureza.

Azul como céu sem fim,
Bolinhas como estrelas no chão,
Flores que se abrem em mim,
Nessa tela, vida e emoção.

Arte que fala em silêncio,
Histórias de amor e de cor,
Flores e bolinhas em lenço,
Quadro que é alma do pintor.


 Alexandre Inácio
 


segunda-feira, 27 de maio de 2024

Écloga III

 



**Écloga: O Porteiro e o Senhorio**


**Senhorio:**

Porteiro, meu bom, o que fazes o dia inteiro?

Vejo-te sempre sentado, de olhar ausente,

Por que não trabalhas com mais esmero,

Em vez de parecer tão indolente?


**Porteiro:**

Senhorio, respeitado dono deste prédio,

Não julgue minha labuta sem ver,

Cada minuto que passo em intermédio,

Resolvo problemas que não podes saber.


**Senhorio:**

Mas vejo poeira acumulada no chão,

E as janelas que brilham menos que antes,

Não será falta de tua dedicação,

Que traz a desordem, em instantes?


**Porteiro:**

A poeira, senhorio, é constante batalha,

Mas cada manhã, eu luto contra o pó.

As janelas, limpá-las, é nossa medalha,

Mas não vês o trabalho que faço só.


**Senhorio:**

És pago para zelar por este lugar,

Mas parece que foges do teu dever.

Será que não queres mais te esforçar,

Ou falta-te vontade de bem fazer?


**Porteiro:**

Pago sou, senhorio, mas justo seria,

Receber pela carga que é minha lida.

Enquanto te enches de ouro e alegria,

Eu cuido de tudo para tua vida.


**Senhorio:**

Não desmereço teu papel, porteiro atento,

Mas espera-se zelo em cada função.

Talvez falte entre nós um entendimento,

De quanta labuta tens em tua mão.


**Porteiro:**

Senhorio, eu sei que tens grande fortuna,

E pouco te importas com meu labor.

Mas sem meu trabalho, a vida desuna,

E teu prédio caia em desamor.


**Senhorio:**

Reconheço, porteiro, a tua argumentação,

E vejo que ambos temos que aprender.

Talvez possamos achar uma solução,

Para nosso respeito, de novo, crescer.


**Porteiro:**

Se juntos pudermos melhor dialogar,

E entender as lutas que cada um traz,

Teremos um prédio em perfeito lugar,

E um ambiente de paz, que satisfaz.


**Narrador:**

Assim, o porteiro e o senhorio chegaram,

A um acordo de respeito e de parceria.

E juntos, um ao outro ajudaram,

A tornar a vida no prédio uma harmonia.


---


Esta écloga explora o conflito e a reconciliação entre um porteiro e um senhorio, destacando a importância do respeito e do entendimento mútuo no ambiente de trabalho e na convivência diária.

Alexandre Inácio

Écloga II

 



**Écloga: A Formiga e a Cigarra em Dueto**


**Formiga:**

Cigarra amiga, vem cá, escuta meu cantar,

Juntas podemos a floresta alegrar.

Com teu talento e minha melodia,

Transformaremos o dia em poesia.


**Cigarra:**

Formiga sábia, teu convite é uma dádiva,

Unir nossa voz em uma única ária.

Cantar por entre as folhas e o vento,

Fazendo de cada dia um evento.


**Formiga:**

Nosso dueto será de pura harmonia,

Ecoando nas matas com doce sinfonia.

Vamos espalhar alegria e contentamento,

Com nossas canções em cada momento.


**Cigarra:**

Então, vamos agora afinar nosso canto,

E iniciar na floresta nosso encanto.

Do amanhecer ao crepúsculo suave,

Levaremos música de modo inefável.


**Narrador:**

E assim, a formiga e a cigarra se uniram,

Criando um dueto que a todos cativou.

Nos troncos e ramos suas vozes ressoaram,

E a floresta inteira em júbilo dançou.


**Formiga:**

Ouçam, irmãos, nossa canção é para todos,

Para as aves, os rios, e os animais.

Celebramos a vida em seus vários modos,

Com notas e versos, sentimentos reais.


**Cigarra:**

Cantemos juntos, amigos da floresta,

Venham, juntem-se a nós nesta festa.

Nossa música é de amor e união,

Para trazer paz a cada coração.


**Narrador:**

A floresta inteira se encheu de alegria,

Com o dueto da formiga e da cigarra.

E assim, viveram em eterna harmonia,

Com música e amizade, a vida se agarra.


---


Esta écloga retrata a união da formiga e da cigarra em um dueto musical que transforma a vida na floresta, promovendo a alegria e a harmonia entre todos os seus habitantes.

Alexandre Inácio

Écloga I

 



A Écloga é um tipo de poema pastoril, geralmente dialogado, que apresenta temas bucólicos e frequentemente envolve personagens do campo. Vou criar uma breve écloga fictícia que trate do infortúnio de um burro que, ao dar a última palha a uma zebra, foi enganado com cerveja.


**Écloga sobre o infortúnio do burro e a zebra**


**Burro:**

Oh zebra, amiga, toma esta palha fina,

É a última que tenho, mas não hesito,

Dividir contigo, minha querida vizinha,

Para aliviar teu fome e teu espírito.


**Zebra:**

Obrigada, burro, por tua generosidade,

Aceito a palha com grande gratidão,

Em troca, trago-te uma rara raridade,

Uma bebida que alegra o coração.


**Burro:**

Oh, que maravilha, uma cerveja gelada!

Neste calor, será um grande alento.

Mas sinto-me agora um tanto enganado,

Pois esperava algo mais, num momento.


**Zebra:**

Ora, burro, não sejas tão rigoroso,

A vida é feita de pequenas surpresas.

A cerveja traz alegria e repouso,

E às vezes, de boas, nascem as belezas.


**Burro:**

Mas, zebra, meu estômago vazio reclama,

A palha era meu único sustento.

E agora a cerveja, sem nenhum drama,

Traz-me mais sede e descontentamento.


**Zebra:**

Oh, burro, sinto pela confusão,

Não quis causar-te tal infortúnio.

Prometo na próxima estação,

Trazer feno em vez de colóquio.


**Burro:**

Espero, zebra, que cumpras tua promessa,

Pois da próxima vez serei mais esperto.

Não deixarei que minha fome professa,

Seja trocada por um trago incerto.


**Narrador:**

E assim, a zebra e o burro aprenderam,

Que em tempos de fome, é preciso prudência.

Pois até os gestos que amizade encerram,

Podem levar à inesperada experiência.


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Esta écloga reflete uma lição sobre generosidade, confiança e as consequências de nossas escolhas, misturando elementos pastorais com uma moral sutil.

Alexandre Inácio

Xarazade

 



**Xarazade, Meu Amor**


No coração das dunas ardentes, sob o sol do Oriente,

Nasce a saga de Xarazade, bela e valente,

Sua voz tece contos de bravura e dor,

Num épico canto, ressoa o amor.


Nos confins do deserto, um reino resplandece,

Onde Xarazade reina, e a lenda acontece.

Seu olhar é um farol nas noites sem fim,

Guiando almas perdidas com histórias assim.


Nas tendas de seda, sob estrelas a brilhar,

Xarazade canta para o vento e o mar.

Seus lábios desenham mil e uma noites,

Desvendando mistérios em suaves açoites.


Seu amor é um fogo que arde sem cessar,

Um lume eterno, impossível de apagar.

Xarazade, ó musa, de beleza infinda,

Em teus braços, o tempo jamais finda.


Desafiando tiranos e desígnios cruéis,

Ela encanta a todos com seus contos fiéis.

Cada palavra é uma flecha no coração,

Cada história, um antídoto para a solidão.


Com coragem e graça, ela enfrenta o destino,

Seu amor é mais vasto que o deserto divino.

E nas páginas de areia, seu nome se inscreve,

Xarazade, meu amor, teu legado se escreve.


Em cada suspiro, um conto é revelado,

E na noite eterna, seu canto é sagrado.

Xarazade, meu amor, teu épico perdura,

Na vastidão das dunas, tua história é pura.


Teus contos são vida, são sonho e verdade,

Na imensidão do tempo, são eternidade.

Xarazade, meu amor, para sempre serás,

A rainha dos contos, a musa da paz.


No silêncio da noite, tua voz ecoará,

Xarazade, meu amor, teu nome viverá.

No coração do deserto, no murmúrio do vento,

Teu épico é eterno, teu amor, o firmamento.


Alexandre Inácio

sábado, 18 de maio de 2024

Poesia no Mercado Oeiras

 

EAh, como gosto deste grupo

Estar no meio da minha gente

Ouvir cantar o que sente

Proclamar a poesia

Como a verdade derradeira e final

Um sentir especial

Uma emoção de perfume e tempestade

Uma dança nua de gestos e pão 

Simples como as veias da mão

Será mar ou maresia

Será fantasia

É um calor quente de emoção

É um abraço de união.


Por isso

Como me faz bem vir a este grupo

Estar no meio da minha gente

Ouvir cantar o que sente!

A guerra

 


 A guerra é a soma de várias vontades

 Um acordo para morrer e para matar

Começado os vis combates

Ninguém sabe quando vai acabar


Luta se por um modo de vida

De que não se vai usufruir

Luta se por uma cega mentira

À espera da paz que há de vir


Ficam os corpos em sangue na lama

Ficam as matrias de luto em menopausa

Aqui não há lugar para nenhuma fama

Apenas a consequência e a sua  causa


Ó povo, ó povos  da  terra inteira

Berrai alto aos senhores da guerra

Parai a morte, parai essa cegueira

Queremos viver em paz na terra



segunda-feira, 13 de maio de 2024

Se soubesses

 




Se soubesses 

O que é adormecer amarrado à obscuridade da angústia, uma mancha ocre da pélvis à garganta 

Que

Me arremessa contra paredes duras frias e mudas

As pernas suportam esta dureza 

Que

Me puxa mais paranoico para a ansiedade mórbida, onde o terror sou eu

Porque

Julga 

Que eu desconheço a negrura ácida deste tempo e deste espaço

Não é a revisitação que me atormenta

Mas sim

Saber me incapaz de sair dela!

O muro está sempre lá

Seja na pintura

Na fotografia

Na poesia

Na ciência

Ou na religião

O muro sou eu, com breves aberturas para acicatar mais o desejo e a impossibilidade de sair 

Daqui

Desta angústia que não é raiva

Angústia que não é viver

Angústia 

Que

É um escorrega para a morte! 

Tudo enquanto durmo!

Porque ao acordar

Deixo o muro para trás e procuro as fendas onde minha alma voa 

solene breve liberta até ao próximo sonho acordado.

Pedras soltas e espinhos sem esperança no caminho

Chuva chuva e frio na palma da alma

Que

Arde num crepitar de tristeza e volúpia 

Vento gelado a cortar todo corpo que resta

A mente dispersa à toa a vaguear pelos infinitos dormentes

A desfazer se no córrego para o esgoto.


Manuel Rodas


A pintura

 

A minha pintura continua, com avanços e recuos! 

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