Se soubesses
O que é adormecer amarrado à obscuridade da angústia, uma mancha ocre da pélvis à garganta
Que
Me arremessa contra paredes duras frias e mudas
As pernas suportam esta dureza
Que
Me puxa mais paranoico para a ansiedade mórbida, onde o terror sou eu
Porque
Julga
Que eu desconheço a negrura ácida deste tempo e deste espaço
Não é a revisitação que me atormenta
Mas sim
Saber me incapaz de sair dela!
O muro está sempre lá
Seja na pintura
Na fotografia
Na poesia
Na ciência
Ou na religião
O muro sou eu, com breves aberturas para acicatar mais o desejo e a impossibilidade de sair
Daqui
Desta angústia que não é raiva
Angústia que não é viver
Angústia
Que
É um escorrega para a morte!
Tudo enquanto durmo!
Porque ao acordar
Deixo o muro para trás e procuro as fendas onde minha alma voa
solene breve liberta até ao próximo sonho acordado.
Pedras soltas e espinhos sem esperança no caminho
Chuva chuva e frio na palma da alma
Que
Arde num crepitar de tristeza e volúpia
Vento gelado a cortar todo corpo que resta
A mente dispersa à toa a vaguear pelos infinitos dormentes
A desfazer se no córrego para o esgoto.
Manuel Rodas
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