quinta-feira, 30 de maio de 2024

Conto (Bida)

 




Era uma vez, em uma pitoresca vila à beira-mar, onde as ondas beijavam suavemente a areia dourada, vivia uma mulher chamada Bida. Seu nome, derivado de "vida", era um reflexo perfeito de sua essência vibrante e criativa. Bida era uma pintora talentosa, conhecida por suas obras que traziam à tona cores nunca antes vistas, como se seu pincel capturasse a própria alma do universo.


Na mesma vila, viviam dois homens de almas poéticas e espíritos ardentes: um Poeta e um Pregador. Ambos se apaixonaram por Bida ao primeiro olhar, cada um encantado por um aspecto diferente de sua beleza e arte.


**O Poeta:**

Artemis, o Poeta, vivia em uma casa simples, rodeada por um jardim selvagem que refletia sua própria mente criativa e desordenada. Ele escrevia versos sobre o mar, o céu e o amor, mas nunca havia encontrado uma musa tão inspiradora quanto Bida. Sua paixão por ela se manifestava em palavras doces e sonhadoras, que ele deixava em pequenos bilhetes no seu ateliê, esperando que um dia ela os lesse e compreendesse a profundidade de seus sentimentos.


**O Pregador:**

Mateus, o Pregador, era um homem de fé e devoção. Sua voz poderosa ressoava nas manhãs de domingo, enchendo a pequena igreja da vila com mensagens de esperança e amor divino. Quando viu Bida pela primeira vez, enquanto ela pintava à beira-mar, sentiu que Deus o havia abençoado com a visão de uma verdadeira obra-prima. Acreditando que sua missão era conquistar seu coração, Mateus começou a frequentar o ateliê de Bida, oferecendo ajuda e falando sobre a beleza do mundo e da espiritualidade.


**Bida:**

Bida era uma alma livre, tão selvagem quanto o mar que pintava. Ela apreciava a companhia de ambos os homens, encontrando em cada um algo que a atraía. Nas palavras de Artemis, ela encontrava uma sensibilidade que fazia seu coração vibrar com a melodia da poesia. Na presença de Mateus, sentia-se protegida e inspirada por sua força e devoção.


**O Conflito:**

Artemis e Mateus, apesar de suas diferenças, respeitavam um ao outro, mas a competição pelo amor de Bida começou a causar tensões entre eles. Cada um tentava ganhar o coração dela de maneira única, sem perceber que, na verdade, a batalha não estava entre eles, mas dentro de Bida.


**A Decisão:**

Certa noite, enquanto a lua lançava um brilho prateado sobre o mar, Bida convidou ambos para uma caminhada pela praia. Eles caminhavam em silêncio, ouvindo o som das ondas e sentindo a brisa suave. Finalmente, Bida parou e olhou para os dois homens, seus olhos brilhando com uma sabedoria que ambos não haviam visto antes.


"Vocês dois são muito especiais para mim," ela começou, "e cada um de vocês trouxe algo valioso para minha vida. Artemis, sua poesia me faz sentir viva, e Mateus, sua fé me dá força. Mas eu percebi algo importante: não posso escolher entre vocês, pois a verdadeira beleza está em viver plenamente, abraçando todas as cores e possibilidades da vida."


Artemis e Mateus entenderam então que o amor de Bida não poderia ser possuído ou dividido. Era uma força pura e selvagem, como sua arte, algo que não podia ser contido por uma única pessoa. Eles se abraçaram, aceitando que o amor verdadeiro é generoso e expansivo, não restrito por escolhas binárias.


**O Fim:**

Bida continuou a pintar, suas obras ainda mais belas e profundas, refletindo a complexidade e a riqueza de seus sentimentos. Artemis escreveu um poema intitulado "Cores do Amor", e Mateus pregou sobre a importância de amar sem posse, de abraçar a diversidade do espírito humano. E assim, a pequena vila à beira-mar foi abençoada com a harmonia de um amor que transcendeu a competição, tornando-se uma verdadeira obra-prima da vida.


Alexandre Inácio

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