quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Visível e invisível

 Todo o visível nasce do invisível, tudo que existe ...persiste!




No éter do segredo, o mundo floresce, Do invisível surge o que à vista esmorece. O vento sussurra mistérios no ar, E o visível nasce desse oculto lugar.

No reino do invisível, sonhos se tecem, Realidades em véus de mistério aparecem. O tempo desenha um sonho silencioso, E o visível persiste, inabalável e grandioso.

O cosmos dança em constante harmonia, Do invisível ao visível, a vida se anuncia. Estrelas cintilam em sua dança cósmica, Enquanto o invisível tece a mais bela crónica.

Persiste a essência do que não se vê, Alicerçando o mundo que a mente concebe. Do invisível emerge a força da existência, E o visível é a manifestação dessa essência.

Assim, no ciclo eterno da constante criação O visível e invisível entrelaçam-se em união. Da semente invisível ao fruto que se revela, Toda a pureza da vida persiste, núa e bela!

O Papa Francisco!

 O Papa a festejar. 

Podia ser qualquer acontecimento, mas gostaria imaginar que está a festejar a bitória do Benfica, na conquista da Taça de Futebol! 



quarta-feira, 9 de agosto de 2023

"Caminhos da Vida: Entre a Inércia e a Audácia"

 


Há os que nem ousam parar e os que nem ousam ousar!

Entre os dois, há muito caminho para andar!

MR


I


Na jornada da vida, distintos se mostram,

Uns não cessam passos, em busca de mais,

Outros, de temores, seus passos repousam,

Sem ousar desafios, permanecem em paz.


Entre esses extremos, um vasto trajeto,

Caminhos se cruzam, se entrelaçam no ar,

Há quem alce voos, com ânimo repleto,

Enfrentando o mundo, sem nada temer.


Há também os tímidos, que hesitam em tentar,

Com medos profundos, que os fazem recuar,

Porém, no meio dessa jornada a se formar,


Há a sorte de crescer, de superar o temor,

Encontrando equilíbrio, um passo de cada vez,

Na dança entre avançar e pausar, há o melhor sabor.


II


No limiar da jornada incerta a trilhar,

Uns avançam sem pausa, sem cessar,

Outros, hesitantes, temem arriscar,

Na encruzilhada onde a vida a pulsar.


Os destemidos buscam voos ao vento,

Desbravam horizontes em movimento,

Sem medo da incerteza, vão além,

Conquistam sonhos no amanhecer.


Enquanto os cautelosos, quietos, estão,

Na inércia, a vida passa, em vão,

Perdem-se oportunidades no caminhar.


Na senda da existência, escolher é arte,

Entre os que param e os que se apartam,

A vida se tece, um eterno recomeçar.



TEXTO DRAMÁTICO 

Título: "Caminhos da Vida: Entre a Inércia e a Audácia"


Cenário: Uma cafeteria aconchegante, onde quatro amigos se reúnem para um encontro.


Personagens:


Eunice

Carlos

Odete

Ana

(Ato I - Encontro na Cafeteria)


(Eunice, Carlos, Odete e Ana estão sentados ao redor de uma mesa, conversando animadamente.)


Eunice: (Suspirando) Vocês já repararam como as pessoas são diferentes? Tem os que não param um minuto e aqueles que preferem não arriscar nada.


Carlos: (Rindo) Verdade, Eunice! Alguns parecem estar sempre na correria, enquanto outros preferem uma vida mais tranquila.


Odete: (Sorri) É interessante como cada um de nós trilha seu próprio caminho. Uns mergulham de cabeça, outros preferem analisar cada passo.


Ana: (Refletindo) Entre esses extremos, há um vasto terreno de oportunidades. Cada escolha nos leva a um novo aprendizado.


(Ato II - Revelações Pessoais)


(Os amigos começam a compartilhar suas perspectivas e histórias de vida.)


Carlos: (Empolgado) Eu sou um daqueles que não consegue ficar parado. Sempre busco novos desafios, novas metas. A vida é curta, e quero aproveitar cada segundo!


Eunice: (Pensativa) Eu costumava ser assim, mas com o tempo aprendi a valorizar os momentos de tranquilidade. Aprendi a parar e a apreciar as pequenas coisas da vida.


Odete: (Com um sorriso gentil) Eu sou mais do time da cautela. Gosto de avaliar as situações com calma antes de tomar uma decisão. Às vezes, a pressa pode levar a erros.


Ana: (Serena) Eu acredito que a chave está no equilíbrio. A vida nos oferece oportunidades para avançar e momentos para refletir. É como uma dança constante.


(Ato III - Lições da Amizade)


(Os quatro amigos continuam a conversa, compartilhando ideias e experiências.)


Carlos: (Refletindo) Escutar as histórias de vocês me fez perceber que é importante encontrar um ritmo que funcione para cada um. Não existe uma fórmula única.


Eunice: (Concordando) Cada pessoa tem suas próprias prioridades e sonhos. O importante é ser autêntico e fiel a si mesmo.


Odete: (Olhando para todos) A vida é um equilíbrio delicado entre avançar e refletir. Aprendemos a cada passo, seja ele ousado ou cuidadoso.


Ana: (Sorrindo) E nessa jornada, nos apoiamos uns aos outros. Celebramos nossas diferenças e enriquecemos nossa visão de mundo.


(Ato IV - A Jornada Continua)


(Os amigos terminam a conversa com um brinde e um sentimento de conexão.)


Carlos: (Levantando a xícara) À nossa amizade e aos caminhos que escolhemos seguir!


Eunice: (Erguendo a xícara) Que possamos respeitar nossas escolhas e nos inspirar uns aos outros.


Odete: (Com um sorriso) Que nossa jornada continue sendo repleta de aprendizado e descobertas.


Ana: (Levantando a xícara) E que a vida nos surpreenda, independentemente de seguirmos em frente ou pararmos para contemplar.


(Fim)


Nota do autor: Esta peça teatral explora as diferentes abordagens da vida e as escolhas entre a inércia e a audácia. Cada personagem representa uma perspectiva única, destacando a importância do respeito mútuo e da celebração das diversas formas de viver a vida


terça-feira, 8 de agosto de 2023

Encantados

 


Encantados são seres presos por elos invisíveis, Obrigados por forças ocultas a viver em destinos incríveis, Em certo estado e sítio, como sonhos suspensos, Entorpecidos, adormecidos, em planos imensos.

Um feitiço, um véu que os envolve com mistério, Atados às voltas do tempo, num laço sério, A magia que tece teias, inquebrantáveis fios, Até que uma circunstância os liberte dos desafios.

Às vezes é um toque de amor, um gesto singelo, Uma chave oculta que desvenda o apelo, Outras vezes, o destino traçado em fios de fumo, Quebrando amarras, percorrendo novo rumo.

Mas se são humanos os encantados, oh que dilema, Pois a vida é como um conto, uma fábula suprema, Cada ação, um feitiço, cada escolha um encanto, E só com coragem e luta se quebra o manto.

Assim, os encantados, entre sonho e realidade, Ensinam que a vida é tecida com sutileza e verdade, Quebrar os feitiços exige coragem e coração, Para despertar o ser interior e romper a ilusão.

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Enchada

Na terra árida e dura, a enchada canta, Erguendo sulcos profundos na lida exaustiva, O suor se mistura com a terra, que planta, E o trabalhador, valente, persegue sua cativa.

Nervuras cansadas das mãos que laboram, Afagar do cabo rude, com calos marcados, Lutando com bravura, que a vida não ignora, Para ver brotar da terra frutos abençoados.

O sangue do esforço, derramado no arado, Nutre a terra mãe, que em seus braços o acolhe, Corpo exausto, persistente, jamais desalentado, Na esperança de recolher na vida, o que o tolhe.

Fome que aperta, que castiga e desafia, Mas a vontade é forte, e o sonho é maior, Plantando sementes de um futuro que almeja, O homem se ergue, em busca de um mundo melhor.

Liberdade é a meta, a utopia que almejamos, Enfrentando agruras, buscando justiça e igualdade, Nas lutas diárias, com fé e esperança, clamamos, Por dias melhores, onde reine a liberdade.

Que a enchada siga firme, o suor a regar a terra, Afagando a esperança, enraizando o amor, Nervuras de um povo que com bravura encerra, O sangue da luta, buscando um mundo melhor.




Acabou -se a poesia

 Sim, acabou-se a poesia. Pedi a Inteligência Artificial que reescrevesse o meu poema. E que aconteceu? Escreveu um lindo soneto! 

Bolas, acho que não vou escrever poesia tão cedo! O raio da máquina até ...pensa e cria!

Mas fiquei intrigado por não ter utilizado as palavras saudade e liberdade. Será esse o meu único espaço?



Carqueja de caules alados
primeira vontade de voar
flores erguidas ao céu
ensinando-me a sonhar!

Em nós a mesma seiva da terra
o mesmo cantar liberdade
Tu celebrando o verde e o sol
Eu a distancia a serra e a saudade!

Malga




Sobre ti, detive o olhar sedento, espraiado nas tuas doces e frias margens.

Era um rio de cor a tomar-me nos braços a prometer a passagem para o outro lado de mim. 

Esperei pelo suor para mergulhar a minha boca no teu corpo sinuoso e ágil,  persegui  as promessas que me fazias, de mosto e chocolate. De frutos silvestres e mel.

Foi a tua alma que bebi, e agora me incendeia e arrasta para que caminhe, caminhe...


Pedi à Inteligência Artificial uma crítica literária do texto, mas sem lhe dizer que se referia a uma malga. Vejam lá:


Sobre ti, detive o olhar sedento, espraiado nas tuas doces e frias margens" - O texto começa com uma metáfora visual e sensual, utilizando a imagem de um rio para expressar a fascinação do autor pelo objeto de seu desejo.

"Era um rio de cor a tomar-me nos braços a prometer a passagem para o outro lado de mim." - Essa frase mantém a metáfora do rio, sugerindo que a pessoa amada é como uma passagem para uma nova compreensão de si mesmo, uma experiência transformadora.

"Esperei pelo suor para mergulhar a minha boca no teu corpo sinuoso e ágil" - Aqui, o texto assume um tom mais erótico e sugestivo, com a imagem do autor desejando "mergulhar" no corpo da pessoa amada, usando a linguagem sensorial para criar uma atmosfera intensa.

"Persegui as promessas que me fazias, de mosto e chocolate. De frutos silvestres e mel." - Essa parte do texto evoca a ideia de um amor doce e abundante, representado pelas promessas de "mosto e chocolate" e pela imagem dos "frutos silvestres e mel", adicionando um toque de romantismo e indulgência.

"Foi a tua alma que bebi, e agora me incendeia e arrasta para que caminhe, caminhe..." - O clímax do texto mostra uma fusão entre o desejo físico e a conexão emocional, com o autor "bebendo" a alma da pessoa amada, o que o incendeia e o impulsiona a seguir em frente.

A linguagem poética utilizada no texto é rica em metáforas e imagens, criando uma atmosfera de desejo e paixão. O uso de elementos sensoriais, como a cor e o sabor, intensifica a experiência descrita. O texto parece explorar tanto o aspecto físico quanto o emocional do amor, destacando a importância da alma do amado na experiência pessoal e no processo de autoconhecimento. No entanto, cabe ressaltar que a abordagem erótica e intensa pode não ser adequada para todos os leitores e deve ser considerada com cautela em determinados contextos. Além disso, uma crítica literária mais completa levaria em consideração o contexto em que o texto foi escrito, a intenção do autor e outras características da obra em questão.




segunda-feira, 24 de julho de 2023

Iker

 O guarda-redes vê de longe a bola branca e os outros jogadores correm atrás dela.

Ele não. Ele espera, ele sabe que ela virá, perigosa, ameaçadora, rasteira ou ao canto superior. Ele terá de retesar os músculos e voar, sim, voará como àguia sobre a presa, de mãos bem afiadas a cravarem- se sobre o couro branco.

Sabe que se falhar, a multidão gritará: É golo, é golo, é golo!

Vai calar esse grito. Suspender o rubro da emoção. Por quanto tempo? 

Abraço final. Fim da jogada. Começa a imaginação.

Pé firme, corpo teso, apita o árbitro, a bola gira pelo ar.

Nova corrida, boa triangulação, grita o povo, é um vulcão: É golo, é golo, é golo, levanta-se o estádio, a gritar!

Sente a tristeza do colega, do outro lado. Mas levanta os braços e festeja! É a bola, que rebola, é a festa, é o golo! 

De volta a casa, o povo sonha, em silêncio, herói numa hora, apenas...











quarta-feira, 19 de julho de 2023

Pote

 

Eu nao vendia o pote.

Faria ricas sopas, cozidos, feijoadas, sei lá, o que me desse na gana!

Por exemplo, numa caldeirada, lavava tudo muito bem, punha a ferver e servia aos amigos, com estes ingredientes:

abstrusidade, alarma, aldrabice, alteração, alvoroço, amálgama, amalgamação, anarquia, assarapantamento, atabalhoamento, atarantação, atrapalhação, atropelamento, atropelo, auê, babel, badanal, bafafá, bagunça, baixaria, bamba, barafunda, baralha, baralhada, barulheira, barulho, bolo, borogodó, brenha, cafarnaum, cambulha, cambulhada, cancaburra, canvanza, caos, caravançarai, cegada, cegarrega, charivari, chinfrim, chirinola, choldraboldra, cocktail, complicação, confusão, cu-de-boi, debandada, dédalo, desarrumação, descompasso, desconcerto, desfeita, desmanho, desordem, desorganização, discórdia, embrolho, embrulhada, embrulho, encrenca, encrequilha, enguedelho, enovelamento, enredia, enredo, ensalsada, envolta, equívoco, escangalho, estricote, estrilho, farragem, feijoada, feira, felga, floresta, foguete, forrobodó, fula-fula, furdúncio, furdunço, fuzuê, garabulha, imbróglio, inferno, javardice, kanvuanza, labirinto, landoque, latomia, lelê, liorta, maka, marmelada, mastigada, matalotagem, mexedura, mexida, miscelânea, mistifório, misturada, mixórdia, muvuca, pastelada, pessegada, pipoco, polémica, pot-pourri, reboliço, rebuliço, rebúmbio, recacau, remexida, revolvimento, roldão, rolo, rondão, salada, salada russa, salgalhada, salsada, salseiro, sarapatel, saricoté, sarilho, sarrabulhada, sarrabulho, siricutico, sururu, timaca, tranquibérnia, trapalhada, trapalhice, trapizarga, tumulto, turvação, valverde, vasqueiro, vira-teimão, vuvu, zaragalhada, zaragata, zona, zorra.

Ficavam bem servidos, por uns tempos...

Depois, íamos de férias, curtir a caldeirada que vai por aí! Uns, a não quererem pagar impostos, os mesmos a porem o dinheiro fora do país, em paraísos fiscais, outros, a não investirem com capitais próprios, mais uns tantos a especularem, corruptos a verem e o Zé a arrotar de fome!

Sim, isto é que era uma boa caldeirada. Eu não vendia o pote! Ainda por cima não está furado! Há poucos assim!



 


Crítica literária da IA


Nessa sátira poética, você expressa sua indignação com a situação política e social ao redor. O poema faz uso de metáforas culinárias, onde o pote simboliza recursos e riquezas da nação. As "ricas sopas, cozidos, feijoadas" representam os recursos que poderiam ser utilizados para o benefício de todos.

No entanto, a ironia se manifesta quando o pote é usado para criar uma "caldeirada" com palavras que representam caos, confusão e desordem, denunciando o estado caótico e disfuncional do país. Os ingredientes dessa caldeirada satírica incluem termos como "corrupção", "imbróglio", "bafafá", "bagunça" e muitos outros.

A crítica se dirige a diferentes setores da sociedade, como aqueles que sonegam impostos, colocando dinheiro em paraísos fiscais, os que especulam e os corruptos que agem impunemente enquanto o povo sofre.

A ideia de não vender o pote e de não estar furado pode significar a resistência em deixar que os recursos sejam desperdiçados ou roubados por interesses egoístas. A sátira aponta para a necessidade de uma mudança na mentalidade e nas práticas políticas, em busca de uma sociedade mais justa e equilibrada.

A linguagem criativa e o tom satírico do poema ajudam a transmitir a mensagem de forma impactante e provocativa, convidando os leitores a refletirem sobre a realidade retratada.



Chocalhos



Chocalho, chocalho, quem te chocalhou?
Foi o burrinho que aqui passou.

Chocalho, chocalho, quem te chocalhou?
Foi a vaquinha que por aqui andou.

 Chocalho, chocalho, quem te chocalhou?
Foi a Senhora que aqui me mandou.

Chocalho, chocalho, quem te chocalhou?
Foi José   aqui parou.

Chocalho, chocalho, quem te chocalhou?
Foi o menino quando acordou!




 



sábado, 15 de julho de 2023

Liga-me


Liga-me!
Espero que me ligues
como quando brincávamos ào faz de conta.
Está lá? Está?
Estar ou não estar
o que importava era falar! 
Está? Está lá? 
Liga-me! 
Espero que me ligues.
Dá-me a tua mão,
aponta o número e gira o dedo.
Gira, gira sempre
e pergunta-me baixinho:
Estás aí? Estás?
Quero ouvir a tua voz
E atrás dela o teu olhar
O que importa é falar,
Está? Está lá?

Eu estou sempre aqui
à espera de te ouvir
Estás aí? Estás?




 

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Naufrago

 

Cheguei ao outro lado, porque parti na promessa de horizontes distantes.

Caminhava, nadava, mas a meta estava sempre longe.

Nunca desisti e a promissão nunca se realizou.

Até te encontrar, de braços abertos, na sombra da areia...







terça-feira, 27 de junho de 2023

Sobreviventes


Não nasceram para vir morrer no mediterrâneo, 

não cantaram a lua e o deserto, nem a fera ou o orvalho, para verem a Europa, ao longe, e depois morrerem afogados.

Tinham um sonho

igual ao dos poetas e artistas, trabalhadores ou cientistas.

Queriam saber se o mar tinha fronteira, se havia costa do outro lado.

Queriam uma vida e um mundo melhor.

Para isso, reuniram as posses das famílias e com avisos de cuidados

fizeram-se ao mar

e o mar não se fez neles.

Não foi o mar a matá-los, foi quem gerou a miséria,  quem escondeu a verdade e espalhou promessas de farturas inexistentes. 

Foram aqueles que golpearam a terra, sacaram os diamantes, roubaram as florestas, mataram e escravizaram.

 Sim, foram esses que agora os deixaram morrer na água do Mediterrâneo, 

e os deixam morrer em todas as águas,

 ou no deserto do México,

 ou nas guerras que matam em todo o lado!

Foram as pedras e as algas que desenharam o seu retrato, para não esquecermos,

Para nos lembrar  que somos nós que estamos a morrer, matando!








segunda-feira, 26 de junho de 2023

Desculpa

 As hastes colaram-se aos pés

Para que voássemos, irmão.

Apenas ficaram as tuas sombras a elevarem-se dentro de mim,

Assistindo aos naufrágios no Mediterrâneo!

Os senhores daqui

Querem que morras no absurdo mar azul.

Choramos a raiva do último olhar

Para que nada disto seja inútil!






sexta-feira, 23 de junho de 2023

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Cadeira de barbeiro

O peito, sôfrego da luz, arqueava para sentir o teu bocal de veludo quente.

Era um círculo ansioso sem som, uma ausência descolorida, lá no alto, onde as águias dormiam.

Depois do tempo ter assombrado a pele, acorri aos teus braços e ao teu colo, para que me ferisses e reabrisses as feridas mal saradas.

Corria o suor e sangue pelos cabelos hirtos, até aos pés brilhantes da tua luz.

Era um rapaz que morreu, antes de nascer. 

Por isso, parti...

E voltei a correr os caminhos do desterro.

Morreram os abutres, mas as pombas continuaram inquietas!




terça-feira, 13 de junho de 2023

Baú

 

Fui eu que guardei as tuas cartas, as que não enviaste, eternamente adiadas, mas que teimosamente me entregavas.

Foi com as tuas lágrimas soltas, que me confiaste a última que recebeste. Nunca soube porque choravas, limpei-te as lágrimas e guardei silêncio .

Fechei-me para sempre, e tu nunca mais me quiseste abrir! Até hoje! 

Que dia é hoje? De que ano? 



segunda-feira, 12 de junho de 2023

Pião

 Ainda não sabia andar, mas corria atrás de ti, primeiro ideia, desejo e, por fim, posse!

Alisei-te o corpo com os gestos mais doces e suaves, mimei-te as curvas, absorvi teus aromas verdes, a brotarem a seiva de teixo reluzente. 

Envolvi-te no meu doce e firme cordão, e com um gesto amoroso, lancei-te dentro de mim, num espaço entre a memória e a nostalgia da infância.

Foi a tua vez de rodopiares, acenderes estrelas nos meus olhos, 

          ... os remoinhos que fazias na palma da minha mão eram gemidos a pedir que te soltasse, te deixasse ir, e eu a prender-te, a segurar-te para não te magoares, o ferro a perfurar a pele e eu, teimosamente, a suster-te...

          ... caímos os dois, exaustos a olhar todas as estrelas que se acendiam no universo, a girarem como piões, que alguém lançava no espaço, como nós!



domingo, 11 de junho de 2023

Lousa

 

Desenhei em ti as minhas hesitações, carícias e arranhões. 

No teu corpo, soletrei a tua pele, em sílabas e letras malditas!

Limpei-te com as lágrimas e saliva que os cotovelos amaciavam suavemente nas tuas curvas imaginárias!

Frágil, frágil era a minha impaciência para te abraçar e contra mim te aconchegar. Ternamente esperavas sempre por mim, com róseas nas faces e o suor a semear-te esperanças na alma e na sacola.

Vamos lá: Era uma vez...





sexta-feira, 9 de junho de 2023

Censura!

 O Google quer censurar o meu blogue? 

Incrível! Será a IA a censurar a poesia lírica no seu estado mais ...lindo? 

Postem nos vossos blogues e páginas, por favor. Temos de mostrar a nossa indignação! Arre!