Não nasceram para vir morrer no mediterrâneo,
não cantaram a lua e o deserto, nem a fera ou o orvalho, para verem a Europa, ao longe, e depois morrerem afogados.
Tinham um sonho
igual ao dos poetas e artistas, trabalhadores ou cientistas.
Queriam saber se o mar tinha fronteira, se havia costa do outro lado.
Queriam uma vida e um mundo melhor.
Para isso, reuniram as posses das famílias e com avisos de cuidados
fizeram-se ao mar
e o mar não se fez neles.
Não foi o mar a matá-los, foi quem gerou a miséria, quem escondeu a verdade e espalhou promessas de farturas inexistentes.
Foram aqueles que golpearam a terra, sacaram os diamantes, roubaram as florestas, mataram e escravizaram.
Sim, foram esses que agora os deixaram morrer na água do Mediterrâneo,
e os deixam morrer em todas as águas,
ou no deserto do México,
ou nas guerras que matam em todo o lado!
Foram as pedras e as algas que desenharam o seu retrato, para não esquecermos,
Para nos lembrar que somos nós que estamos a morrer, matando!
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