quarta-feira, 21 de junho de 2023

Cadeira de barbeiro

O peito, sôfrego da luz, arqueava para sentir o teu bocal de veludo quente.

Era um círculo ansioso sem som, uma ausência descolorida, lá no alto, onde as águias dormiam.

Depois do tempo ter assombrado a pele, acorri aos teus braços e ao teu colo, para que me ferisses e reabrisses as feridas mal saradas.

Corria o suor e sangue pelos cabelos hirtos, até aos pés brilhantes da tua luz.

Era um rapaz que morreu, antes de nascer. 

Por isso, parti...

E voltei a correr os caminhos do desterro.

Morreram os abutres, mas as pombas continuaram inquietas!




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