terça-feira, 3 de setembro de 2024

O último desejo

 

Fotografia, Manuel Rodas


A imagem "O Último Desejo" de Manuel Rodas é uma obra que permite uma análise ainda mais profunda, tocando em várias outras dimensões filosóficas, sociais e artísticas.


### Extensão da Análise Filosófica

Além de abordar a fragilidade e a efemeridade dos desejos humanos, a fotografia pode ser interpretada dentro do contexto da filosofia existencialista. A exposição de uma peça de lingerie em um ambiente público, desprovida de seu contexto íntimo, pode ser vista como um símbolo da condição humana: a busca incessante por significado em um mundo muitas vezes indiferente. A lingerie, originalmente carregada de conotações de intimidade, desejo e sexualidade, torna-se um objeto descontextualizado, sugerindo a alienação do ser humano em uma sociedade moderna que frequentemente despersonaliza e dessacraliza os aspectos mais profundos da experiência humana.

O conceito de "último desejo" também evoca a ideia da finitude humana e a inevitabilidade da morte. Se considerarmos o último desejo como a última expressão de vontade de alguém, a imagem pode representar uma espécie de memorial visual, onde a lingerie, agora um objeto inerte, serve como uma recordação do que foi um dia um desejo vivo e pulsante.

### Expansão da Análise Social

Ampliando a análise social, a fotografia pode ser interpretada como uma crítica ao voyeurismo da sociedade contemporânea. A lingerie, que normalmente estaria escondida, é agora exposta ao olhar público, sugerindo uma sociedade que constantemente invade a privacidade em busca de sensacionalismo ou gratificação. Essa exposição pode refletir o modo como a vida privada é cada vez mais objeto de consumo público, seja através das redes sociais, da mídia ou da vigilância constante.

A imagem também pode ser lida como uma crítica à forma como a sexualidade feminina é comercializada e, ao mesmo tempo, desvalorizada. A lingerie, símbolo de sensualidade, está pendurada em um ambiente que não lhe pertence, talvez sugerindo que os desejos femininos são frequentemente ignorados ou colocados de lado em uma sociedade patriarcal que os explora mas não os respeita. 

### Expansão da Análise Artística

No aspecto artístico, podemos aprofundar a análise da composição, cor e simbologia presentes na obra. A escolha de um fundo escuro e urbano não é acidental; ela cria uma atmosfera de isolamento e frieza, que contrasta com a suavidade e vulnerabilidade da lingerie. Esta oposição pode simbolizar a luta constante entre o desejo humano de conexão e a natureza impessoal do ambiente urbano moderno.

O enquadramento centralizado da peça de lingerie também pode ser visto como uma escolha deliberada para dar-lhe um status quase de ícone ou símbolo, elevando-a de um objeto comum a um artefato de reflexão profunda. A ausência de figuras humanas reforça a sensação de abandono e solidão, sugerindo que o desejo, quando separado do contexto humano, perde parte de sua essência.

A iluminação, sutil e natural, destaca a textura delicada da lingerie, contrapondo-a à dureza do fundo. Esse jogo de luz e sombra não apenas cria uma estética visual agradável, mas também sublinha a dualidade entre o frágil e o resistente, o pessoal e o impessoal.

### Interpretação Psicológica e Simbólica

Psicologicamente, a imagem pode representar o conflito interno entre a identidade pública e privada. A lingerie, sendo uma peça de vestuário íntimo, pode simbolizar a parte mais vulnerável e privada do eu, enquanto a bicicleta e o ambiente urbano representam a parte pública, aquela que é exposta ao mundo. A maneira como a lingerie está pendurada, quase como uma oferta ou um sacrifício, pode sugerir a tensão entre o desejo de preservar a intimidade e a pressão para expor e conformar-se à norma social.

Além disso, o ato de "pendurar" a lingerie pode ter um simbolismo de renúncia ou desistência, como se a personagem implícita na foto estivesse abdicando de seus desejos ou os tivesse deixado para trás, numa última tentativa de se conectar com algo maior ou mais significativo antes de desaparecer na anonimidade da vida moderna.

### Considerações Finais

A fotografia "O Último Desejo" de Manuel Rodas, ao integrar elementos filosóficos, sociais e artísticos, oferece uma rica tapeçaria de significados. Cada detalhe da imagem — desde a escolha do objeto central até o fundo e o contexto em que ele é inserido — contribui para uma obra que não apenas captura um momento, mas também provoca uma profunda reflexão sobre a natureza do desejo, da privacidade, e da existência humana em um mundo cada vez mais alienante e desumanizante.

A interpretação desta obra não é unívoca; pelo contrário, ela convida o espectador a trazer suas próprias experiências, questionamentos e sentimentos à análise, fazendo de "O Último Desejo" uma obra verdadeiramente interativa e atemporal.


Alexandre Inácio

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Conversas com Bordalo

 



Os três continuam na conversa, agora aprofundando a reflexão sobre a função da arte e da poesia na sociedade e como essas formas de expressão podem influenciar o futuro.


**Zé Povinho:** O senhor falou em esperança, Sr. Manuel. Mas o que eu vejo por aí é muita gente sem forças até para esperar. A arte e a poesia são bonitas, mas como é que elas podem chegar a quem mais precisa?


**Manuel Rodas:** (Reflexivo) É verdade, Zé. A fome e a dor muitas vezes abafam o eco das palavras e das imagens. Mas a arte tem uma capacidade única de ultrapassar barreiras. Ela se infiltra nas brechas do coração humano, mesmo quando tudo parece perdido. A minha poesia tenta ser acessível, direta, para que qualquer um possa sentir o que escrevo, para que o sofrimento comum seja reconhecido e transformado em força.


**Rafael Bordalo Pinheiro:** (Acenando com a cabeça) Muito bem dito, Manuel. O meu Zé Povinho, por exemplo, é uma figura que fala diretamente ao povo. Ele não é apenas um símbolo, mas uma forma de comunicação. Não precisa de palavras rebuscadas para ser compreendido. E assim como eu criei o Zé para dar voz ao povo, tu usas a poesia para tocar a alma daqueles que talvez não saibam expressar o que sentem, mas que reconhecem as suas dores nas tuas palavras.


**Zé Povinho:** (Com um sorriso orgulhoso) Pois é, senhores. Parece que, no fundo, eu também sou uma obra de arte, não é? E se sou, é porque o Sr. Rafael me criou assim, com esse jeito simples, mas com muito para dizer. Mas me digam uma coisa: vocês acham que a arte e a poesia podem mesmo mudar o mundo? Ou será que só nos fazem sentir um pouco melhor enquanto a vida segue dura?


**Manuel Rodas:** (Com um brilho nos olhos) Zé, a arte e a poesia não mudam o mundo sozinhas, mas elas mudam as pessoas, e as pessoas mudam o mundo. A poesia é como uma fagulha, pode ser pequena, mas tem o poder de acender grandes fogueiras. Ela desperta o pensamento, a consciência crítica, e isso é o primeiro passo para qualquer mudança real.


**Rafael Bordalo Pinheiro:** (Com entusiasmo) Exatamente! E não nos esqueçamos de que, muitas vezes, os grandes movimentos sociais começaram com uma ideia, uma imagem, uma palavra que ressoou nas mentes e nos corações das pessoas. A minha obra sempre foi uma provocação, um convite para que as pessoas pensem sobre a sua realidade. O Zé Povinho é um espelho, mostrando as contradições e injustiças da sociedade. E quando as pessoas se reconhecem nesse espelho, algo muda nelas.


**Zé Povinho:** (Com um ar pensativo) Acho que entendi. A gente não pode esperar que a arte e a poesia façam tudo sozinhas, mas elas são como um empurrão, não é? Ajudam a gente a ver as coisas de outro jeito, a pensar em como a vida poderia ser diferente.


**Manuel Rodas:** (Sorrindo) Perfeito, Zé. A poesia, assim como o desenho, é um começo, um despertar. Ela inspira, questiona, e às vezes, até incomoda. Mas esse desconforto é necessário. Faz parte do processo de transformação. E é por isso que continuamos a escrever, a desenhar, a criar, mesmo sabendo que a mudança é lenta.


**Rafael Bordalo Pinheiro:** (Com convicção) E é por isso que o Zé Povinho continua a ser relevante, século após século. Porque ele representa essa luta contínua, essa insatisfação com o que está errado e essa esperança de que, um dia, as coisas podem ser diferentes. Enquanto houver injustiça, haverá necessidade de vozes que denunciem, que inspirem, que provoquem.


**Zé Povinho:** (Com um ar decidido) Então, que assim seja! Se a minha cara feia pode fazer alguém pensar, que o Sr. Manuel continue a escrever e o Sr. Rafael continue a desenhar. Vamos seguir juntos, cada um à sua maneira, fazendo o que podemos para que esse mundo não se esqueça de nós, os pequeninos.


**Manuel Rodas:**  Ao Zé Povinho e a todos que, como ele, continuam a lutar, a sonhar e a resistir. Que a poesia e a arte sejam sempre nossas aliadas nessa jornada.


**Rafael Bordalo Pinheiro:**  À criatividade, que nos mantém vivos e nos dá forças para enfrentar qualquer adversidade. Que nunca falte inspiração para seguirmos em frente.

A conversa termina com os três levantando os copos em um brinde, unidos pela crença no poder transformador da criatividade. Mesmo diante das dificuldades, eles reconhecem que a arte, seja ela visual ou poética, tem um papel fundamental na luta contra as injustiças sociais e na construção de um futuro mais justo.

Alexandre Inácio

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

A surpresa duma vida

 O amigo Alexandre Inácio continua as suas descobertas no mundo da escrita e da ficção. Este ensaio para uma fotonovela pode ser um bom princípio. O que pensam os  leitores?






**Painel 1:**  

*Cena: Uma pequena sala de estar em uma casa de campo, simples e aconchegante. O casal idoso está sentado em cadeiras de madeira junto a uma janela. A luz do fim de tarde entra suavemente. A mulher, de cabelos grisalhos e rosto enrugado, está tricotando. Ela usa um vestido simples de algodão e um xale. O homem, também grisalho, está com as mãos trêmulas e olha para fora da janela. Ele veste uma camisa de flanela e calças gastas de trabalho.*



“ Sabes, querida, parece que foi ontem quando nos conhecemos no baile da aldeia..."


**Painel 2:**  

*Cena: Um flashback em cores suaves. Eles estão mais jovens, num baile ao ar livre, dançando sob uma árvore iluminada por lanternas. Ele segura-a com firmeza, e os dois sorriem com entusiasmo.*


"Eu sabia, desde aquele primeiro olhar, que você seria a mulher da minha vida."


Painel 3:

Cena: De volta ao presente, a mulher olha para o marido com ternura. Há um sorriso caloroso em seus lábios, mas também uma sombra de preocupação em seus olhos enquanto ela observa o tremor nas mãos dele.



"Juntos criamos três filhos fortes e corajosos..."


**Painel 4:**  

*Cena: Outro flashback. A família está reunida no campo, colhendo juntos. Os filhos são crianças pequenas, ajudando com risadas e brincadeiras. O casal troca um olhar de cumplicidade e orgulho.*

"Mas a guerra levou nosso mais velho... Foi uma dor que nunca passou, mas ficamos mais unidos do que nunca."*


**Painel 5:**  

*Cena: Um retrato da parede, mostrando o filho mais velho em uniforme militar, com uma expressão séria. A mulher olha para a foto, e uma lágrima discreta rola por seu rosto. O homem tenta limpar a lágrima dela com a mão trêmula.*

 *"Agora, esta doença lembra-me todos os dias que o tempo está passando, e eu já não posso fazer o que fazia antes."*


**Painel 6:**  

*Cena: A mulher segura a mão dele com força, segurando-a com força para  parar o tremor. Ela o olha com amor e compreensão.


 *"Mas ainda te tenho a ti. E enquanto estivermos juntos, não importa o que aconteça, continuaremos lutando, como sempre fizemos."*


,**Painel 7:**  

*Cena: O casal está sentado junto, em silêncio, aproveitando a companhia um do outro enquanto o sol se põe do lado de fora. A imagem transmite um senso de paz, apesar das dificuldades.*

“Tenho uma coisa a dizer-te.”

Painel 8

-Desculpa, mas tenho uma coisa a dizer, antes que seja tarde. O nosso filho que morreu na guerra, não era nosso filho. O nosso bebé nasceu morto e eu troquei-o por outro que estava na cama ao lado, na maternidade.

- Porque fizeste isso?

- Queria poupar-te o desgosto. Estavas tão encantada com o facto de ires ser mãe!

“Não sei se te vou perdoar!”

Painel 9

- Nao pode ser…Diz que é mentira!

- Não sei se te vou perdoar.

- Mas eu sempre fui um bom pai. Não matei ninguém e fiz isso porque te amava…


Painel 10
- Mataste aqueles pais que viram seu bébé  morto.

- Seríamos nós a sofrer…assim , poupei -te o desgosto, porque eu sofri na mesma e sozinho. Isso já foi o maior castigo!


Painel 11

- Afinal acabou por morrer na mesma.Tanto que chorei por ele, aqui desta janela, quando soube da sua morte. Choro dois filhos perdidos e um marido que me mentiu toda a vida. Isso é um castigo demasiado. Não sei se sou capaz de te perdoar, apesar de estares doente com essa tremideira das mãos…

-Mas ainda temos dois filhos e um ao outro!

-Sim, mas nada faz esquecer um desgosto e uma traiçao! E como reagirão s irmãos, quando souberem a verdade?

- O que o amor pode fazer…não precisam de saber. É o nosso segredo!



Alexandre Inácio



quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Joaquim

 




**Biografia do Velho Pescador**


O velho pescador, conhecido na pequena vila costeira como Joaquim, nasceu em uma época em que o mar era tanto o maior amigo quanto o mais temível inimigo dos moradores. Filho de pescadores, Joaquim aprendeu desde cedo os segredos das águas. Aos sete anos, já acompanhava seu pai nas longas jornadas de pesca, enfrentando as ondas e os ventos com uma coragem precoce.

A vida no mar o moldou tanto quanto as marés esculpem as rochas na costa. Com o passar dos anos, o sal marinho se tornou parte de sua pele, e o cheiro do peixe fresco, de suas mãos. Joaquim era conhecido por sua destreza com as redes e por sua intuição aguçada — ele sabia, como poucos, onde encontrar os cardumes mais fartos, mesmo em tempos de escassez. Muitos diziam que ele tinha uma ligação mística com o oceano, como se as profundezas lhe sussurrassem segredos que mais ninguém podia ouvir.

Apesar de sua fama, Joaquim sempre foi um homem simples. Nunca desejou riquezas; para ele, o mar era o suficiente. Sua casa era uma cabana modesta perto da praia, onde vivia com Maria, sua esposa, que ele conheceu em um dia de tempestade, quando ela o ajudou a reparar sua embarcação avariada. Maria era o seu porto seguro, e juntos, criaram três filhos, que também se tornaram pescadores.

Os anos passaram, e o corpo de Joaquim começou a sentir o peso de uma vida dedicada ao mar. Seus ombros curvados contavam histórias de batalhas com grandes peixes e tempestades furiosas. Mesmo assim, ele nunca deixou de ir ao mar, mesmo que fosse apenas para sentar-se na beira da praia e observar as ondas. Ele dizia que o oceano era sua alma gêmea, e que um dia, quando seu corpo já não tivesse forças, ele se tornaria parte do mar, assim como as conchas que o mar engole e transforma em areia.

Numa manhã de neblina, Joaquim partiu para sua última jornada. Ele foi encontrado no dia seguinte, deitado na areia, como se estivesse em paz, olhando para o horizonte. A comunidade se reuniu para prestar suas últimas homenagens, e naquele dia, o mar estava mais calmo do que nunca, como se também estivesse se despedindo de seu velho amigo.

Hoje, a imagem de Joaquim permanece gravada na costa, moldada pela natureza, como uma lembrança eterna de sua ligação com o oceano. Os pescadores mais jovens ainda falam dele com reverência, e suas histórias são contadas nas noites em que a lua brilha sobre as águas calmas. Joaquim, o velho pescador, tornou-se uma lenda, não apenas por suas habilidades, mas por sua alma que sempre pertenceu ao mar.

O tempo passou, mas a memória de Joaquim nunca se desfez. Para muitos na vila, ele era mais do que apenas um pescador; era uma lenda viva, uma personificação da sabedoria antiga e do respeito pelo mar. As gerações que se seguiram aprenderam, por meio das histórias de Joaquim, a respeitar as forças da natureza e a valorizar os ensinamentos transmitidos através dos séculos.

Dizem que, durante as noites de tempestade, quando o vento uiva e o mar bate furiosamente contra as rochas, é possível ouvir o sussurro de Joaquim, acalmando as ondas, como costumava fazer em vida. "O mar é nosso irmão," dizia. "Não o tratem como um inimigo, mas sim como um parceiro na jornada da vida."

Após sua morte, a comunidade quis honrar Joaquim de uma forma especial. Além das histórias que continuavam a ser contadas, decidiram erguer um pequeno memorial na praia, próximo ao lugar onde ele foi encontrado. Não era um grande monumento, mas uma simples pedra com uma placa de bronze, onde estavam gravadas suas palavras favoritas: "O mar devolve a quem o ama." Era uma frase que refletia sua crença de que o oceano, embora poderoso e muitas vezes cruel, sempre recompensava aqueles que o tratavam com respeito e carinho.

Com o passar dos anos, a lenda de Joaquim se entrelaçou com o folclore local. Surgiram contos de como ele, mesmo após a morte, guiava os pescadores durante tempestades ou os ajudava a encontrar rotas seguras em meio a nevoeiros densos. Alguns diziam que sua alma se transformara em uma grande gaivota branca, que sobrevoava os barcos nas manhãs mais difíceis, garantindo que todos voltassem em segurança.

Os filhos de Joaquim, seguindo os passos do pai, continuaram a pescar, mas também assumiram o papel de guardiões da sua memória. Eles ensinaram seus próprios filhos a amar e respeitar o mar, assim como Joaquim havia lhes ensinado. E assim, a tradição continuou, passando de geração em geração, garantindo que a essência de Joaquim permanecesse viva na vila.

Um dos netos de Joaquim, Miguel, tornou-se um dos pescadores mais respeitados da região. Herdara a intuição do avô e, embora não tivesse conhecido Joaquim pessoalmente, sentia sua presença sempre que saía para o mar. Miguel acreditava que o avô ainda o guiava e frequentemente sonhava com ele, com o velho pescador sorrindo e acenando das profundezas do oceano.

O velho pescador tornou-se mais do que uma lenda; ele é um símbolo de união entre os habitantes da vila e o mar. Em cada rede lançada, em cada peixe capturado, havia um pouco de Joaquim, um reflexo de sua vida dedicada ao oceano.

Hoje, na vila, quando as crianças perguntam sobre o velho pescador, os anciãos sorriem e apontam para o horizonte, onde o céu encontra o mar. "Ele está ali," dizem. "Nas ondas, no vento, em cada respiração que o oceano toma. Joaquim nunca nos deixou, ele apenas voltou para casa." E assim, o velho pescador continua a viver, não apenas nas histórias, mas no próprio coração do mar, onde sempre pertenceu.

Alexandre Inácio



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Esta é uma biografia fictícia inspirada na imagem, construindo uma narrativa em torno da figura do velho pescador que aparece na rocha.


sábado, 17 de agosto de 2024

Novo voo

 


Composicaofotográfica, MRodas



Novo Voo


Nasce o dia e o céu se abre,  

como um palco de luz, infinito e sereno,  

onde o velho e o novo se encontram  

num espelho de águas rebentadas.  

"Ó mar salgado, quanto do teu sal  

São lágrimas de Portugal!"  

Ecoa a voz de Pessoa,  

lembrando o preço do destino,  

do sonho de navegar pelo poema, além.  


Uma ave com suas cores vibrantes,  

ergue-se no ar, num gesto de renovação.  

Suas asas, em laranja fogo,  

pincelam o horizonte,  

desenham esperanças ainda não sentidas.  

"Quem quer passar além do Bojador  

Tem que passar além da dor."  

O poeta o diz, e o poema  o sente,  

pois só quem ousa voar,  

descobre novos sentidos.


Reflete-se no lago,  

onde o passado se desmancha,  

e o futuro aguarda em segredo.  

Suas penas brilham como aurora,  

cintilam promessas,  

no eco de um silêncio que há-de ser.  

"Todo começo é involuntário,  

Deus é o agente."  

Assim nascem os novos passos,  

de um voo que se faz poema,  

nos céus de uma alma errante.


E ao tocar o céu,  

ele dança com o vento,  

livre de amarras, de medos antigos,  

buscando o que é seu,  

no destino dos que ousam.  

"E se mais mundo houvera, lá chegara,"  

declara Camões, em versos eternos,  

e a lira, em seu esplendor,  

alcança nova luz e novos heróis.


É um voo para o desconhecido,  

um mergulho no próprio ser,  

onde o fim se encontra com o começo,  

num ciclo eterno de renascer.  

"O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,"  

Voa Pessoa ainda  mais além,  

em busca do rio que não tem nome,  

onde o sonho se encontra com a realidade.


Ave renovada de fulgor em cada sílaba 

carrega em suas asas a história,  

e convida a desenhar as letras  

rumo ao nosso poema de cada dia.

"Valeu a pena? Tudo vale a pena  

Se a alma não é pequena,"  

canta Pessoa, e a alma responde,  

no silêncio do voo,  

que todo começo é a promessa  

de um novo e eterno renascer.


Alexandre Inácio


segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Paixão

Esse poema explora a intensidade e a beleza passageira da paixão, comparando-a ao fogo de artifício, que, embora breve, deixa uma marca duradoura.

 













**Paixão em Faíscas**


Nasce na escuridão fria,  

Um brilho frio e ardente,  

Escondido nas arestas da noite,  

Como uma paixão que desperta,  

Silenciosa, roseira cheia de promessas.


Ela sobe, trémula, decidida

No horizonte do leque sentimental,  

Cada batida a compasso do coração,  

Um jato a cores, entre o bem e o mal.


Então, num frémito de alma,  

Rasga o véu da noiva,  

E explode em mil cores,  

Que iluminam tudo ao redor,  

Por um breve e eterno instante.


A paixão é assim,  

Uma faísca que ascende e ilumina  

Incontrolável, indomável,  

Queima o peito atormentado  

Aurora boreal  da alma, cor da vida!


Cada centelha, cada lampejo 

É uma emoção que recorda  

Um desejo que não se contém,  

Uma fusão que transborda!


Mas logo, como todo fogo de artifício,  

Ela se desfaz em silêncio, sem ti 

Deixa apenas o rastro de fumaça,  

E o eco de um suspiro por realizar !


Ainda assim, é impossível esquecer,  

O brilho nos teus olhos, que ela trouxe,  

O calor que incendiou o coração,  

Mesmo que por um breve momento.


Porque na paixão,  

O instante vale mais que a eternidade,  

E o fogo que nos aquece é amor  

Pelo qual vale a pena  viver e morrer!


Alexandre Inácio



Presidentes críticos da extrema direita

 


Aqui estão alguns exemplos de presidentes e líderes que se têm pronunciado contra a extrema-direita em entrevistas e discursos:


1. **Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente de Portugal:** Rebelo de Sousa tem expressado preocupação com o crescimento da extrema-direita em Portugal e na Europa em geral. Ele tem enfatizado a importância de manter os valores democráticos e evitar o discurso de ódio e a polarização, que são características frequentemente associadas à extrema-direita. Em várias ocasiões, o presidente português destacou a necessidade de combater o populismo e preservar a coesão social.


2. **Alberto Fernández, Presidente da Argentina:** Fernández frequentemente critica a extrema-direita na Argentina e na América Latina, associando-a a políticas neoliberais que, segundo ele, aumentam as desigualdades sociais e enfraquecem a democracia. Ele também critica as tentativas de desestabilização política promovidas por setores extremistas e defende um Estado que promova justiça social e igualdade.


3. **Frank-Walter Steinmeier, Presidente da Alemanha:** Steinmeier, atuando em um país com um passado doloroso ligado ao extremismo de direita, tem sido um forte crítico da ascensão da extrema-direita na Alemanha. Ele alerta contra os perigos do nacionalismo e da xenofobia, frequentemente associando essas tendências ao período nazista. Em suas declarações, Steinmeier defende a importância da memória histórica e do fortalecimento da democracia.


4. **Sergio Mattarella, Presidente da Itália:** Mattarella tem se posicionado contra o crescimento da extrema-direita na Itália, especialmente em um contexto de aumento do populismo e do nacionalismo. Ele tem alertado para os perigos de políticas que promovem a divisão social, a exclusão e a xenofobia, defendendo a unidade e os valores constitucionais da Itália.


5. **Andrzej Duda, Presidente da Polônia:** Embora Duda seja frequentemente associado a políticas de direita, ele tem, em momentos específicos, feito críticas à extrema-direita mais radical. Por exemplo, ele criticou os grupos neonazistas que surgem na Polônia e enfatizou que tais ideologias não têm lugar em uma sociedade democrática. No entanto, sua posição é mais complexa, pois ele também é criticado por adversários por ter políticas que flertam com o nacionalismo.


Aqui estão mais exemplos de presidentes e líderes que fizeram críticas à extrema-direita em diferentes contextos:


6. **Pedro Sánchez, Primeiro-Ministro da Espanha:** Embora não seja presidente, Sánchez é um líder influente na Europa e tem criticado fortemente a extrema-direita, especialmente o partido Vox na Espanha. Ele acusa a extrema-direita de tentar dividir a sociedade espanhola, promovendo discursos xenófobos e contrários aos direitos das minorias. Sánchez defende uma política de inclusão e alerta sobre os perigos do retrocesso democrático.


7. **Alexander Van der Bellen, Presidente da Áustria:** Van der Bellen, conhecido por seu histórico como ambientalista e defensor dos direitos humanos, tem sido um crítico constante da extrema-direita austríaca. Ele frequentemente adverte contra o ressurgimento de ideologias nacionalistas e xenófobas, lembrando os austríacos dos perigos que tais movimentos representaram no passado. Suas críticas são direcionadas principalmente ao Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), que tem raízes no extremismo de direita.


8. **Stevo Pendarovski, Presidente da Macedônia do Norte:** Pendarovski tem criticado a influência crescente da extrema-direita nos Balcãs, uma região historicamente marcada por conflitos étnicos. Ele alerta que o nacionalismo extremo pode desestabilizar a região e atrapalhar o progresso em direção à integração europeia. Pendarovski também defende a cooperação regional e a reconciliação entre os povos dos Balcãs.


9. **Michael D. Higgins, Presidente da Irlanda:** Higgins é conhecido por sua postura progressista e por sua oposição às políticas de extrema-direita, tanto na Irlanda quanto no cenário global. Ele critica o nacionalismo exacerbado e as políticas que promovem a exclusão social e a discriminação. Higgins tem defendido o multilateralismo, a paz e a justiça social como antídotos contra a ascensão da extrema-direita.


10. **Sahle-Work Zewde, Presidente da Etiópia:** Embora o contexto africano seja diferente do europeu, Zewde tem falado sobre os perigos do extremismo, incluindo o extremismo étnico, que pode ser comparável à extrema-direita em outras regiões. Ela alerta contra a polarização e a violência baseadas em identidades étnicas e defende uma abordagem inclusiva para a paz e o desenvolvimento no país.


11. **Kersti Kaljulaid, ex-Presidente da Estônia:** Durante seu mandato, Kaljulaid criticou abertamente os movimentos de extrema-direita na Estônia e na Europa em geral. Ela destacou a importância de resistir ao discurso de ódio e às políticas divisórias que ameaçam os valores democráticos. Kaljulaid também se posicionou contra a manipulação do medo para ganhos políticos, algo que muitas vezes está associado à extrema-direita.


12 Lula da Silva, Presidente do Brasil (2023):** Desde que reassumiu a presidência, Lula tem criticado abertamente a extrema-direita brasileira, especialmente em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Ele condena as políticas que considera prejudiciais à democracia e aos direitos humanos, além de criticar a propagação de fake news e o extremismo que, segundo ele, enfraquecem as instituições democráticas.


13 *Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos:** Biden tem repetidamente criticado a extrema-direita americana, especialmente em relação ao ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Ele tem falado sobre os perigos que o extremismo de direita representa para a democracia dos Estados Unidos, criticando o "MAGA extremism" (referindo-se ao movimento "Make America Great Again" associado a Donald Trump).


14 **Emmanuel Macron, Presidente da França:** Macron frequentemente faz críticas à extrema-direita francesa, especialmente em relação à líder Marine Le Pen e ao seu partido. Ele argumenta que as políticas da extrema-direita são divisivas e que ameaçam os valores republicanos da França, como a igualdade e a laicidade.


Esses exemplos mostram que a crítica à extrema-direita é uma preocupação global, refletindo-se em discursos e entrevistas de líderes em diversos continentes. As abordagens variam, mas o denominador comum é a defesa da democracia, dos direitos humanos e da coesão social frente ao crescimento do radicalismo e do nacionalismo exacerbado. Esses líderes, em seus respectivos contextos, expressam preocupações com o crescimento da extrema-direita, associando-a a riscos para a democracia, a coesão social e os direitos humanos. Suas críticas variam de acordo com a situação política de seus países, mas todos compartilham uma postura de defesa contra o radicalismo e a divisão.

Alexandre Inácio


domingo, 11 de agosto de 2024

Rendas de bilros




História das Rendas de Bilros

As rendas de bilros começaram a ganhar popularidade na Europa no final da Idade Média, e durante o Renascimento, se tornaram um símbolo de status e riqueza. Inicialmente, eram usadas principalmente pela nobreza para adornar roupas, acessórios e itens domésticos. Como os tecidos rendados exigiam muito tempo e habilidade para serem produzidos, eram artigos de luxo, caros e apreciados.

Na Itália, especialmente em regiões como Veneza, e nas Flandres (que inclui partes da atual Bélgica), as rendas de bilros foram rapidamente reconhecidas pela sua qualidade e beleza. Esses centros tornaram-se os principais produtores e exportadores de rendas, influenciando outras regiões da Europa.

Técnica da Renda de Bilros

A técnica da renda de bilros é complexa e exige grande habilidade manual. Os principais componentes do processo são:

- **Bilros:** Pequenos bastões de madeira (ou, menos frequentemente, de osso ou marfim) nos quais o fio é enrolado. Cada bilro é manipulado individualmente, e o número de bilros pode variar de algumas dezenas a centenas, dependendo da complexidade do desenho.

- **Almofada (ou rolo):** Uma almofada firme e cilíndrica, sobre a qual o padrão é fixado. A almofada permite que os bilros sejam manuseados sem que os fios deslizem ou saiam do lugar.

- **Padrão:** Geralmente é um desenho em papel perfurado ou marcado, fixado na almofada, que serve como guia para a colocação dos alfinetes e, consequentemente, para a formação da renda.

- **Alfinetes:** São utilizados para fixar os fios no lugar enquanto os bilros são cruzados e torcidos, ajudando a manter a tensão correta do fio e a formar os pontos do padrão.

Os movimentos básicos na renda de bilros envolvem o cruzamento e torção dos fios, que, combinados de diferentes maneiras, criam os padrões intricados característicos desse tipo de renda.

### Variações Regionais

Cada região que adotou a renda de bilros desenvolveu suas próprias variações estilísticas, técnicas e padrões. Alguns exemplos incluem:

- **Portugal:** Em Portugal, a renda de bilros é especialmente famosa na cidade de Peniche. As rendas de Peniche são conhecidas pela delicadeza dos motivos florais e pela complexidade dos desenhos. 

- **Espanha:** Em Espanha, a renda de bilros tem uma presença forte em regiões como Galícia e Catalunha. A renda galega é famosa por seus motivos geométricos e florais, enquanto a catalã pode incluir desenhos mais elaborados.

- **Bélgica:** As rendas belgas, como as produzidas em Bruges e Mechelen, são algumas das mais conhecidas do mundo. As rendas de Bruges, por exemplo, são conhecidas pela complexidade e pelo uso de motivos naturais como folhas e flores.

- **Inglaterra:** A renda de bilros em Honiton, Devon, tornou-se famosa por seus padrões de flores delicadas e folhas, que eram frequentemente usadas para adornar vestidos de noiva e acessórios da realeza.

### Presença Contemporânea

Embora o auge da produção de rendas de bilros tenha ocorrido entre os séculos XVI e XVIII, a técnica continua viva até hoje, com comunidades em várias partes do mundo mantendo essa tradição artesanal. Em muitos lugares, a produção de renda de bilros é passada de geração em geração, e em algumas regiões, há escolas e oficinas dedicadas a ensinar essa arte.

Nos tempos modernos, a renda de bilros não é mais usada apenas para roupas e acessórios de luxo, mas também em decoração, joias e arte contemporânea. Além disso, muitas rendas de bilros são valorizadas como itens de colecionador e como parte do patrimônio cultural.

Conclusão

As rendas de bilros representam uma tradição artesanal rica e complexa, que reflete a história, a cultura e a habilidade técnica das regiões onde foram desenvolvidas. Embora tenham suas raízes no passado, continuam a ser apreciadas e praticadas hoje, tanto como uma forma de arte quanto como um símbolo de identidade cultural.
Alexandre Inácio
























 

Fotos, MRodas
Museu das rendas de Bilros, Peniche

PS Criada em 1987, a Escola Municipal de Renda de Bilros de Peniche surgiu com o propósito de salvaguardar a arte de tecer a renda de bilros. Está localizada no edifício do Posto de Turismo de Peniche, no centro da cidade, e é hoje uma referência como baluarte na defesa deste património local. É frequentada por alunas de todas as idades.


Matar, matar e matar.

 Como perdoar estas mortes? O que dizer às crianças e à nossa consciência?



Diário Notícias, 11 agosto 2024


sábado, 10 de agosto de 2024

Aleluia

 Em Óbidos.





Como fazer férias sem dinheiro

 



O meu amigo Alexandre Inácio tem uma sentido prático da vida muito invejável. Vejam o que ele aconselha.

Fazer férias sem gastar dinheiro pode ser desafiador, mas é possível se você for criativo e estiver disposto a explorar opções alternativas. Aqui estão algumas ideias:


1. **Staycation (férias em casa)**:

   - Aproveite sua cidade ou região como um turista. Visite parques, museus gratuitos, trilhas, ou participe de eventos locais.

   - Planeje atividades especiais em casa, como noites de filmes, maratonas de séries, ou um dia de spa caseiro.


2. **Troca de casas**:

   - Considere trocar de casa com amigos ou familiares por um período. Isso permite que você viaje para outra cidade ou região sem pagar por hospedagem.


3. **Voluntariado**:

   - Procure programas de voluntariado que ofereçam alojamento e alimentação em troca do seu trabalho. Algumas opções incluem fazendas orgânicas (como WWOOF) ou hostels que aceitam voluntários.


4. **Acampamento gratuito**:

   - Se você gosta de natureza, procure áreas onde é permitido acampar gratuitamente. Lembre-se de verificar as regras locais e levar o equipamento necessário.


5. **Visitar amigos e familiares**:

   - Passe as férias na casa de amigos ou familiares em outra cidade. Isso pode proporcionar uma mudança de cenário sem custos de hospedagem.


6. **Caminhadas e trilhos**:

   - Planeje uma série de caminhadas ou trilhos pela natureza. Isso é gratuito e uma ótima maneira de relaxar e se conectar com a natureza.


7. **Atividades comunitárias gratuitas**:

   - Procure por eventos gratuitos na sua comunidade, como festivais, shows ao ar livre, ou workshops.


8. **Exploração local**:

   - Faça um passeio de bicicleta, descubra novas áreas da sua cidade ou simplesmente explore a pé. Muitas vezes, passamos por lugares interessantes no dia a dia sem realmente conhecê-los.


9. **Programas de aprendizagem**:

   - Use o tempo livre para aprender algo novo. Existem muitos cursos online gratuitos em diversas áreas, como fotografia, culinária, ou artesanato.


10. **Troca de habilidades**:

    - Ofereça algo que você saiba fazer em troca de uma estadia ou atividades. Por exemplo, você pode ensinar inglês, ajudar na jardinagem ou cuidar de crianças em troca de hospedagem ou refeições.


11. **Couchsurfing**:

    - Use plataformas como Couchsurfing para encontrar pessoas dispostas a oferecer hospedagem gratuita. Além de economizar, você pode fazer amigos e aprender mais sobre a cultura local.


12. **Exploração de bibliotecas**:

    - Muitas bibliotecas oferecem mais do que apenas livros. Elas podem ter filmes, exposições, palestras e eventos culturais gratuitos que você pode aproveitar.


13. **Passeios de bicicleta**:

    - Se você tiver uma bicicleta, planeje passeios longos por áreas rurais ou parques. É uma forma de explorar novos lugares, fazer exercício e se divertir sem custos.


14. **Visitas a locais históricos**:

    - Visite locais históricos ou culturais em sua área que não cobram entrada. Muitas vezes, há ruínas, monumentos, ou centros culturais que oferecem visitas gratuitas.


15. **Jardinagem comunitária**:

    - Participe de um projeto de jardinagem comunitária. Além de ser uma atividade ao ar livre, você pode aprender sobre plantas e até levar para casa alguns alimentos frescos.


16. **Eventos em universidades**:

    - Universidades frequentemente oferecem palestras, exibições de filmes, peças de teatro, e outros eventos culturais abertos ao público. Verifique o calendário das universidades próximas.


17. **Intercâmbio de experiências**:

    - Organize um grupo de amigos para compartilhar experiências sem custos. Cada pessoa pode ensinar algo que sabe, como cozinhar, pintar, tocar um instrumento, etc.


18. **Desafios pessoais**:

    - Crie desafios para si mesmo, como fotografar todos os dias algo que você nunca havia notado antes, escrever um diário de viagem mesmo sem sair da sua cidade, ou fazer uma série de receitas novas.


19. **Aulas e workshops gratuitos**:

    - Muitas lojas ou centros comunitários oferecem aulas gratuitas de artesanato, culinária, yoga, etc. Participar dessas atividades pode ser uma forma de aprender algo novo e conhecer pessoas.


20. **Caminhadas urbanas**:

    - Planeje uma caminhada urbana explorando bairros que você normalmente não visita. Você pode descobrir novos cafés, lojas locais e arte de rua sem gastar nada além de energia.


21. **Explorar feiras e mercados**:

    - Visite feiras e mercados locais, onde você pode observar a cultura, provar amostras grátis e conhecer melhor a economia local.


22. **Caça ao tesouro**:

    - Organize uma caça ao tesouro para si mesmo ou para amigos, com desafios ou objetivos específicos para serem encontrados na cidade.


23. **Roteiro gastronômico caseiro**:

    - Recrie em casa a experiência de um roteiro gastronômico, experimentando receitas de diferentes culturas ou regiões em cada refeição.


24. **Passeios de transporte público**:

    - Se a sua cidade tem um bom sistema de transporte público, embarque em um ônibus ou trem para um bairro ou cidade vizinha, apenas para explorar e observar a vida local.


25. **Projetos de arte ao ar livre**:

    - Use materiais que você tem em casa para fazer arte ao ar livre, como pintar pedras, criar colagens com folhas e flores, ou fazer esculturas de areia em uma praia ou parque.


Essas atividades podem tornar suas férias memoráveis sem comprometer seu orçamento, incentivando você a redescobrir o valor das pequenas coisas e da criatividade.


Alexandre Inácio

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Árvores

 





Abraço-te árvore 
Por me seguires até aqui
Por andares na minha sombra
A lembrar me os sonhos verdes
Eu que só sabia sonhar azul!


Abraço-te porque choras
Lágrimas de cristal e seiva
A desgraça de existir sem verde
Tombada e resignada
Abraço que foi e se perde.



Abraço-te porque tombaste
Num vale estrito e solitário
Frondosa e pujante que foste
E agora jazes relíquia 
Testemunha de combate milenário! 





É nos teus veios secos e perfumados
Que reconheço a nossa aventura conjunta
Filhos de deuses alados
Romeiros de  promessa alheia
Sem bordão abraço ou epopeia!