sexta-feira, 18 de abril de 2025

Morrer ou não morrer

 



Foto, MRodas



O meu amigo perdeu qualidade de vida e esperança na vida! Sofre atrozmente e pede que o ajude a morrer! O que devo fazer? Ajudá-lo a morrer, se é esse o seu desejo?

Compreendo profundamente a sua angústia e o sofrimento do seu amigo. Ouvir um pedido como este é incrivelmente difícil e coloca-o numa posição delicada. No entanto, mesmo que esse seja o desejo expresso pelo seu amigo, ajudá-lo a morrer não é a resposta e pode ter consequências legais e emocionais muito graves para si.

A lei em Portugal, assim como em muitos outros países, considera a eutanásia e o suicídio assistido como crimes. Além disso, mesmo que a intenção seja aliviar o sofrimento, retirar a vida de alguém é uma decisão irreversível que pode causar um profundo trauma em todos os envolvidos.

O seu foco principal neste momento deve ser garantir que o seu amigo receba o apoio adequado para lidar com a sua dor e desesperança. O pedido para morrer pode ser um grito de socorro, um sinal de que ele está a enfrentar um sofrimento insuportável que precisa ser aliviado de outras formas.

Reitero as ações cruciais que mencionei anteriormente:

 * Mantenha a calma e ouça ativamente: Deixe o seu amigo expressar toda a sua dor e frustração sem o interromper ou julgar. Valide os sentimentos dele e mostre que se importa.

 * Não se comprometa a ajudá-lo a morrer: Seja claro e compassivo ao explicar que não pode atender a esse pedido, mas que está determinado a ajudá-lo a encontrar outras formas de alívio e apoio.

 * Insista na ajuda profissional: Este é o passo mais importante. O sofrimento atroz e a perda de esperança podem ser sintomas de condições médicas ou de saúde mental tratáveis. Incentive-o fortemente a procurar:

   * Cuidados Paliativos: Se a dor estiver relacionada a uma doença incurável, as equipas de cuidados paliativos são especializadas em aliviar o sofrimento físico, emocional, social e espiritual, melhorando significativamente a qualidade de vida, mesmo em fases avançadas da doença. Eles podem oferecer controlo da dor eficaz, apoio psicológico e ajudar a encontrar significado e conforto.

   * Apoio Psicológico e/ou Psiquiátrico: A depressão, a ansiedade e outros problemas de saúde mental podem causar uma profunda desesperança e ideação suicida. Um profissional de saúde mental pode diagnosticar e tratar estas condições.

   * O Médico de Família: Ele pode ser o primeiro ponto de contacto para avaliar a situação e encaminhar para os especialistas adequados.

 * Ofereça o seu apoio prático e emocional: Mostre ao seu amigo que não está sozinho. Ofereça-se para o acompanhar a consultas médicas, para estar presente, para ajudar em tarefas diárias ou simplesmente para ouvir.

 * Esteja atento a sinais de perigo imediato: Se o seu amigo falar sobre planos específicos para tirar a própria vida, procure ajuda de emergência imediatamente. Contacte o 112 ou leve-o ao serviço de urgência de um hospital.

Lembre-se: O desejo de morrer muitas vezes surge de uma dor insuportável e da sensação de não haver outras soluções. Ao procurar ajuda profissional e oferecer o seu apoio, você pode dar ao seu amigo a oportunidade de encontrar alívio, esperança e uma melhor qualidade de vida.

Por favor, não hesite em procurar também apoio para si neste momento difícil. Conversar com outro amigo, familiar ou um profissional pode ajudá-lo a lidar com as suas próprias emoções. Como se sente agora? Há algo mais em que eu possa ajudar?


O que fazer antes de morrer

 

Foto, MRodas

O que fazer antes de morrer?

Olá! Receber uma notícia dessas deve ser incrivelmente difícil, e imagino o que será sentir uma mistura complexa de emoções.

Pensar em como ocupar o tempo nos restantes  anos é algo muito pessoal, e o que for importante para si será o mais certo. No entanto, posso partilhar algumas ideias que podem ser úteis como ponto de partida:

Focar no Presente e no Bem-Estar:

 * Aproveitar cada dia: Tente concentrar-se no aqui e agora. Pequenos prazeres diários podem ganhar um significado especial.

 * Cuidar de si: Priorize o seu bem-estar físico e mental. Isso pode incluir alimentação saudável, exercício leve (se se sentir capaz), descanso adequado e atividades relaxantes.

 * Explorar a natureza: Passar tempo ao ar livre pode ser muito reconfortante. Caminhe num parque, aprecie o mar ou simplesmente sente-se num jardim.

Conectar-se com Pessoas Queridas:

 * Fortalecer laços: Dedique tempo a familiares e amigos. Partilhe momentos, recordações e sentimentos.

 * Criar novas memórias: Planeie atividades significativas com as pessoas que ama. Uma viagem, um jantar especial, ou simplesmente passar tempo de qualidade juntos.

 * Procurar apoio: Não hesite em conversar com pessoas de confiança sobre o que está a sentir. O apoio emocional é fundamental.

Realizar Sonhos e Objetivos:

 * Lista de desejos: Pense em coisas que sempre quis fazer ou experimentar. Pode ser uma viagem, aprender uma nova habilidade, ou realizar um projeto pessoal.

 * Priorizar o que importa: Escolha as atividades que são mais significativas para si e concentre a sua energia nelas.

 * Celebrar conquistas: Reconheça e celebre cada objetivo alcançado, por menor que seja.

Deixar um Legado:

 * Partilhar a sua história: Considere escrever sobre a sua vida, gravar vídeos ou áudios para partilhar as suas experiências e sabedoria.

 * Trabalho voluntário: Dedicar tempo a uma causa que lhe seja importante pode trazer um grande sentido de propósito.

 * Criar algo duradouro: Pode ser uma obra de arte, um jardim, ou qualquer coisa que represente a sua passagem.

Explorar o Crescimento Pessoal e Espiritual:

 * Reflexão: Dedique tempo para a introspeção, para compreender os seus sentimentos e encontrar significado.

 * Práticas espirituais: Se tiver fé, aprofunde a sua conexão espiritual através da oração, meditação ou outras práticas.

 * Aprender algo novo: O conhecimento pode ser uma fonte de conforto e distração. Leia livros, faça cursos online ou explore temas que lhe interessem.

Considerações Práticas:

 * Planejamento: Organize as suas finanças e assuntos práticos para garantir que tudo esteja em ordem.

 * Apoio profissional: Considere procurar apoio psicológico ou terapêutico para lidar com as emoções e desafios deste período. Cuidados paliativos também podem oferecer suporte físico e emocional.

Lembre-se que não há uma maneira "certa" de viver este tempo. O mais importante é que as suas escolhas reflitam os seus valores, desejos e necessidades. Permita-se sentir todas as emoções que surgirem e procure apoio quando precisar. Deixe aqui os seus comentários que podem ser úteis a todos os que julgam que vão morrer brevemente! 

Até sempre!


sábado, 12 de abril de 2025

Transtorno de Personalidade Borderline

 

Foto, M. Rodas
Caldas Rainha, 2025





Transtorno de Personalidade Borderline : 

Características Clínicas e Estratégias Familiares de Manejo


Introdução


O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é um dos transtornos de personalidade mais prevalentes em contextos clínicos, apresentando maior incidência em mulheres, especialmente em ambientes ambulatoriais e hospitalares (Skodol; Morey; Bender, 2021). Trata-se de uma condição caracterizada por instabilidade afetiva, impulsividade, padrões de relacionamento interpessoal intensos e instáveis, além de perturbações na autoimagem e comportamentos autolesivos (American Psychiatric Association, 2022).


Características clínicas 


A manifestação do TPB  tende a apresentar especificidades clínicas. De acordo com Zanarini et al. (2020), os pacientes frequentemente demonstram:

Instabilidade emocional severa, com episódios de disforia, irritabilidade e ansiedade reativos a eventos interpessoais;

Medo intenso de abandono, levando a comportamentos de reaproximação ou reações de raiva desproporcionais;

Relacionamentos interpessoais instáveis, marcados por idealização e desvalorização;

Impulsividade em áreas potencialmente autodestrutivas;

Condutas autolesivas e tentativas de suicídio como forma de autorregulação emocional (Paris, 2019).


Além disso, experiências adversas na infância, como negligência, invalidação emocional e abuso, são frequentemente relatadas, reforçando a concepção biossocial do transtorno (Crowell; Beauchaine; Linehan, 2019).


Estratégias familiares 


A atuação da família é essencial para o manejo eficaz do TPB. As principais estratégias incluem:

1. Psicoeducação estruturada: Promove compreensão e redução do estigma, além de aumentar a adesão ao tratamento (Lieb et al., 2020).

2. Treinamento em comunicação e validação emocional: Intervenções baseadas na Terapia Comportamental Dialética (DBT) mostram eficácia em melhorar a dinâmica familiar (Fruzzetti; Payne, 2020).

3. Estabelecimento de limites claros e empáticos: Favorece um ambiente previsível e menos reativo, com menos reforço a comportamentos desadaptativos.

4. Grupos multifamiliares terapêuticos: Permitem suporte entre famílias, troca de experiências e desenvolvimento de estratégias coletivas de enfrentamento (Hoffman; Fruzzetti; Swenson, 2022).

5. Promoção da autonomia da paciente: A superproteção pode reforçar a dependência emocional. Estimular a autorregulação emocional é essencial.

6. Atenção à saúde mental dos cuidadores: O suporte psicológico aos familiares é fundamental para prevenir esgotamento, frustração e sentimentos de impotência (Bailey; Grenyer, 2023).


Considerações finais


A mulher com TPB representa um desafio clínico importante, tanto no contexto individual quanto familiar. A participação ativa dos familiares em intervenções estruturadas favorece o prognóstico e contribui para a melhora da qualidade das relações e da convivência. O uso de estratégias baseadas em evidências é crucial para garantir acolhimento, estrutura e equilíbrio emocional para todos os envolvidos.


Referências (ABNT)


AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5-TR. 5. ed., texto rev. Porto Alegre: Artmed, 2022.


BAILEY, R. C.; GRENYER, B. F. S. Supporting families of individuals with borderline personality disorder: A systematic review of interventions. Journal of Personality Disorders, v. 37, n. 1, p. 1–15, 2023. 


CROWELL, S. E.; BEAUCHAINE, T. P.; LINEHAN, M. M. A biosocial developmental model of borderline personality: Elaborating and extending Linehan’s theory. Psychological Bulletin, v. 145, n. 6, p. 510–529, 2019.


FRUZZETTI, A. E.; PAYNE, L. Family involvement in the treatment of borderline personality disorder: A call to action. Borderline Personality Disorder and Emotion Dysregulation, v. 7, n. 1, p. 1–10, 2020.


HOFFMAN, P. D.; FRUZZETTI, A. E.; SWENSON, C. R. Dialectical behavior therapy with families. New York: Guilford Press, 2022.


LIEB, K. et al. Borderline personality disorder. The Lancet, v. 396, n. 10248, p. 1522–1531, 2020.


PARIS, J. Understanding borderline personality disorder: Development, psychopathology, and treatment. Oxford: Oxford University Press, 2019.


SKODOL, A. E.; MOREY, L. C.; BENDER, D. S. Personality disorders in DSM-5: Emerging research and clinical issues. Annual Review of Clinical Psychology, v. 17, p. 317–341, 2021.


ZANARINI, M. C. et al. The 10-year course of interpersonal features in borderline personality disorder. Journal of Personality Disorders, v. 34, n. 4, p. 465–479, 2020.

sexta-feira, 11 de abril de 2025

Verifique qual o melhor partido em quem votar





 Para quem se quer abster, este é um apelo à participação.Veja qual o partido e as propostas com que mais se identifica. E depois, vote. O seu voto é a prova da sua existência e querer como cidadão! 

. Aqui estão algumas estratégias chave:

1. Fortalecer a Mensagem e a Identidade do Partido:

 * Clareza e Consistência: Certifique-se de que a mensagem central do seu partido é clara, concisa e ressoa com as preocupações do eleitorado. Mantenha a consistência dessa mensagem em todos os canais de comunicação.

 * Diferenciação: Destaque o que torna o seu partido único e diferente dos outros. Quais são os seus valores fundamentais, as suas políticas distintivas e a sua visão para o futuro de Portugal?

 * Apelo Emocional: Conecte-se emocionalmente com os eleitores, abordando as suas esperanças, medos e aspirações. Uma mensagem que ressoa a nível emocional tende a ser mais memorável e persuasiva.

 * Narrativa Forte: Construa uma narrativa coesa sobre o passado, o presente e o futuro que o seu partido propõe para Portugal. As pessoas respondem a histórias.

2. Comunicar Eficazmente as Políticas e Propostas:

 * Linguagem Acessível: Evite jargão técnico e explique as suas políticas de forma clara e simples, para que todos os eleitores possam entender os benefícios diretos para as suas vidas.

 * Evidências e Dados: Fundamente as suas propostas com dados, estudos e exemplos concretos para demonstrar a sua viabilidade e impacto positivo.

 * Segmentação da Mensagem: Adapte a sua mensagem para diferentes grupos de eleitores, destacando os aspetos das suas políticas que são mais relevantes para cada segmento (jovens, idosos, empresários, etc.).

 * Utilização de Diferentes Canais: Utilize uma variedade de canais de comunicação para alcançar diferentes públicos: televisão, rádio, redes sociais, eventos presenciais, comunicação porta-a-porta, etc.

 * Conteúdo Visual Atraente: Utilize vídeos, infografias e outros elementos visuais para tornar a sua comunicação mais dinâmica e envolvente.

3. Construir Confiança e Credibilidade:

 * Liderança Forte e Visível: Apresente líderes carismáticos, competentes e que inspirem confiança. A sua comunicação e ações devem refletir os valores do partido.

 * Histórico de Ações: Se o seu partido já esteve no poder ou tem um histórico de iniciativas bem-sucedidas, destaque essas conquistas para demonstrar a sua capacidade de concretizar as suas promessas.

 * Transparência e Ética: Demonstre um compromisso com a transparência e a ética em todas as suas operações e comunicações.

 * Responsabilidade: Reconheça erros passados e mostre como aprendeu com eles. Assumir responsabilidade constrói credibilidade.

 * Interação Genuína: Os líderes e representantes do partido devem interagir genuinamente com os eleitores, ouvindo as suas preocupações e respondendo às suas perguntas.

4. Mobilizar o Eleitorado Base e Conquistar Indecisos:

 * Identificação e Engajamento da Base: Identifique os seus apoiantes mais leais e mobilize-os para votarem e para influenciarem outros.

 * Estratégias de Mobilização: Utilize telefonemas, e-mails, mensagens nas redes sociais e eventos para incentivar os seus apoiantes a votar.

 * Foco nos Indecisos: Identifique os grupos de eleitores indecisos e direcione mensagens específicas para abordar as suas preocupações e apresentar as vantagens de votar no seu partido.

 * Campanhas de "Porta a Porta": O contacto pessoal pode ser muito eficaz para persuadir eleitores indecisos e reforçar o apoio entre os seus eleitores base.

 * Utilização de Testemunhos: Apresente testemunhos de pessoas reais que foram positivamente impactadas pelas políticas do seu partido.

5. Adaptar-se ao Contexto Atual:

 * Compreensão do Cenário Político: Analise o cenário político atual, as preocupações dominantes na sociedade portuguesa e as estratégias dos seus adversários.

 * Resposta a Eventos Atuais: Seja ágil na resposta a eventos importantes e demonstre como as suas políticas se aplicam à situação atual.

 * Utilização Estratégica das Redes Sociais: As redes sociais são cruciais para o debate político em Portugal. Utilize-as para disseminar a sua mensagem, interagir com os eleitores e combater a desinformação.

 * Monitorização da Opinião Pública: Acompanhe as sondagens e o sentimento online para ajustar a sua estratégia de campanha conforme necessário.

6. Organização e Recursos:

 * Equipa de Campanha Eficaz: Tenha uma equipa de campanha bem organizada, motivada e com as competências necessárias para executar a sua estratégia.

 * Voluntariado: Envolva voluntários para ajudar em diversas tarefas da campanha, desde a distribuição de folhetos até à organização de eventos.

 * Financiamento Adequado: Garanta que tem os recursos financeiros necessários para implementar as suas atividades de campanha.

Em resumo, para influenciar os eleitores a votarem no seu partido, é crucial:

 * Ter uma mensagem clara e apelativa.

 * Comunicar eficazmente as suas propostas.

 * Construir confiança e credibilidade.

 * Mobilizar a sua base e persuadir os indecisos.

 * Adaptar-se ao contexto político e social.

 * Ter uma organização de campanha eficiente.

Lembre-se que a consistência, a autenticidade e o foco nas necessidades dos eleitores são fundamentais para o sucesso de qualquer campanha eleitoral.


sexta-feira, 21 de março de 2025

21 março DIA MUNDIAL DA POESIA

 

Foto, MRodas, Águeda, 2025

Hoje todo o mundo celebra a poesia e faz bem. 

A poesia merece.

O mundo não sei.

Não me alegram as cidades destruídas da Palestina

Nem as da Ucrânia.

As crianças e corpos mortos nos escombros das armas

Os fascistas a ganharem terreno 

E batem-nos à porta, ameaçadores 

E nós distraídos, a olhá-los como se fossem  coitadinhos, ignorantes, néscios…

Distraídos somos nós, os poetas, à procura da beleza, do encanto 

A tentar transformar armas em rosas e cravos

E sangue em tinta vermelha nos quadros do museu.

Distraídos a não querer ver as armas apontadas aos nossos olhos

A destruição da harmonia e da beleza, da vida e da natureza..

A destruição da amizade, liberdade, solidariedade.


Achamos estranhos os emigrantes 

E não gostamos dos imigrantes

Mas não achamos malditos os que nos prometem e oferecem a destruição e a morte.

Na Europa, ou na América, na Ásia ou na Gronelândia.

Prometem justiça e são corruptos

Prometem honestidade e são ladrões

Prometem desenvolvimento, democracia e são uns ditadores.

Enganam-nos com os direitos e a indignação, mas escondem a tirania.


Queria ver poesia no mundo, queria ver flores as janelas, 

Alegria nas ruas, olhos brilhantes, risos longos, longos…

O pão a rimar com irmão

Amizade com igualdade


Os jovens que nos perdoem 

E nos prometam 

Tentem fazer melhor!

Inventem a poesia todos os dias

Nós apenas temos um dia, 21 março!

Que a poesia e a liberdade nunca morram. 

Viva a poesia, viva a vida!

terça-feira, 4 de março de 2025

CARNAVAL

 



O que é o carnaval? Apresentamos várias perspectivas. Com qual se identifica mais?

Carnaval é o primeiro ministro vender a empresa à esposa e depois voltar a vendê-la aos filhos e netos...

Carnaval é o Chega apresentar um Moção de censura ao governo, depois de andar a roubar malas nos aeroportos e mais não sei quantos casos em tribunal.

Carnaval é o PCP apresentar uma moção de censura e o PS assobiar pro lado.

Carnaval é o Presidente  querer ser ouvido pelo Primeiro ministro e este não lhe ligar pévia e todos estarmos já fartos dos dois.

Carnaval é o PS requerer uma Comissão de Inquérito ao primeiro ministro e irmos ouvir as desculpas deste e da Solverde. 

Carnaval é o primeiro ministro querer negociar a desistência da moção de confiança com a redução da comissão de inquérito para 15 dias.

Carnaval é isto!

Ou o Trump querer uma estancia de férias na PALESTINA, QUERER O CANADÁ E MAIS O PANAMÁ E AINDA AS TERRAS RICAS DA UCRÂNIA E O QUE MAIS SE SABERÁ.

Viva o Carnaval!


Mas vamos ouvir outras opiniões de pessoas ilustres


Santo Agostinho não deixou uma definição direta do Carnaval como o conhecemos hoje. No entanto, suas obras e ensinamentos fornecem algumas pistas sobre como ele via as festividades e os excessos da época.

Pontos importantes

  • Alegria e Moderação: Agostinho reconhecia que a alegria e o bem-estar eram dons divinos. Ele não condenava a diversão em si, mas enfatizava a importância da moderação e do equilíbrio.
  • Período de Reflexão: O Carnaval, como um período de excessos antes da Quaresma, poderia ser visto por Agostinho como um momento de preparação para a reflexão e a penitência.
  • Pecado e Excessos: Agostinho era um crítico dos excessos e dos prazeres mundanos que poderiam desviar as pessoas do caminho da fé. Ele alertava sobre os perigos da luxúria, da gula e de outros pecados capitais.
  • Foco na Vida Espiritual: Para Agostinho, o objetivo principal da vida era buscar a Deus e a salvação da alma. Ele via as festividades e os prazeres terrenos como distrações que poderiam impedir essa busca.

Visão Geral

Em resumo, Santo Agostinho não condenava a alegria e a celebração, mas enfatizava a importância da moderação e do equilíbrio. Ele via o Carnaval como um período que deveria ser seguido por um tempo de reflexão e penitência, preparando os fiéis para a Quaresma.

É importante notar que a visão de Santo Agostinho sobre o Carnaval é uma interpretação baseada em seus escritos e ensinamentos. Não há um consenso entre os estudiosos sobre como ele via especificamente essa festividade.


O que é o carnaval segundo Sócrates 

Sócrates, o filósofo ateniense que viveu no século V a.C., não deixou escritos próprios. O que sabemos sobre seu pensamento vem principalmente dos diálogos de seu discípulo Platão e de outras fontes secundárias. Portanto, não há uma definição direta do Carnaval segundo Sócrates.
No entanto, podemos inferir algumas ideias sobre como ele poderia encarar as festividades, considerando sua filosofia:

Racionalidade e Autocontrole:
Sócrates valorizava a razão e o autocontrole como pilares da vida virtuosa. Ele provavelmente questionaria os excessos e a falta de moderação que muitas vezes caracterizam o Carnaval.
Ele enfatizaria a importância de examinar criticamente as tradições e costumes, em vez de segui-los cegamente.

Busca pela Verdade e Virtude:
Para Sócrates, o objetivo principal da vida era buscar a verdade e a virtude. Ele poderia ver as festividades carnavalescas como distrações que desviam as pessoas dessa busca. Ele poderia questionar se o Carnaval promove a virtude ou se apenas satisfaz os desejos passageiros.

Diálogo e Reflexão:
Sócrates era conhecido por seu método de diálogo, no qual questionava as pessoas para levá-las a refletir sobre suas crenças e valores.
Ele provavelmente usaria o Carnaval como uma oportunidade para iniciar discussões sobre a natureza da felicidade, do prazer e da virtude.
Em resumo, embora não haja uma definição direta do Carnaval segundo Sócrates, é provável que ele o encarasse com um olhar crítico, enfatizando a importância da razão, do autocontrole e da busca pela virtude.

O que é o carnaval segundo Freud 

Freud não escreveu especificamente sobre o Carnaval, mas suas teorias psicanalíticas oferecem uma lente interessante para analisarmos essa festividade. Aqui estão alguns pontos-chave:

1. Liberação do Id:

O Carnaval pode ser visto como um período de liberação do "id", a parte mais primitiva e instintiva da nossa psique.

As fantasias, a música e a dança permitem que as pessoas expressem desejos e impulsos reprimidos, que normalmente seriam controlados pelo "ego" e pelo "superego"
É um momento em que as normas sociais são temporariamente suspensas, permitindo que as pessoas se entreguem a prazeres e fantasias.

2. Retorno ao Primitivo:
  • Freud acreditava que os rituais e festividades muitas vezes representam um retorno a estágios anteriores do desenvolvimento humano.
  • O Carnaval, com suas máscaras e rituais, pode ser interpretado como um retorno a um estado mais primitivo e coletivo, onde as identidades individuais se dissolvem em um todo maior.

3. Expressão do Inconsciente:

  • As fantasias e os temas do Carnaval podem revelar desejos e medos inconscientes.
  • As máscaras, por exemplo, podem permitir que as pessoas expressem lados de si mesmas que normalmente manteriam ocultos.
  • O Carnaval pode ser visto como uma forma de "válvula de escape" para o inconsciente coletivo, permitindo que as tensões e frustrações acumuladas sejam liberadas de forma simbólica.

4. A Importância do Coletivo:

  • O Carnaval é uma festa coletiva, que une as pessoas em um senso de comunidade e pertencimento.
  • Freud enfatizava a importância dos laços sociais e da identificação com o grupo.
  • O carnaval pode ser visto como uma forma de fortalecer esses laços e de reforçar a identidade coletiva.

Em resumo:

  • Freud via o inconsciente como uma força poderosa que influencia o comportamento humano.
  • O Carnaval pode ser interpretado como um período de liberação do inconsciente, onde desejos e impulsos reprimidos são expressos de forma simbólica.
  • É um momento de suspensão das normas sociais, de retorno ao primitivo e de fortalecimento dos laços coletivos.

É importante lembrar que essa é apenas uma interpretação possível do Carnaval à luz das teorias de Freud. Outras perspectivas psicanalíticas e sociológicas também podem oferecer insights valiosos sobre essa festividade.

O que é o carnaval segundo J.Lacan 

Jacques Lacan, um psicanalista francês, não escreveu especificamente sobre o Carnaval. No entanto, suas teorias psicanalíticas fornecem uma estrutura para entender essa festividade de uma perspectiva lacaniana. Aqui estão alguns pontos-chave:

  • O Simbólico e o Imaginário:
    • O Carnaval pode ser visto como um momento em que as normas do "simbólico" (a ordem social e a linguagem) são temporariamente suspensas, permitindo que o "imaginário" (o mundo das imagens e fantasias) tome o centro do palco.
    • As máscaras e fantasias permitem que as pessoas assumam identidades diferentes, borrando as fronteiras entre o eu e o outro.
  • O Real:
    • O Carnaval também pode ser interpretado como um encontro com o "real", o que está fora da linguagem e da representação.
    • A intensidade das emoções, a música e a dança podem levar as pessoas a um estado de êxtase que transcende a experiência cotidiana.
  • O Outro:
    • O Carnaval é uma festa coletiva que envolve a interação com o "Outro" (o outro social, o inconsciente coletivo).
    • As festividades proporcionam um espaço para a expressão de desejos e fantasias que geralmente são reprimidos na vida cotidiana.
  • A Máscara e o Semblante:
    • Lacan dá grande importância ao conceito de "semblante", que é a aparência que usamos para nos apresentar ao mundo.
    • No Carnaval, as máscaras e fantasias exageram essa função, revelando a natureza performática da identidade.
    • O Carnaval pode ser visto como um momento em que as pessoas experimentam com diferentes semblantes, explorando as possibilidades de ser outro.

Em resumo, uma perspectiva lacaniana do Carnaval enfatizaria a suspensão temporária da ordem simbólica, a expressão do imaginário e o encontro com o real. As máscaras e fantasias permitem que as pessoas experimentem com diferentes identidades e explorem os limites do eu e do outro.


O que é o carnaval segundo Maomé 


Maomé, o profeta do Islã, viveu no século VII d.C., em um contexto cultural e geográfico muito diferente do Carnaval, que se desenvolveu na Europa cristã. Portanto, não há registros de seus ensinamentos ou opiniões específicas sobre essa festividade.

No entanto, podemos entender a visão islâmica sobre festividades e celebrações, que se baseia nos ensinamentos do Alcorão e da Sunnah (os ensinamentos e práticas de Maomé):

Princípios islâmicos sobre festividades:

  • Moderação e equilíbrio: O Islã enfatiza a importância da moderação em todas as áreas da vida, incluindo festividades. Excessos e extravagâncias são desencorajados.
  • Foco na espiritualidade: As celebrações islâmicas geralmente têm um caráter religioso, com foco na gratidão a Deus e na lembrança de Seus ensinamentos.
  • Evitar comportamentos proibidos: O Islã proíbe comportamentos como consumo de álcool, jogos de azar, promiscuidade e idolatria.

Como o Islã vê o carnaval:

  • O Carnaval, com suas características de excessos, fantasias e mistura de gêneros, pode ser visto como incompatível com os princípios islâmicos.
  • A ênfase do Islã na moderação e na espiritualidade contrasta com a natureza muitas vezes extravagante e secular do Carnaval.
  • Comportamentos comuns no Carnaval, como o consumo de álcool e a mistura de gêneros, são proibidos no Islã.

Em resumo:

  • Maomé não deixou ensinamentos específicos sobre o Carnaval.
  • Os princípios islâmicos enfatizam a moderação, a espiritualidade e a evitação de comportamentos proibidos.
  • O Carnaval, com seus excessos e características seculares, pode ser visto como incompatível com a visão islâmica.

É importante notar que as interpretações e práticas do Islã podem variar entre diferentes comunidades e indivíduos.

O que é o carnaval segundo R. Barthes 


Roland Barthes, um dos maiores semioticistas do século XX, não se dedicou a analisar o Carnaval de forma específica, mas suas teorias e conceitos podem ser aplicados para compreendermos essa festividade sob uma perspectiva barthesiana.

Carnaval como linguagem e sistema de signos:

  • Barthes via a cultura como um sistema de signos, onde cada elemento possui um significado. O Carnaval, nesse sentido, pode ser interpretado como uma linguagem complexa, composta por fantasias, músicas, danças e rituais, que transmitem mensagens e significados.
  • As fantasias, por exemplo, funcionam como signos que comunicam identidades, papéis sociais e desejos. A escolha de uma fantasia específica pode revelar informações sobre a visão de mundo e os valores do indivíduo.
  • A música e a dança, por sua vez, podem ser interpretadas como signos que expressam emoções, sentimentos e identidades culturais.

Carnaval como inversão e transgressão:

  • Barthes explorou o conceito de transgressão em seus trabalhos, analisando como as normas sociais são desafiadas e subvertidas. O Carnaval, nesse contexto, pode ser visto como um período de inversão e transgressão, onde as hierarquias sociais são temporariamente suspensas e os papéis sociais são invertidos.
  • A utilização de máscaras e fantasias permite que as pessoas assumam identidades diferentes, borrando as fronteiras entre o eu e o outro.
  • O Carnaval também pode ser interpretado como um momento de liberação de desejos reprimidos e de expressão de identidades marginais.

Carnaval como espetáculo e mito:

  • Barthes analisou o conceito de mito em seus trabalhos, explorando como os significados culturais são construídos e disseminados. O Carnaval, nesse sentido, pode ser visto como um espetáculo que cria e reforça mitos e narrativas culturais.
  • O Carnaval, como espetáculo de massa, reforça alguns mitos, e desconstrói outros. O processo de carnavalização permite esta dupla visão.
  • O Carnaval, como todo espetáculo, está sujeito a interpretações diversas, e a construção de significados diversos.

Em resumo:

  • Uma perspectiva barthesiana do Carnaval enfatizaria a análise da festividade como um sistema de signos, onde cada elemento possui um significado cultural.
  • O Carnaval seria interpretado como um período de inversão e transgressão, onde as normas sociais são temporariamente suspensas e os papéis sociais são invertidos.
  • O Carnaval seria visto como um espetáculo que cria e reforça mitos e narrativas culturais.

É importante ressaltar que essa é apenas uma interpretação possível do Carnaval à luz das teorias de Barthes. Outras perspectivas semióticas e sociológicas também podem oferecer insights valiosos sobre essa festividade.


O que é o carnaval segundo Agostinho da Silva 


Agostinho da Silva, filósofo, poeta e ensaísta português, não deixou uma análise específica sobre o Carnaval. No entanto, sua visão de mundo e seus escritos oferecem algumas pistas sobre como ele poderia ter encarado essa festividade:

Uma visão da alegria e da liberdade

  • Agostinho da Silva valorizava a alegria e a liberdade como elementos essenciais da vida humana. Ele acreditava que a felicidade era um direito fundamental e que as pessoas deveriam buscar a realização pessoal.
  • Nesse sentido, ele poderia ter visto o Carnaval como um momento de celebração da vida, de expressão da alegria e de libertação das convenções sociais.

A crítica aos excessos e à superficialidade

  • Por outro lado, Agostinho da Silva era um crítico dos excessos e da superficialidade. Ele alertava sobre os perigos do consumismo, do materialismo e da busca desenfreada por prazeres passageiros.
  • Ele poderia ter encarado o Carnaval com certa reserva, questionando se a festividade não se tornava, muitas vezes, um mero pretexto para o consumo excessivo e a busca por prazeres superficiais.

A busca pela essência humana

  • Agostinho da Silva acreditava que o ser humano deveria buscar a sua essência, a sua verdadeira natureza. Ele valorizava a autenticidade, a individualidade e a busca por um sentido mais profundo na vida.
  • Nesse sentido, ele poderia ter visto o Carnaval como uma oportunidade para as pessoas se expressarem livremente, para experimentarem diferentes papéis sociais e para se conectarem com a sua essência.

Em resumo

  • Agostinho da Silva provavelmente teria visto o Carnaval com uma visão ambivalente, reconhecendo o seu potencial para a celebração da vida e a expressão da liberdade, mas também alertando sobre os perigos dos excessos e da superficialidade.
  • De acordo com a sua filosofia, ele incentivaria as pessoas a aproveitarem o Carnaval de forma consciente, buscando a alegria e a liberdade sem se perderem nos excessos e na superficialidade.

Para uma melhor compreensão do pensamento de Agostinho da Silva, sugiro a leitura de algumas de suas obras, como "Sete Cartas a um Jovem Filósofo" e "Considerações".


Alexandre Inácio