segunda-feira, 15 de julho de 2024

Diálogos controversos

 

(Cenário: uma sala de espera em um consultório médico)


**Racista**: (olhando para a pessoa deficiente) Nossa, você não acha que pessoas como você deviam ter lugares especiais para esperar? Assim não atrapalham os outros.


**Pessoa Deficiente**: (calmamente) Lugares especiais? Você está dizendo que eu, por ser deficiente, não deveria estar aqui como qualquer outra pessoa?


**Racista**: Sim, exatamente. E as pessoas da sua raça também. Vocês não deveriam estar misturados com a gente.


**Pessoa Deficiente**: Você realmente acha que é melhor do que eu por não ter uma deficiência ou por ser de outra raça?


**Racista**: É claro! Pessoas como eu são superiores, você sabe disso.


**Pessoa Deficiente**: Superioridade não se mede pela cor da pele ou pela ausência de uma deficiência. Medimos pela nossa empatia, respeito e humanidade. E pelo que vejo, você está bastante em falta nessas áreas.


**Racista**: (irritado) Você tem muita coragem de falar comigo assim!


**Pessoa Deficiente**: Tenho coragem, sim. E não vou deixar alguém como você me diminuir. Eu mereço estar aqui tanto quanto qualquer outra pessoa. 


**Racista**: (em silêncio, visivelmente desconfortável)


**Pessoa Deficiente**: A verdade é que todos nós temos o direito de sermos tratados com dignidade e respeito. Talvez você devesse pensar sobre isso.


**(A recepcionista chama o próximo paciente)**


**Pessoa Deficiente**: Com licença, é a minha vez. Tenha um bom dia. E espero que um dia você possa ver além do preconceito e entender o verdadeiro valor das pessoas.


(A pessoa deficiente se levanta e segue para o consultório, deixando o racista refletindo sobre suas palavras.)


II ATO

(Cenário: a sala de espera continua silenciosa. Outras pessoas presentes observam a interação)


**Racista**: (tentando se justificar para os outros na sala) Vocês ouviram o que ele disse? Ele estava me desrespeitando!


**Pessoa Deficiente**: (virando-se para o racista, antes de entrar no consultório) Eu não desrespeitei você. Apenas não aceito ser tratado como inferior. Todos merecemos respeito.


**Racista**: (tentando recuperar a compostura) Respeito é algo que se conquista.


**Pessoa Deficiente**: Exatamente. E respeito também se dá, independentemente de raça, deficiência ou qualquer outra diferença. 


**Racista**: (ainda irritado) E quem decide isso? Você?


**Pessoa Deficiente**: Não sou só eu. A sociedade está evoluindo, e as leis também refletem isso. Discriminação e preconceito são combatidos justamente porque sabemos que são errados. 


**Uma Mulher Idosa na Sala de Espera**: (intervindo) Ele está certo. Já vimos muito ódio e preconceito. Não precisamos mais disso. Somos todos seres humanos.


**Racista**: (olhando ao redor, percebendo que está perdendo apoio) Talvez eu tenha me expressado mal...


**Pessoa Deficiente**: Todos cometem erros. O importante é aprender com eles e mudar. 


**Racista**: (respirando fundo) Talvez você tenha razão. Nunca pensei muito sobre isso. 


**Pessoa Deficiente**: É um começo. Todos podemos aprender a ser melhores.


**Recepcionista**: (chamando a pessoa deficiente novamente) Senhor, pode entrar agora.


**Pessoa Deficiente**: (sorrindo para o racista e os outros na sala) Até logo. 


(A pessoa deficiente entra no consultório, e a sala de espera fica em silêncio por um momento)


**Racista**: (pensativo) Talvez seja hora de eu reconsiderar minhas atitudes. Desculpem a todos.


**Uma Mulher Jovem na Sala de Espera**: Reconhecer que precisamos mudar é um grande passo. 


(A sala volta a ficar em silêncio, mas o ambiente está mais leve, com as pessoas refletindo sobre a importância do respeito e da igualdade.)


III ATO


Aqui está um exemplo de uma conversa dramática entre um racista e uma pessoa com deficiência, onde o racista precisa desesperadamente de ajuda:


---


**Cena: Um estacionamento vazio à noite. Um carro está com o pneu furado e o motorista, João, está lutando para trocá-lo. Ele está visivelmente irritado e ansioso. Pedro, um homem com deficiência que usa muletas, passa pelo local.**


**João:** (resmunga) Droga! Isso não pode estar acontecendo agora.


**Pedro:** (aproximando-se) Ei, você precisa de ajuda?


**João:** (olha para Pedro com desdém e hesita) Não... não... eu estou bem.


**Pedro:** (notando a dificuldade de João) Parece que você está tendo problemas com o pneu. Eu sei como trocar, posso ajudar.


**João:** (nervoso e desconfortável) Eu disse que estou bem.


**Pedro:** (paciente) Tudo bem, mas estou aqui se você mudar de ideia.


**João:** (tentando, mas falhando em trocar o pneu) Maldito pneu... (olha ao redor, vê Pedro ainda por perto)


**Pedro:** (com um leve sorriso) Não é tão difícil, você só precisa de um pouco de prática.


**João:** (com raiva e frustração) Por que você se importa? Não precisa da sua piedade.


**Pedro:** Não é piedade, é apenas ajuda. Todos precisamos de ajuda às vezes.


**João:** (respira fundo, luta com seus preconceitos) Escuta... eu... eu realmente preciso de ajuda. Eu não consigo fazer isso sozinho.


**Pedro:** (se aproxima) Sem problemas, vamos fazer isso juntos. (começa a ajudar João)


**João:** (hesitante) Eu... eu sinto muito. Pelo que eu disse... e pelo que pensei de você. Foi errado.


**Pedro:** (calmo e compreensivo) Não se preocupe. O importante é que estamos aqui agora, ajudando um ao outro.


**João:** (abaixa a cabeça, envergonhado) Obrigado. Eu realmente agradeço.


**Pedro:** (sorri) De nada. Todos nós temos nossos momentos. Agora, vamos terminar isso.


Alexandre Inácio

sexta-feira, 12 de julho de 2024

14 - Censura ao movimento LGBT+

 



14 - Censura ao movimento LGBT+

A censura ao movimento LGBT+ em sociedades capitalistas tradicionais pode ser compreendida através de uma análise multifacetada, considerando fatores econômicos, sociais, políticos e culturais. Aqui estão algumas das principais razões:

### 1. **Manutenção da Ordem Social Tradicional**

- **Papel da Família Nuclear**: No capitalismo tradicional, a família nuclear (heterossexual, com papéis de gênero bem definidos) é vista como a unidade básica de consumo e reprodução da força de trabalho. Qualquer forma de sexualidade ou estrutura familiar que desafie esse modelo é percebida como uma ameaça à estabilidade e à ordem social.

- **Normas e Valores Conservadores**: Muitas sociedades capitalistas tradicionais são influenciadas por valores conservadores e religiosos que promovem normas heteronormativas e patriarcais. Essas normas são mantidas para garantir a conformidade social e a continuidade de estruturas hierárquicas.

### 2. **Controle e Dominação**

- **Poder e Autoridade**: Instituições como o Estado, a religião e a família tradicional exercem controle sobre a sexualidade como uma forma de manter a autoridade e a dominação. Movimentos que desafiam essas normas, como o movimento LGBT+, são vistos como subversivos e potencialmente desestabilizadores.

- **Repressão Sexual**: Conforme argumentado por Wilhelm Reich, a repressão sexual pode ser usada como uma ferramenta de controle social. A liberação sexual, promovida pelo movimento LGBT+, ameaça essas estruturas de controle ao desafiar as normas repressivas.


### 3. **Economia e Consumismo**

- **Mercado de Consumo**: A economia capitalista depende de consumidores previsíveis e conformistas. A inclusão de diversas identidades sexuais e de gênero pode ser vista como uma complicação para mercados estabelecidos e campanhas de marketing tradicionais que se baseiam em estereótipos de gênero e papéis sexuais normativos.

- **Resistência à Diversidade**: A diversidade promovida pelo movimento LGBT+ pode ser percebida como uma ameaça às práticas empresariais conservadoras. Empresas e mercados que se beneficiam da manutenção de normas tradicionais podem resistir às mudanças que o movimento LGBT+ representa.


### 4. **Política e Legislação**

- **Legislação Discriminatória**: Em muitas sociedades capitalistas tradicionais, existem leis e políticas que discriminam pessoas LGBT+, limitando seus direitos e proteções. Essas leis refletem e reforçam os valores conservadores predominantes.

- **Interesses Políticos**: Políticos conservadores muitas vezes usam a oposição ao movimento LGBT+ como uma estratégia para mobilizar eleitores conservadores e garantir apoio político. Ao censurar o movimento LGBT+, eles podem consolidar seu poder e influência.


### 5. **Cultura e Mídia**

- **Representação e Invisibilidade**: A mídia em sociedades capitalistas tradicionais frequentemente representa a heteronormatividade como a norma, marginalizando ou distorcendo as representações de pessoas LGBT+. Isso reforça a invisibilidade e a estigmatização das identidades LGBT+.

- **Propaganda e Publicidade**: A publicidade e a propaganda frequentemente utilizam imagens e narrativas que sustentam normas sexuais tradicionais, excluindo ou estereotipando pessoas LGBT+. Isso perpetua preconceitos e limita a aceitação social.


### 6. **Interseccionalidade e Desigualdade**

- **Interseções de Opressão**: Pessoas LGBT+ frequentemente enfrentam múltiplas formas de opressão, incluindo aquelas baseadas em raça, classe, gênero e sexualidade. A interseccionalidade dessas opressões pode intensificar a censura e a marginalização.

- **Desigualdade Econômica**: Pessoas LGBT+ muitas vezes enfrentam desigualdades econômicas adicionais, incluindo discriminação no emprego e na habitação, o que pode ser exacerbado por políticas e práticas capitalistas.


### 7. **História e Tradição**

- **História de Opressão**: Em muitas sociedades, a discriminação contra pessoas LGBT+ tem raízes profundas na história e tradição. Essas tradições são frequentemente mantidas como uma forma de preservar a identidade cultural e social de um grupo, e qualquer mudança é vista como uma ameaça à continuidade dessas tradições.

- **Colonialismo e Imperialismo**: As influências coloniais também têm um papel na opressão de pessoas LGBT+. Muitas culturas indígenas tinham concepções de gênero e sexualidade mais fluidas e inclusivas que foram suprimidas pelos colonizadores europeus, que impuseram suas próprias normas heteronormativas e patriarcais.


### 8. **Religião e Moralidade**

- **Doutrinas Religiosas**: Muitas religiões dominantes em sociedades capitalistas tradicionais condenam práticas e identidades LGBT+. A interpretação literal de textos religiosos é frequentemente usada para justificar a discriminação e a censura, promovendo a ideia de que a heterossexualidade é a única forma moralmente aceitável de sexualidade.

- **Moralidade Pública**: As normas religiosas muitas vezes influenciam as leis e políticas públicas, criando um ambiente onde a moralidade é legislada e a diversidade sexual é criminalizada ou marginalizada. Isso fortalece a posição de grupos conservadores que se opõem ao movimento LGBT+.


### 9. **Medo e Desinformação**

- **Medo do Desconhecido**: A falta de educação e compreensão sobre questões LGBT+ leva ao medo e à desinformação. Este medo é explorado por forças conservadoras para promover agendas anti-LGBT+, perpetuando mitos e estereótipos prejudiciais.

- **Campanhas de Desinformação**: Grupos anti-LGBT+ frequentemente utilizam campanhas de desinformação para espalhar ideias falsas e alarmistas sobre pessoas LGBT+, sugerindo que elas são uma ameaça à sociedade ou que suas identidades são anormais ou imorais.


### 10. **Psicologia de Massa**

- **Conformidade Social**: As sociedades capitalistas tradicionais frequentemente incentivam a conformidade e a adesão a normas estabelecidas. A diversidade sexual e de gênero desafia essas normas, criando um ambiente onde aqueles que se desviam são marginalizados ou ostracizados.

- **Psicologia de Grupo**: A pressão para se conformar às expectativas de grupo pode levar indivíduos a rejeitar ou censurar identidades LGBT+, mesmo que pessoalmente possam ter simpatia ou compreensão. Isso é exacerbado pela dinâmica de grupo e a necessidade de pertencimento.


### 11. **Interesses Econômicos**

- **Exploração Econômica**: A discriminação contra pessoas LGBT+ pode ser economicamente motivada. Empregadores e instituições podem explorar vulnerabilidades econômicas e sociais de pessoas LGBT+, oferecendo salários mais baixos ou condições de trabalho precárias devido à falta de proteção contra discriminação.

- **Poder Econômico de Grupos Conservadores**: Empresas e políticos podem censurar o movimento LGBT+ para apelar a consumidores e eleitores conservadores. A censura pode ser uma estratégia para manter o apoio econômico e político desses grupos.


### 12. **Sistemas de Poder e Patriarcado**

- **Patriarcado**: O patriarcado é um sistema de poder que beneficia da manutenção de normas de gênero rígidas. O movimento LGBT+ desafia essas normas, ameaçando o status quo e a distribuição de poder que privilegia homens heterossexuais cisgêneros.

- **Heteronormatividade**: A heteronormatividade é a suposição de que a heterossexualidade é a norma ou a forma superior de orientação sexual. Este sistema de crenças é reforçado por instituições sociais e culturais que se beneficiam da manutenção de uma hierarquia sexual.


### 13. **Interseções de Identidade**

- **Raça e Classe**: A opressão de pessoas LGBT+ é frequentemente exacerbada por outras formas de discriminação, como racismo e classismo. Pessoas LGBT+ de comunidades marginalizadas enfrentam múltiplas camadas de opressão que são intensificadas por políticas capitalistas que exploram essas vulnerabilidades.

- **Cruzamento de Identidades**: Movimentos sociais que abordam apenas uma forma de opressão podem inadvertidamente excluir ou marginalizar aqueles que enfrentam múltiplas formas de discriminação, incluindo pessoas LGBT+. Isso pode enfraquecer a solidariedade e a eficácia das lutas contra a opressão.


### 14. **Cultura Corporativa**

- **Resistência à Mudança**: Empresas e corporações podem ser lentas para adotar políticas inclusivas devido à resistência interna ou medo de backlash. Culturas corporativas tradicionais podem ver a inclusão LGBT+ como desnecessária ou prejudicial aos negócios.

- **Marketing e Publicidade**: A representação de pessoas LGBT+ na publicidade e marketing pode ser limitada ou estereotipada, perpetuando ideias conservadoras e excluindo uma representação diversificada e autêntica.


### Conclusão


### Conclusão

A censura ao movimento LGBT+ em sociedades capitalistas tradicionais é motivada por uma complexa interseção de fatores econômicos, sociais, políticos e culturais. A manutenção da ordem social tradicional, o controle e dominação, a lógica de mercado, a legislação discriminatória, a representação na mídia e a interseccionalidade de opressões contribuem para essa censura. Entender essas dinâmicas é crucial para desafiar e mudar as estruturas que perpetuam a marginalização e a discriminação contra pessoas LGBT+.


II Bibliografia 


### 1. **Judith Butler**

- **Obras Relevantes**: "Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade", "Corpos que Importam: Sobre os Limites Discursivos do 'Sexo'"

- **Contribuições**: Butler é uma figura central na teoria queer e crítica à heteronormatividade. Ela analisa como normas de gênero e sexualidade são construídas e reforçadas pela sociedade, e como a resistência a essas normas desafia estruturas de poder.


### 2. **Michel Foucault**

- **Obras Relevantes**: "História da Sexualidade" (volumes 1, 2 e 3)

- **Contribuições**: Foucault explorou como a sexualidade é regulada por mecanismos de poder e conhecimento. Ele discutiu como a censura e a repressão sexual servem para manter a ordem social e os interesses do Estado e da economia capitalista.


### 3. **Herbert Marcuse**

- **Obras Relevantes**: "Eros e Civilização"

- **Contribuições**: Marcuse argumentou que a repressão sexual é um componente central do capitalismo, que utiliza a repressão dos desejos humanos para manter o controle social e econômico. Ele defendeu a liberação sexual como parte de uma revolução mais ampla contra o capitalismo.


### 4. **Gayle Rubin**

- **Obras Relevantes**: "Thinking Sex: Notes for a Radical Theory of the Politics of Sexuality"

- **Contribuições**: Rubin é conhecida por sua análise crítica das normas sexuais e por seu trabalho sobre as políticas sexuais. Ela argumenta que a repressão sexual e a censura ao movimento LGBT+ estão profundamente enraizadas nas estruturas sociais e econômicas.


### 5. **Adrienne Rich**

- **Obras Relevantes**: "Heterossexualidade Compulsória e Existência Lésbica"

- **Contribuições**: Rich introduziu o conceito de heterossexualidade compulsória, que descreve como a sociedade impõe a heterossexualidade como norma, marginalizando outras formas de sexualidade. Seu trabalho destacou a interseção de sexualidade, gênero e poder.


### 6. **Lisa Duggan**

- **Obras Relevantes**: "The Twilight of Equality? Neoliberalism, Cultural Politics, and the Attack on Democracy"

- **Contribuições**: Duggan explorou a relação entre neoliberalismo e políticas sexuais, argumentando que o neoliberalismo utiliza a homonormatividade para cooptar o movimento LGBT+ enquanto continua a marginalizar aqueles que não se encaixam na norma capitalista.


### 7. **Angela Davis**

- **Obras Relevantes**: "Mulheres, Raça e Classe"

- **Contribuições**: Davis discute a interseção de raça, gênero e classe, incluindo a opressão de pessoas LGBT+. Ela critica como o capitalismo utiliza a divisão e a repressão para manter o controle social.


### 8. **Eve Kosofsky Sedgwick**

- **Obras Relevantes**: "Epistemology of the Closet"

- **Contribuições**: Sedgwick é uma figura central na teoria queer. Ela explorou como as categorias de identidade sexual são usadas para controlar e marginalizar, e como a censura e a invisibilidade perpetuam essas dinâmicas de poder.


### 9. **Sara Ahmed**

- **Obras Relevantes**: "The Cultural Politics of Emotion", "Queer Phenomenology"

- **Contribuições**: Ahmed investiga como as emoções e as experiências corporais estão implicadas nas normas sociais e na censura de identidades queer, criticando as maneiras pelas quais o capitalismo e a heteronormatividade se entrelaçam.


### 10. **David Halperin**

- **Obras Relevantes**: "How to Do the History of Homosexuality", "Saint Foucault: Towards a Gay Hagiography"

- **Contribuições**: Halperin analisou como as práticas e identidades sexuais são historicamente construídas e reguladas. Ele discute a repressão e a censura de identidades queer no contexto de normas sociais e políticas capitalistas.


### 11. **John D'Emilio**

- **Obras Relevantes**: "Capitalism and Gay Identity"

- **Contribuições**: D'Emilio argumenta que o capitalismo criou as condições para o surgimento de identidades gays.


Alexandre Inácio



quinta-feira, 11 de julho de 2024

Sonho

 



Sonho


Havia um obstáculo imenso à minha esquerda

podiam ser  autocarros, penedos sombrios  e muito transito

ultrapassei pela direita porque tinha pressa, ou queria fugir dali

pousei os pés numa tábua onde mal cabiam os pés

 e segui as marés na procura doutra margem.

A água turva e ondulada do rio

espelhava a alma turbulenta que me suportava

e a  espuma da maresia me incitava a parar


Nao sabia se era profunda a dimensão da viagem

nem se tinha regresso

mas continuei sempre

sempre e indefinidamente.


Nunca o rio me parecera tao longo e largo

Foi o tempo sem cair, que me deu me forças e orientou a viagem

o medo sumira e e foi de braços abertos que as encontrei, a sorrirem para mim.

11-7-24

Manuel Rodas



quarta-feira, 10 de julho de 2024

Nietzsche

 

O amigo Alexandre Inácio faz um resumo da sua obra deste filósofo.

### Ideias Centrais de Nietzsche:


1. **Vontade de Poder**: Nietzsche argumenta que a força motriz fundamental em todos os seres vivos é a "vontade de poder", uma expressão do desejo de crescimento, domínio e afirmação. Ele vê essa vontade como mais fundamental que a sobrevivência ou a reprodução, contrastando com as ideias darwinistas.


2. **Niilismo**: Nietzsche identifica e critica o niilismo, a percepção de que a vida carece de sentido, propósito ou valor intrínseco. Ele vê o niilismo como uma consequência da "morte de Deus", uma metáfora para a perda de fé nas estruturas tradicionais de significado e moralidade. Sua obra busca responder ao niilismo propondo novos valores e significados.


3. **Eterno Retorno**: O conceito do eterno retorno desafia a imaginar que cada momento de nossa vida deve ser repetido eternamente. Nietzsche usa essa ideia para enfatizar a importância de viver de uma maneira que se possa afirmar a própria vida eternamente.


4. **Perspectivismo**: Nietzsche argumenta que não existem verdades absolutas, apenas perspectivas. Cada afirmação de verdade é, portanto, uma expressão de uma determinada perspectiva e da vontade de poder subjacente a ela.


### Outras Obras Importantes:


1. **"Humano, Demasiado Humano" (1878)**: Este livro marca uma mudança no pensamento de Nietzsche, afastando-se do idealismo romântico para uma análise mais crítica e científica dos valores e da moralidade. Ele aborda a psicologia, a religião, a moralidade e a sociedade de uma perspectiva racionalista.


2. **"A Gaia Ciência" (1882)**: Nesta obra, Nietzsche apresenta a ideia da "morte de Deus" e explora as implicações dessa perda de sentido religioso para a cultura ocidental. Ele também discute o conceito do eterno retorno e a importância de criar novos valores em um mundo sem fundamentos absolutos.


3. **"Crepúsculo dos Ídolos" (1889)**: Este livro é uma crítica incisiva aos ídolos da filosofia tradicional e da moralidade ocidental. Nietzsche usa aforismos para desconstruir conceitos como razão, moralidade cristã e a fé na verdade.


4. **"Para Além do Bem e do Mal"**: Continuando a crítica aos valores morais, Nietzsche examina como os conceitos de bem e mal são construídos e utilizados para controlar e limitar a humanidade. Ele propõe a transcendência desses valores para criar uma nova moralidade baseada na afirmação da vida e no poder criativo.


### Influência e Legado:


- **Filosofia Existencialista**: Nietzsche é frequentemente considerado um precursor do existencialismo, influenciando filósofos como Jean-Paul Sartre e Martin Heidegger, que exploraram temas de liberdade, autenticidade e a busca por significado em um mundo sem Deus.


- **Psicologia**: A influência de Nietzsche na psicologia é evidente em figuras como Sigmund Freud e Carl Jung. Sua exploração da psique humana, da moralidade e dos instintos forneceu um fundamento para a psicanálise e a psicologia analítica.


- **Literatura e Artes**: Escritores como Franz Kafka, James Joyce e Hermann Hesse encontraram inspiração nas ideias de Nietzsche, particularmente na exploração da condição humana e na crítica às convenções sociais.





- **Política e Sociologia**: Embora suas ideias tenham sido mal interpretadas e apropriadas por movimentos como o nazismo, Nietzsche se opôs ao anti-semitismo e ao nacionalismo. Suas críticas ao igualitarismo e à democracia liberal continuam a gerar debates sobre seu impacto e interpretação.


A filosofia de Nietzsche continua a ser um terreno fértil para discussão e análise, desafiando continuamente as ideias estabelecidas sobre moralidade, verdade e a condição humana.


Alexandre Inácio

domingo, 7 de julho de 2024

O que é o Conhecimento

 


 O que é o Conhecimento?


O que é o conhecimento, senão a luz que clareia,

A mente que busca, a verdade que anseia?

É o farol na noite, o guia na escuridão,

É a chama eterna, a resposta à indagação.


É o mapa do desconhecido, o caminho a trilhar,

Cada descoberta, uma estrela a brilhar.

Nos livros antigos, nas palavras ditas,

Nos sussurros do tempo, nas mentes benditas.


É o sábio silêncio, antes da palavra proferida,

A dúvida constante, a certeza contida.

É o voo do pensamento, sem medo de altura,

É a sede insaciável, a busca da cura.


O conhecimento é o espelho do ser,

Reflete o mundo e o poder de entender.

Cada fato, cada teoria, cada revelação,

É a tessitura da vida, a grande construção.


Mas é também o peso, o fardo a carregar,

Pois quanto mais se sabe, mais há de duvidar.

Em cada resposta, uma nova pergunta nasce,

E na busca incessante, a mente jamais padece.


É a beleza do cosmos, o código da criação,

Nas ciências, nas artes, na pura contemplação.

É a dança das ideias, a música do saber,

Um eterno enigma, um eterno florescer.


Conhecimento é vida, é a essência do pensar,

É a jornada infinita, é o verbo amar.

Pois na sabedoria, encontramos a união,

Do coração e da mente, em perfeita comunhão.


Alexandre Inácio

sexta-feira, 5 de julho de 2024

13 - Manipulação sexual na sociedade capitalista

 


13 -  manipulação sexual na sociedade capitalistaI

A análise do sexo como manipulação ideológica dentro do sistema capitalista é um tema amplamente discutido em diversas áreas, como a sociologia, filosofia, estudos culturais e teoria crítica. Vejamos alguns pontos principais dessa discussão:

### 1. **Mercantilização do Corpo e da Sexualidade**

No capitalismo, o corpo e a sexualidade frequentemente se tornam mercadorias. Isso é evidente na indústria da moda, da beleza, do entretenimento e da pornografia. Produtos e serviços são vendidos prometendo melhorar a aparência ou a performance sexual, perpetuando a ideia de que a felicidade e o sucesso estão ligados à atração sexual e à aparência física.

### 2. **Objetificação e Alienação**

A objetificação sexual, especialmente das mulheres, transforma seres humanos em objetos de desejo, desumanizando-os e perpetuando desigualdades de gênero. Essa objetificação está frequentemente ligada à alienação, um conceito marxista que descreve a desconexão das pessoas de sua verdadeira essência e potencial devido à exploração capitalista.

### 3. **Controle e Dominação**

Michel Foucault argumenta que o controle sobre a sexualidade é uma forma de poder e dominação. O capitalismo usa normas e valores sexuais para controlar comportamentos e manter a ordem social. Por exemplo, a promoção da família nuclear tradicional pode ser vista como uma forma de estabilizar e reproduzir a força de trabalho necessária ao sistema capitalista.

### 4. **Propaganda e Publicidade**

A publicidade explora intensamente a sexualidade para vender produtos, associando bens de consumo a ideais de beleza, juventude e atratividade sexual. Isso cria desejos artificiais e uma constante insatisfação, que alimenta o consumismo desenfreado.

### 5. **Produção de Ideologias e Cultura de Massa**

A indústria cultural, conforme analisada pela Escola de Frankfurt, desempenha um papel crucial na produção e disseminação de ideologias que sustentam o capitalismo. O sexo e a sexualidade são frequentemente utilizados para distrair, entreter e despolitizar a população, desviando a atenção das desigualdades e injustiças sociais.

### 6. **Reprodução da Força de Trabalho**

As normas sexuais e de gênero promovidas pelo capitalismo também têm a função de garantir a reprodução da força de trabalho. A família nuclear, com papéis de gênero tradicionais, é incentivada como unidade básica de produção e reprodução de trabalhadores.

### 7. **Normatização e Exclusão**

O capitalismo não apenas mercantiliza a sexualidade, mas também define normas rígidas sobre o que é considerado aceitável ou "normal". Essas normas muitas vezes marginalizam e excluem aqueles que não se conformam, como pessoas LGBTQIA+, promovendo uma conformidade que beneficia o status quo. Ao reforçar um ideal hegemônico de sexualidade, o sistema capitalista marginaliza identidades não normativas e consolida formas de opressão.

### 8. **Sexualidade e Trabalho**

No âmbito do trabalho, a sexualidade também é manipulada. Em muitos setores, a aparência física e a performance sexual são usadas como critérios de empregabilidade e ascensão profissional. Isso é particularmente evidente em indústrias como a moda, entretenimento e hospitalidade. O conceito de "capital erótico" (atratividade física e charme sexual) torna-se um ativo no mercado de trabalho, exacerbando desigualdades de gênero e perpetuando a exploração.

### 9. **Consumo e Identidade**

O capitalismo utiliza a sexualidade como uma ferramenta para moldar identidades de consumo. Produtos são vendidos como meios de expressão sexual e identidade pessoal, criando um ciclo de consumo baseado em aspirações sexuais e estéticas. A identidade sexual torna-se um mercado em si, com consumidores constantemente incentivados a comprar produtos que prometem melhorar ou expressar sua sexualidade.

### 10. **Resistência e Subversão**

Apesar do controle e manipulação, existem movimentos e práticas que resistem e subvertem essas normativas capitalistas. O feminismo, o movimento LGBTQIA+, e outras formas de ativismo sexual e de gênero desafiam as construções hegemônicas de sexualidade e buscam formas alternativas de pensar e viver a sexualidade. Esses movimentos promovem a ideia de que a sexualidade pode ser uma fonte de empoderamento e resistência, não apenas de controle e mercantilização.

### 11. **Interseccionalidade**

A abordagem interseccional é crucial para entender como a sexualidade é manipulada no capitalismo, pois considera como diferentes formas de opressão (como raça, classe, gênero, e orientação sexual) se entrecruzam. As experiências de sexualidade não são universais, mas variam amplamente dependendo dessas interseções. Assim, as formas de manipulação capitalista da sexualidade também variam e precisam ser analisadas em contextos específicos.

### 12. **Educação e Discursos Sexuais**

O controle sobre a educação sexual é uma ferramenta poderosa de manipulação ideológica. Currículos escolares e discursos públicos sobre sexualidade são frequentemente moldados para reforçar normas sexuais que beneficiam o sistema capitalista. A educação sexual muitas vezes perpetua estereótipos de gênero, promove a heteronormatividade, e minimiza discussões sobre consentimento, prazer e diversidade sexual.

### 13. **Tecnologia e Vigilância**

Com o advento das tecnologias digitais, a sexualidade se tornou ainda mais vigiada e controlada. Plataformas de redes sociais, aplicativos de encontros e tecnologias de vigilância podem monitorar, categorizar e até mesmo censurar expressões sexuais. Essas tecnologias muitas vezes operam de maneiras que reforçam normas sexuais capitalistas, promovendo comportamentos conformistas e punindo ou excluindo expressões dissidentes.


II W. Reich


Wilhelm Reich foi um psiquiatra e psicanalista austríaco cujas ideias sobre sexualidade e sua relação com a sociedade e o capitalismo foram inovadoras e controversas. Ele combinou teorias psicanalíticas com análises sociológicas e políticas, enfatizando a importância da sexualidade na saúde mental e na libertação social. Aqui estão algumas das contribuições mais importantes de Reich sobre o tema:

### 1. **A Função do Orgasmo**

- **Obra Relevante**: "A Função do Orgasmo"

- **Contribuições**: Reich argumentou que a capacidade de uma pessoa experimentar orgasmos completos e satisfatórios era crucial para sua saúde mental. Ele acreditava que a repressão sexual levava a bloqueios emocionais e a neuroses. Para ele, a energia sexual (que ele chamava de "energia orgônica") precisava fluir livremente para manter a saúde psíquica.

### 2. **Sexualidade e Revolução Social**

- **Obra Relevante**: "Psicologia de Massas do Fascismo"

- **Contribuições**: Reich relacionou a repressão sexual com o surgimento de movimentos autoritários, como o fascismo. Ele argumentava que a repressão sexual criava indivíduos submissos e passivos, mais propensos a aceitar a autoridade e o controle social. Para ele, a revolução sexual era um componente essencial da luta contra o autoritarismo e para a criação de uma sociedade verdadeiramente livre.

### 3. **Educação Sexual e Juventude**

- **Contribuições**: Reich defendeu a educação sexual abrangente e a liberdade sexual para os jovens. Ele acreditava que a repressão sexual começava na infância e adolescência, e que uma educação sexual adequada poderia prevenir neuroses e promover a saúde mental.

### 4. **Bioenergética e Psicoterapia Corporal**

- **Obra Relevante**: "Análise do Caráter"

- **Contribuições**: Reich desenvolveu técnicas de psicoterapia corporal, acreditando que traumas e repressões emocionais eram armazenados no corpo, levando a tensões musculares crônicas. Ele acreditava que liberando essas tensões, a energia emocional reprimida, incluindo a sexual, poderia ser liberada, promovendo a cura e o bem-estar.

### 5. **Crítica ao Capitalismo**

- **Contribuições**: Reich criticou o capitalismo por perpetuar a repressão sexual como um meio de controlar a população. Ele viu a estrutura familiar tradicional e a moral sexual burguesa como mecanismos para manter a ordem social e econômica, reprimindo impulsos naturais e criando indivíduos conformistas.

### 6. **Teoria da Energia Orgônica**

- **Obra Relevante**: "A Biopatia do Câncer"

- **Contribuições**: Reich postulou a existência de uma energia vital universal que ele chamou de "energia orgônica". Ele acreditava que a repressão sexual interferia no fluxo desta energia, causando doenças físicas e mentais. Embora sua teoria não tenha sido amplamente aceita pela comunidade científica, ela influenciou práticas alternativas de cura e terapias corporais.


### Conclusão


Wilhelm Reich foi um pioneiro na exploração das conexões entre sexualidade, saúde mental e estruturas sociais. Suas teorias sobre a repressão sexual e a libertação através do orgasmo desafiaram as normas culturais e científicas de sua época. Apesar de controversas, suas ideias continuam a influenciar campos como a psicoterapia corporal, a educação sexual e a crítica social. Reich viu a liberação sexual não apenas como um caminho para a saúde individual, mas também como uma parte essencial da transformação social e da resistência ao autoritarismo.


II Bibliografia

Existem vários autores e teóricos que exploraram a problemática da manipulação ideológica da sexualidade no contexto do capitalismo. Aqui estão alguns dos mais influentes:


### 1. **Karl Marx e Friedrich Engels**

- **Obras Relevantes**: "A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado" (Friedrich Engels)

- **Contribuições**: Analisaram como as estruturas familiares e as relações de gênero são influenciadas pelas relações econômicas e de poder no capitalismo.


### 2. **Michel Foucault**

- **Obras Relevantes**: "História da Sexualidade" (volumes 1, 2 e 3)

- **Contribuições**: Foucault explorou como o poder e o controle sobre a sexualidade são exercidos através de discursos, instituições e práticas sociais. Ele introduziu a ideia de biopoder e como o controle sobre a vida e a sexualidade se integra aos mecanismos de poder no capitalismo.


### 3. **Herbert Marcuse**

- **Obras Relevantes**: "Eros e Civilização"

- **Contribuições**: Analisou a repressão sexual no contexto do capitalismo e como a liberação da sexualidade poderia ser uma forma de resistência contra a opressão social e econômica.


### 4. **Judith Butler**

- **Obras Relevantes**: "Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade"

- **Contribuições**: Explora como gênero e sexualidade são construções performativas, questionando normas sexuais e de gênero e criticando o papel dessas normas na manutenção das estruturas capitalistas.


### 5. **Laura Mulvey**

- **Obras Relevantes**: "Prazer Visual e Cinema Narrativo"

- **Contribuições**: Analisou a objetificação sexual das mulheres na mídia, especialmente no cinema, e como isso reforça normas de gênero e sexualidade que sustentam o capitalismo.


### 6. **Gayle Rubin**

- **Obras Relevantes**: "Thinking Sex: Notes for a Radical Theory of the Politics of Sexuality"

- **Contribuições**: Propôs uma análise detalhada das políticas sexuais, examinando como a sexualidade é regulada e politizada em diferentes contextos históricos e culturais.


### 7. **Angela Davis**

- **Obras Relevantes**: "Mulheres, Raça e Classe"

- **Contribuições**: Explorou as interseções de gênero, raça e classe, discutindo como a opressão sexual está entrelaçada com as opressões raciais e econômicas no capitalismo.


### 8. **Adrienne Rich**

- **Obras Relevantes**: "Heterossexualidade Compulsória e Existência Lésbica"

- **Contribuições**: Criticou a imposição da heterossexualidade como norma e analisou como isso serve aos interesses do patriarcado e do capitalismo.


### 9. **Guy Debord**

- **Obras Relevantes**: "A Sociedade do Espetáculo"

- **Contribuições**: Embora não focado exclusivamente na sexualidade, Debord analisou como o espetáculo e a mercantilização permeiam todos os aspectos da vida, incluindo a sexualidade, no capitalismo avançado.


### 10. **bell hooks**

- **Obras Relevantes**: "Ain't I a Woman? Black Women and Feminism"

- **Contribuições**: Analisou a interseção de raça, gênero e classe, criticando como a opressão sexual é utilizada para manter as estruturas de poder capitalistas e patriarcais.


Esses autores fornecem uma base teórica robusta para entender como a sexualidade é manipulada e controlada no contexto do capitalismo, oferecendo perspectivas diversas que abordam interseções de gênero, raça, classe e poder.


### Conclusão


A manipulação ideológica da sexualidade no sistema capitalista é um processo complexo e multifacetado, que envolve a mercantilização, controle social, normatização, e vigilância. No entanto, também existem formas de resistência e subversão que buscam desafiar e transformar essas dinâmicas. Para uma compreensão completa, é essencial considerar como diferentes formas de opressão interagem e como movimentos sociais podem promover uma visão mais inclusiva e emancipadora da sexualidade.

Alexandre Inácio



terça-feira, 25 de junho de 2024

11- A escola assegura a reprodução social

 


Apesar da Lei de Bases do Sistema Educativo assegurar um conjunto de objetivos, no final predomina a sua função reprodutor da desigualdade social

A Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE) é um marco legal que estabelece os princípios e objetivos do sistema educativo de um país, delineando as funções da escolaridade e como estas devem ser cumpridas. Analisando-a no contexto português, que serve como exemplo, a LBSE é projetada para assegurar várias funções fundamentais da escolaridade. Aqui estão algumas maneiras pelas quais a LBSE cumpre essas funções:


### Estruturação e Organização do Sistema Educativo

1. **Definição de Níveis e Ciclos de Ensino**: A LBSE estabelece os diferentes níveis e ciclos de ensino, desde a educação pré-escolar até o ensino superior. Isso assegura uma estrutura organizada e coerente para a progressão dos alunos através do sistema educativo.

2. **Currículo e Conteúdos**: A lei especifica os objetivos e conteúdos curriculares para cada nível de ensino, garantindo que todos os alunos recebam uma educação abrangente e equilibrada. Isso inclui disciplinas obrigatórias e opcionais, bem como competências essenciais a serem desenvolvidas.


### Acesso e Igualdade

3. **Educação Universal e Gratuita**: A LBSE assegura que a educação básica seja universal e gratuita, promovendo a igualdade de oportunidades para todos os alunos, independentemente de sua origem socioeconômica.

4. **Inclusão e Diversidade**: A lei promove a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais e a valorização da diversidade cultural e social, garantindo que o sistema educativo atenda às necessidades de todos os estudantes.

### Qualidade e Avaliação

5. **Padrões de Qualidade**: A LBSE estabelece padrões de qualidade para o ensino e a aprendizagem, incluindo a formação e qualificação de professores, recursos educativos adequados e infraestruturas escolares apropriadas.

6. **Avaliação e Acompanhamento**: A lei prevê sistemas de avaliação contínua e final dos alunos, bem como a avaliação das instituições de ensino, para monitorar e melhorar a qualidade do ensino.


### Função Social e Cívica

7. **Formação Cívica e Ética**: A LBSE enfatiza a importância da educação para a cidadania, ética e valores democráticos, preparando os alunos para serem cidadãos ativos e responsáveis.

8. **Desenvolvimento Integral**: A lei promove o desenvolvimento integral dos alunos, incluindo aspectos cognitivos, emocionais, físicos e sociais, assegurando uma educação holística.


### Orientação e Apoio

9. **Orientação Vocacional e Profissional**: A LBSE inclui a orientação vocacional e profissional como parte essencial do sistema educativo, ajudando os alunos a identificar suas aptidões e interesses e a fazer escolhas informadas sobre seu futuro académico e profissional.

10. **Apoio Psicossocial**: A lei prevê serviços de apoio psicossocial e orientação para os alunos, auxiliando na superação de dificuldades pessoais e escolares.


### Responsabilidade e Participação

11. **Participação da Comunidade Educativa**: A LBSE promove a participação ativa de todos os membros da comunidade educativa – alunos, pais, professores e demais funcionários – na gestão das escolas e na tomada de decisões.

12. **Responsabilidade dos Governos**: A lei estabelece as responsabilidades dos diferentes níveis de governo (central, regional e local) na gestão e financiamento do sistema educativo, garantindo uma distribuição equitativa dos recursos.


### Exemplo: Portugal

No contexto português, a LBSE foi aprovada pela Lei nº 46/86 de 14 de outubro e tem sido revista para se adaptar às mudanças sociais e educativas. A lei define princípios como a igualdade de oportunidades, a promoção do sucesso educativo, a democratização da educação e a preparação para a vida ativa.


### Funções da Escolaridade

- **Cultural e Intelectual**: A escolaridade deve transmitir conhecimentos científicos, técnicos, artísticos e humanísticos, promovendo o desenvolvimento intelectual.

- **Social**: Deve promover valores de convivência democrática, respeito pelos direitos humanos e diversidade cultural.

- **Económica**: Preparar os indivíduos para a vida profissional e para contribuir para o desenvolvimento económico do país.

Em resumo, a Lei de Bases do Sistema Educativo assegura as funções da escolaridade ao definir uma estrutura clara e organizada, promover a igualdade de oportunidades, garantir padrões de qualidade, enfatizar a formação cívica e ética, oferecer orientação e apoio, e fomentar a responsabilidade e participação da comunidade educativa.


A escola pode ser um Aparelho Ideológico do Estado (AIE) que assegura a reprodução das classes sociais de diversas maneiras. De acordo com a teoria de Louis Althusser, a educação formal desempenha um papel crucial na manutenção da ideologia dominante e na perpetuação das relações de produção capitalistas. Aqui estão algumas formas pelas quais a escola realiza essa função:


### Transmissão de Ideologia Dominante

1. **Currículo e Conteúdo**: O currículo escolar é frequentemente estruturado de maneira a promover a ideologia dominante, incluindo a história, a economia e a cultura das classes dominantes. Isso pode reforçar a aceitação das hierarquias sociais e econômicas como naturais e justas.

2. **Normas e Valores**: A escola ensina normas e valores que são congruentes com as expectativas da sociedade capitalista, como a importância da disciplina, da obediência à autoridade, do cumprimento de regras e da valorização do mérito individual. 


### Preparação para o Mercado de Trabalho

3. **Divisão de Alunos por Desempenho**: A prática de classificar e agrupar alunos com base no desempenho acadêmico pode espelhar e reforçar as divisões de classe. Alunos de classes sociais mais altas geralmente têm mais acesso a recursos educativos e, portanto, são mais propensos a serem bem-sucedidos academicamente.

4. **Treinamento para Papéis Sociais Específicos**: A escola prepara os alunos para ocuparem papéis específicos no mercado de trabalho, muitas vezes com base em suas origens sociais. Alunos de classes trabalhadoras podem ser direcionados para trabalhos manuais ou técnicos, enquanto aqueles de classes mais altas são incentivados a buscar carreiras de prestígio.


### Reforço da Estratificação Social

5. **Desigualdades de Recursos**: Escolas em áreas ricas tendem a ter mais recursos, professores mais qualificados e melhores instalações, proporcionando uma educação superior aos seus alunos. Em contraste, escolas em áreas pobres sofrem com a falta de recursos, perpetuando a desigualdade educacional e, consequentemente, a desigualdade social.


6. **Expectativas Diferenciadas**: As expectativas dos professores em relação aos alunos podem variar com base na classe social, influenciando o desempenho acadêmico e as aspirações futuras dos alunos. Alunos de classes superiores podem receber mais encorajamento e apoio para atingir altos níveis educacionais.


### Socialização e Controle

7. **Reforço da Conformidade**: A escola ensina conformidade através de regras, regulamentos e sistemas de recompensa e punição. Isso prepara os alunos para aceitar e se ajustar às normas e estruturas de poder existentes na sociedade adulta.

8. **Cultivo da Ideologia Meritocrática**: A ideia de meritocracia – que o sucesso é resultado do esforço individual e do mérito – é amplamente promovida nas escolas. Isso pode obscurecer as desigualdades estruturais e justificar as diferenças de classe como baseadas em mérito pessoal, em vez de origem social.


### Reprodutividade Cultural e Simbólica

9. **Reprodução Cultural**: A escola também reproduz a cultura dominante, incluindo a língua, os costumes e as tradições, que são geralmente as da classe dominante. Isso marginaliza outras culturas e reforça a hegemonia cultural.

10. **Capitais Cultural e Social**: Estudantes das classes superiores frequentemente chegam à escola com maiores capitais cultural e social, como habilidades de linguagem, comportamentos e redes de contatos que são valorizados e recompensados pelo sistema educacional. Isso ajuda a perpetuar a vantagem dessas classes.


Em resumo, a escola, como um Aparelho Ideológico do Estado, assegura a reprodução das classes sociais ao disseminar a ideologia dominante, preparar os alunos para papéis específicos no mercado de trabalho, reforçar a estratificação social, promover a conformidade e cultivar a meritocracia. Dessa forma, a educação formal contribui para a manutenção das desigualdades sociais e econômicas existentes.


Diversos autores têm explorado como o sistema educacional contribui para a reprodução das desigualdades sociais. Aqui estão alguns dos mais influentes:


1. **Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron**: Em "A Reprodução: Elementos para uma Teoria do Sistema de Ensino" e "Os Herdeiros: Os Estudantes e a Cultura", Bourdieu e Passeron argumentam que o sistema educacional reproduz as desigualdades sociais ao transmitir capital cultural que favorece as classes dominantes. Eles introduzem conceitos como "habitus" e "capital cultural" para explicar como a educação perpetua a estrutura de classe.


2. **Samuel Bowles e Herbert Gintis**: Em "Schooling in Capitalist America", Bowles e Gintis defendem que o sistema educacional nos Estados Unidos serve para reproduzir a estrutura de classes capitalista, ao preparar os alunos para diferentes posições na hierarquia de trabalho, reforçando assim as desigualdades sociais.


3. **Basil Bernstein**: Em seus estudos sobre códigos de linguagem e socialização, Bernstein explora como a linguagem e as práticas pedagógicas nas escolas perpetuam desigualdades sociais. Ele argumenta que diferentes grupos sociais têm acesso a diferentes códigos linguísticos, o que influencia o desempenho educacional.


4. **Paulo Freire**: Em "Pedagogia do Oprimido", Freire critica o sistema educacional tradicional por sua abordagem "bancária" da educação, onde o conhecimento é depositado nos alunos de maneira passiva. Ele argumenta que essa abordagem reforça as desigualdades sociais e propõe uma pedagogia libertadora que promova a conscientização crítica e a transformação social.


5. **Jonathan Kozol**: Em livros como "Savage Inequalities" e "The Shame of the Nation", Kozol documenta as disparidades gritantes nas condições escolares entre diferentes áreas geográficas e grupos socioeconômicos nos Estados Unidos, argumentando que o sistema educacional perpetua as desigualdades sociais.


6. **Jean Anyon**: Em "Ghetto Schooling: A Political Economy of Urban Educational Reform", Anyon explora como as políticas educacionais e as condições econômicas nas áreas urbanas pobres perpetuam as desigualdades sociais, impedindo a mobilidade social através da educação.


7. **Annette Lareau**: Em "Unequal Childhoods: Class, Race, and Family Life", Lareau examina como diferentes estilos de criação de filhos entre classes sociais influenciam as oportunidades educacionais e a reprodução das desigualdades sociais.


8. **Michael Apple**: Em obras como "Ideology and Curriculum" e "Education and Power", Apple explora como o currículo escolar e as práticas pedagógicas refletem e reproduzem as ideologias dominantes e as desigualdades sociais.


Esses autores oferecem uma variedade de perspectivas sobre como o sistema educacional contribui para a reprodução das desigualdades sociais, destacando a complexa interação entre educação, cultura, economia e poder.


Alexandre Inácio

Uma histôria em 3 fotografias

 






Vamos começar…

Era uma vez….

sexta-feira, 21 de junho de 2024

No passarán!

 


No passarán!


O Padre António Vieira, nos seus sermões, utilizava a palavra "não" para ilustrar a natureza negativa e destrutiva que ela podia ter em diversas circunstâncias. Ele era um mestre na arte da retórica, e suas palavras, frequentemente, tinham um grande impacto emocional e intelectual. Sobre a palavra "não", Vieira disse:

“A mais terrível de todas as palavras humanas é o não. O não tem um só nome, mas significa todos os males: significa morte, significa condenação, significa inferno. De sorte que esta pequena palavra de uma só sílaba, com ser tão breve, envolve todos os tormentos eternos."

Para Vieira, o "não" não era apenas uma simples palavra de negação. Ele via nela uma força que podia determinar destinos, cortar possibilidades e impor limitações severas. A palavra "não" tinha o poder de rejeitar, excluir, e negar tudo o que era positivo, bom e esperançoso.

Em seus sermões, Vieira frequentemente explorava temas de moral e fé, e a palavra "não" assumia um papel crucial em suas reflexões. Ele considerava que o "não" poderia representar uma recusa à graça divina, uma negação da salvação, e um afastamento da misericórdia de Deus. Por isso, ele atribuía a essa palavra uma conotação tão terrível e definitiva.

Vieira usava a palavra "não" como um símbolo do poder da linguagem e da importância das escolhas morais e espirituais. Ao enfatizar o "não", ele chamava a atenção para a responsabilidade de cada indivíduo em aceitar ou rejeitar o caminho da virtude e da fé.

Mas com a afirmação do indivíduo e as ideias liberais, ao longo dos últimos tempos, o não foi sendo considerado como exemplo de afirmação individual e organizador da vida psíquica e da vida coletiva, No passarán! 

A Passionária, cujo verdadeiro nome era Dolores Ibárruri Gómez, foi uma destacada figura política e oradora espanhola, nascida em 1895 e falecida em 1989. Ela foi uma líder proeminente do Partido Comunista da Espanha (PCE) e é conhecida por seu papel crucial durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

Dolores Ibárruri ganhou o apelido de "La Pasionaria" devido ao seu fervor e paixão em discursos e atividades políticas. Ela era famosa por sua habilidade oratória e por inspirar os republicanos espanhóis a resistir contra as forças nacionalistas lideradas por Francisco Franco.

A expressão "¡No pasarán!" (em português, "Não passarão!") é uma das frases mais célebres associadas a La Pasionaria. Ela usou esta frase durante um discurso em Madrid em 1936, no início do cerco à cidade pelas forças franquistas. A expressão tornou-se um símbolo da resistência republicana contra o fascismo e foi amplamente adotada como um grito de guerra pelos defensores da República.

"¡No pasarán!" expressava a determinação e a resistência dos republicanos em não deixar que as forças nacionalistas ultrapassassem suas linhas e conquistassem a cidade. A frase capturou o espírito de resistência e a luta pela liberdade e democracia, e continua sendo lembrada como um símbolo de resistência contra a opressão e o autoritarismo.

Dois tempos, duas figuras para quem o Não, não foi indiferente e serviu como argumento para um mundo melhor, usando o não com sentidos diferentes: um reprimia, outro, libertava!

Montenegro, primeiro ministro português, perante a hipótese de aliança com a extrema direita do Chega, diz NÃO É NÃO, mas o que fica no fundo da malga é…talvez. Talvez no continente, talvez na Madeira, talvez nos Açores. 

Novos tempos, novos significados, novas maneiras de lutar por um mundo melhor! Melhor, melhor para quem?

MRodas

quinta-feira, 20 de junho de 2024

10 - Papel do futebol e do desporto de alta competição

 



De acordo com as teorias marxistas, o futebol pode contribuir para a alienação dos trabalhadores de várias maneiras, funcionando como um mecanismo de distração e controle social dentro do sistema capitalista. Aqui estão alguns pontos-chave sobre como isso ocorre:

1. **Distração da Realidade**: O futebol funciona como uma forma de entretenimento que desvia a atenção dos trabalhadores das dificuldades e injustiças de sua realidade socioeconômica. Em vez de se engajarem em atividades que possam desafiar o status quo, os trabalhadores focam em seguir o esporte e seus eventos.

2. **Ópio do Povo**: Similar à crítica de Marx à religião como o "ópio do povo", o futebol pode ser visto como uma forma de "ópio moderno" que proporciona uma válvula de escape emocional, aliviando temporariamente a frustração e o descontentamento dos trabalhadores com suas condições de vida e trabalho.


3. **Cultura de Massa e Consumo**: O futebol é parte integrante da cultura de massa promovida pelo capitalismo, incentivando o consumo através de mercadorias relacionadas ao esporte, como ingressos, camisetas, produtos licenciados, e assinaturas de TV. Isso reforça o ciclo de consumo e a dependência do mercado capitalista.

4. **Identificação Alienada**: Os trabalhadores muitas vezes desenvolvem uma identificação profunda com clubes e jogadores, transferindo suas aspirações e emoções para o sucesso desses ídolos esportivos. Isso pode criar uma forma de alienação onde os trabalhadores se distanciam de suas próprias lutas e necessidades, focando em realizações que não têm impacto real em suas vidas.

5. **Coesão Social Controlada**: O futebol pode criar um senso de comunidade e coesão social, mas de uma forma que não ameaça o sistema capitalista. A paixão pelo esporte une pessoas de diversas origens, mas geralmente dentro de um contexto que reforça as normas e valores dominantes, em vez de questioná-los.

6. **Neutralização da Contestação**: Ao canalizar energias e emoções para o esporte, o futebol pode neutralizar a capacidade de mobilização política dos trabalhadores. As partidas e campeonatos ocupam o tempo e a atenção que poderiam ser dedicados à organização e participação em movimentos sociais e políticos.

7. **Controle Ideológico**: A cobertura midiática do futebol muitas vezes inclui propaganda ideológica que promove valores como competitividade, meritocracia, e lealdade a marcas e empresas patrocinadoras. Isso ajuda a perpetuar a ideologia capitalista entre os trabalhadores.

8. **Reprodução de Hierarquias Sociais**: A estrutura do futebol, com seus clubes ricos e jogadores super-remunerados, pode reforçar a aceitação de hierarquias e desigualdades sociais. Os trabalhadores se acostumam a ver essas disparidades como naturais e normais, em vez de injustas.


Em suma, segundo as teorias marxistas, o futebol contribui para a alienação dos trabalhadores ao desviar sua atenção das questões fundamentais de exploração e desigualdade, promovendo valores capitalistas e reforçando a ordem social vigente.


O papel do futebol e do desporto de alta competição na manutenção das desigualdades sociais tem sido estudado por vários autores de diferentes disciplinas. Aqui estão alguns dos mais relevantes:


1. **Eduardo Galeano**: Em "Futebol ao Sol e à Sombra", Galeano explora como o futebol reflete e perpetua as desigualdades sociais, destacando as maneiras pelas quais o esporte é influenciado por questões econômicas e políticas.


2. **Pierre Bourdieu**: Em diversos ensaios, incluindo "Sport and Social Class" e "How Can One Be a Sports Fan?", Bourdieu analisa como o esporte, incluindo o futebol, contribui para a reprodução das desigualdades sociais ao refletir e reforçar as distinções de classe e as relações de poder.


3. **David Goldblatt**: Em "The Ball is Round: A Global History of Soccer" e "The Game of Our Lives: The Meaning and Making of English Football", Goldblatt explora como o futebol global reflete e perpetua as desigualdades sociais e econômicas, destacando o impacto do capitalismo no esporte.


4. **Loïc Wacquant**: Em "Body and Soul: Notebooks of an Apprentice Boxer", embora focado no boxe, Wacquant oferece insights que são aplicáveis ao futebol e outros esportes, explorando como as práticas esportivas refletem e perpetuam as desigualdades sociais e raciais.


5. **Simon Kuper e Stefan Szymanski**: Em "Soccernomics", Kuper e Szymanski utilizam a análise econômica para explorar como o futebol reflete e perpetua desigualdades sociais e econômicas, destacando questões como a concentração de riqueza e poder nos clubes de elite.


6. **John Sugden e Alan Tomlinson**: Em "Power Games: A Critical Sociology of Sport" e outros trabalhos, Sugden e Tomlinson analisam como os esportes de alta competição, incluindo o futebol, refletem e perpetuam as desigualdades sociais e as relações de poder globais.


7. **Ben Carrington**: Em "Race, Sport and Politics: The Sporting Black Diaspora", Carrington explora como o esporte, incluindo o futebol, está entrelaçado com questões de raça e desigualdade social, destacando as experiências de atletas negros.


8. **Toby Miller**: Em "SportSex", Miller analisa como o esporte de alta competição, incluindo o futebol, está ligado a questões de gênero, sexualidade e desigualdade social, explorando como o esporte pode tanto desafiar quanto reforçar as normas sociais dominantes.


9. **Jennifer Hargreaves**: Em "Sporting Females: Critical Issues in the History and Sociology of Women's Sport", Hargreaves examina como o esporte de alta competição, incluindo o futebol feminino, reflete e perpetua desigualdades de gênero, ao mesmo tempo que oferece possibilidades de resistência e mudança.


10. **Grant Jarvie**: Em "Sport, Culture and Society: An Introduction", Jarvie oferece uma visão abrangente de como o esporte, incluindo o futebol, está interligado com questões culturais e sociais, destacando a reprodução e contestação das desigualdades sociais através do esporte.


Esses autores fornecem uma gama de perspectivas sobre como o futebol e outros esportes de alta competição podem tanto refletir quanto perpetuar as desigualdades sociais, ao mesmo tempo que também podem ser campos de resistência e transformação social.


Alexandre Inácio