A tua biografia
Quando
tu entraste em mim - descalça e pé ante pé -
já eu te imaginava. Ainda não tinhas acordado - dormias em silêncio - , espraiada
nos lençóis amarelos, e eu já te imaginava.
Via – te
a acordar, espreguiçando o cabelo por entre os dedos, ressentias o corpo nas arestas das mãos mornas e soltas.
Nessa
altura já eu te pincelava no quadro da
minha vida.
Fundo
amarelo e... tu!
A
simetria oculta do teu corpo em mim.
A
sombra do meu corpo abraçando o teu, num pôr de sol de raios azuis.
( O
cronista haveria de dizer mais tarde, serem negros e vermelhos) .
Quando
sustive a respiração já tu deambulavas dentro de mim, na procura eterna dos
sentidos: da vida, do amor, da justiça, da liberdade...
Parei.
Para seres minha só me faltavam mesmo mais duas pinceladas:
a
que não mais voltaria a repetir e a outra, que ainda hoje continuo à procura,
o halo amarelo e profundo de ti.
( O
cronista há de usar estas palavras - mais tarde, não se sabe quando - para começar
a tua biografia... em fundo amarelo).
Manuel Rodas
Oeiras, 14 de Jan. 2014
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