Manuel Rodas, 2014
Tu és uma bola de fogo!
Atravessas o pensamento, as ruas e as gentes
Sorris, sentas-te num banco a falar com os velhos,
Ou vais ao parque brincar com as crianças.
Quando a conversa está a desmaiar
E os jogos a arrefecer, vais embora
Calcorrear outros planetas que por aí giram!
Tu és um mar de água!
Desces em cataratas de chuva, pingos de suor
Nos guarda-chuvas de incautos, brincas na lama,
Brilhas nos olhos daquela mulher.
Quando sobes as nervuras do meu sonho
És mais emoção que o verde e azul dos prados
Onde nasceram todas as bem aventuranças!
Tu és uma praia de vento!
Levas as crianças nos papagaios de ilusão
Entre as folhas e dedos soltos.
Anuncias a chegada num frémito de arrepio.
Ó vento de cristais esvoaçantes,
Dá-me asas no peito para que as páginas se soltem
E eu possa saber o final de todas
as histórias por contar!
Tu és o pó e a terra
Que aos meus pés e joelhos feridos se agarraram
Como náufragos no desespero dos gritos!
Ó pó, ó terra que em mim há e eu sou,
Embala-me no teu perfume húmido
Para que as sementes não tenham sido em vão
E o sonho renasça em todos os quartos da tua lua!
Oeiras, 18 de Janeiro
Manuel Rodas
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