terça-feira, 5 de maio de 2020

A Língua Portuguesa


Hoje, cinco de maio o mundo reconhece o  português  como língua  global”.
Celebra-se o primeiro  Dia Mundial da  Língua Portuguesa, proclamado pela Unesco em novembro  do ano passado
A Língua Portuguesa como língua de Educação e Ensino, Cultura e Conhecimento! EECC!

Hoje apetece homenagear o Professor Rómulo de Carvalho!

Impressão Digital


Os meus olhos são uns olhos,
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem lutos e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

António Gedeão


A cultura


Os governos do mundo anunciam cortes na cultura em nome da economia. 
O paradoxo é que as pessoas sobrevivem ao confinamento graças à cultura.
 Há muitos séculos, o esforço do trabalho supera-se cantando.

Obrigado a todos os que dedicaram parte das suas vidas à criação, ao sonho dum mundo melhor!

sábado, 2 de maio de 2020

Os penteados e o covid

Agora que os barbeiros e os cabeleireiros estão fechados, lembro-me do grande Nicolau Tolentino, quando nos meus 17 anos ouvi pela primeira vez este poema, que nunca mais esqueci.

Sátira aos Penteados Altos

Chaves na mão, melena desgrenhada, 
Batendo o pé na casa, a mãe ordena 
Que o furtado colchão, fofo e de pena, 
A filha o ponha ali ou a criada. 

A filha, moça esbelta e aperaltada, 
Lhe diz coa doce voz que o ar serena: 
- «Sumiu-se-lhe um colchão? É forte pena; 
Olhe não fique a casa arruinada...» 

- «Tu respondes assim? Tu zombas disto? 
Tu cuidas que, por ter pai embarcado, 
Já a mãe não tem mãos?» E, dizendo isto, 

Arremete-lhe à cara e ao penteado. 
Eis senão quando (caso nunca visto!) 
Sai-lhe o colchão de dentro do toucado!... 

Nicolau Tolentino, in 'Antologia Poética' 

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Outra vez a Telescola?


Não, não é a mesma coisa
o tempo é diferente
e as pessoas são outras

Naquele tempo a Telescola era uma promoção
do conhecimento e da escolaridade
a vitória do  espírito sobre a exclusão e a iliteracia

Hoje
é a compensação possível
para quem está em casa
amedrontado pelo vírus

O vírus veio lembrar que a tv
pode ser um meio de promoção 
da literacia dos pais e da família

Porque não houve escola na tv
nos anos anteriores?
Não interessa que os escravos sejam escribas
Para o poder
o que importa é manter-nos 
com telenovelas e programas da treta!

Não, não é a mesma coisa
o tempo é diferente

e as pessoas são outras
mas a natureza do poder é a mesma

E nós prontos a digerir tudo!

Manuel Rodas
20 de 4 de 2020



sábado, 18 de abril de 2020

Bem dito, vírus!

Aproxima
Afasta
Limpa
Protege
Oculta
Tira
Despe
Esfrega
Mete
Lava
Seca
Salva
De costas
De frente
Tira
Introduz
Puxa
Cuidado
Por baixo
Por cima
Devagar
Escuda
Por dentro
Por fora
Enfia
Tira
Saca
Atenção
Nas extremidades
Mantém 
Lava
Protege
Preserva
Escuda
Mete
Tira
Arranca
Cuidado
Nas bordas
Pela frente
Por trás
Abre
Fecha
Lava
Mete 
Arranca
Fecha a boca
Com o dedo não
Cuida
Agasalha
Sustenta
Nas margens
Retira
Mete
Esfrega
Lava
As extremidades
Descalça
Sustenta
Estimula
Em cima
Em baixo
Abre
Fecha
Lava
Esfrega
....bem dito, vírus!

Manuel Rodas




quinta-feira, 16 de abril de 2020

A carne é fraca!


Olá. 
Já és a segunda pessoa próxima que opta por ser vegetariana. 
A 1ª foi a minha filha. 
Nós não lhe criamos muitos problemas, pretendemos ouvir os pontos de vista dela, que até nos pareceram muito bem elaborados e razoáveis, mas o que mais me impressionou foi quando ela me disse, à hora de jantar: Sentes-te bem, a comer cadáveres?
Aquilo bateu-me fundo porque de repente comecei a ver um vitelo a correr numa grande pradaria, com a mãe acorrer atrás dela, olhando de esguelha para mim, que a perseguia, de faca na mão... Sorri.
Não desisti da carne, nem do peixe, mas integrei na minha dieta muitos mais vegetais, algum peixe e muita pouca carne. Mas confesso, ando com saudades duma boa posta da Miranda, ou de Mirandela!
Lembro-me do que o Agostinho da Silva dizia: Dizem os meus amigos que devo colocar uma prótese para mastigar melhor... Engano. Devo mudar a minha alimentação, adequá-la às transformações do meu corpo.
Concordo com ele e várias vezes o corpo me pede coisas. Sim, várias coisas. Uma delas é música. Outra é caminhar. Outras vezes fruta. Às vezes carne!
Abraço

Manuel Rodas

Porque será?



sábado, 11 de abril de 2020

Eu, em cinco quadras



Nasci num lugar precário
Numa casa florestal
Paradela, um lugar solitário
Soajo, vila fraternal

Sou neto de Manuel, o Marujo
e de Ana de Sousa, pais do meu pai
Também sou neto de Firmino Barbosa
e de Maria Preto, pais da minha mãe.

Sou filho de José Rodas 
E de Maria Preto Barbosa
Irmão de Firmino, Rosa e José
Meus irmãos, ah, pois é!

Sou pai de Inês Rodas
filha de Carmo Alves
Com quem celebrei bodas
Muitos anos antes.

Talvez venha a ser avô
e avó a minha mulher.
Acompanhado ou só
Morrerei num dia qualquer!

Manuel Rodas

A esfinge






Diálogos com a esfinge




Tu não és humana
 e a ti nenhum vírus te pode fazer mal
Que segredos escondes e que sabes tu de nós
nesta ilha onde atracamos
e que Ulisses ignorava
mesmo sabendo que Penélope o esperava?

Mas quem nos espera a nós
um vírus
saliva dum deus imaturo
ou lágrima duma deusa possuída por um humano?

Nada sabes sobre o amor
muito menos sobre a maternidade
a inquietação de estar vivo e não querer morrer ainda

Tu foste  inventada por uma mulher 
que esperou pelo seu companheiro
e não quis reproduzir em ti as dores sentidas
apenas as carícias
que a memória conservou do amante

A mulher mesmo de noite 
quando pousava a mão em ti
era nele que sentia a volúpia dos seus gestos

Agora inventaste um silêncio
como o vírus
todos falam dele
mas és tu que morres
com o arco do desejo nas mãos.



Manuel Rodas



segunda-feira, 6 de abril de 2020

A Bíblia





A Bíblia foi o primeiro livro impresso com os caracteres Gutenberg, 500 anos antes de eu nascer!

sábado, 21 de março de 2020

Maratona de poesia, Oeiras 2020

Para celebrar a Primavera e participar na Maratona de Poesia de Oeiras 2020, aqui partilhamos 3 videos, contendo, o primeiro, Maratona de Oeiras, 2020, fotos do Núcleo de Fotografia de Oeiras, com página no Facebook e alguns poemas meus. 
O segundo video, viagem é um poema meu, A viagem.
O terceiro video é uma performance feita com vento e imaginação.

Viva a Primavera! Viva a Poesia, Vivam os amigos!


1. Maratona de Poesia de Oeiras, 2020
https://youtu.be/mGkshS5t4u0

2. Viagem
https://www.youtube.com/watch?v=gdHUJkwG_do

3. Amo-te
https://youtu.be/nkMSSxItTy8

sexta-feira, 20 de março de 2020

Começou a primavera! Viva!

Viva! Viva! Começou a primavera
A mais bela das estações
não a mais quente
nem a mais fria

É aquela que sente
o frio e o calor
que vai nos corações
de noite ou de dia

Depois de ti
não haverá beleza
nem pão nem vinho
para por na mesa

Vens de braço dado
com o medo e a tristeza
andas por todo o lado
com a mesma ligeireza
apontado o dedo a qualquer um
Estás infetado?

MRodas



















sábado, 14 de março de 2020

O homem que queria estar só





Era uma vez um homem que queria estar só

Um dia avisou familiares e amigos
libertou o periquito
disse até logo ao carteiro
acenou com a mão ao padeiro

Mochila às costas pedalou na sua bicicleta cinzenta
e foi para a montanha
que havia dentro de si

Quando lá chegou
achou a gruta mais pequena
que da última vez
e como não havia mais ninguém
sorriu para si

Depois de arrumar
a parte mais desarrumada
surpreendeu-se
porque ainda não estava tudo no lugar

Os dias passaram a arrumar a pequena gruta
e como não havia mais ninguém
sorria para dentro da gruta

Contava histórias a si próprio
e começou a numerá-las
porque se cansava a falar alto

Assim bastava dizer, a número 90
e a história passava toda à sua frente
como no cinema ou na televisão

Começou a reparar que havia histórias
 mais vivazes que outras
mais egoístas
sempre a quererem ser lidas
mesmo atropelando as outras irmãs

Uma dizia assim

SÓ, CAMINHO SÓ

Encontraram-se num caminho
que não se cruzava com outros.
Era um caminho só,
mas servia a ambos
para um destino comum
que logo adivinharam
ao encontrarem-se nos olhos;
as bocas pouco disseram,
as mãos sim:
colaram-se, quase se fundiram
(fc)

Ele gostava desta história e a história gostava dele
ficou a ser a 91

havia outra que também porfiava, a 92

ISTO É VIVER?

Se tenho de viver sem amor
encurtem-me a vida.
Isto não é viver,
mas estar já morto por dentro.
Resta pois o corpo.
Que se vá para onde merece:
faça-se  em pó
e povoe uma montanha
ou dilua-se num mar (fc)


E ainda mais outra história, a 93

CÉU AZUL

Era um céu azul claro e calmo; sem manchas nebulosas, cobrindo um vasto terreno guarnecido de ervas bravias, alinhadas pela Natureza, de um verde quase transparente e polvilhado de pequenas flores brancas e outras amarelas,
também de brilho mate, harmoniosamente agrupadas.
Procurei na realidade algo de semelhante. Encontrei-o:
nos teus olhos um brilhante e suave azul; e, em mim, um verde – esperança de te ver e poder entregar-te um ramo de flores brancas e outras amarelas, amarrado pelas minhas mãos. (fc)
...

Um dia quando voltou do passeio matinal pela floresta
surpreendeu-se
ao ver o saco de pão preso num ramo de árvore
o correio dentro dum saco de compras
um ramo de lindas flores
e o periquito que de tanta alegria
deixou curiosos outros pássaros

Ah! Surpreendeu-se ele.
Tenho de voltar e avisá-los
devem ter ficado muito inquietos com a minha ausência

Quando voltou
era o único que resplandecia
as cores verdes da floresta
os outros estavam contaminados
de ares sérios e preocupados

Foi um a um avisá-los que a cura estava na floresta
e assim salvou os amigos
apenas por querer estar só

Quando tudo terminou
a bicicleta estava azul
e ele foi rápido a inventar uma nova história
a 94...

Era assim, o homem que queria estar só

13 março, sexta feira, MRodas








terça-feira, 10 de março de 2020

Era apenas uma árvore



Era apenas uma árvore
que desde pequenina
se queria dedicar à escultura

Andou na escola
mas não tinha jeito para trabalhos manuais
e em casa nunca gostava de arrumar, limpar, escovar e remexer

Olhava com inveja
os trabalhos dos outros
santos, estátuas, de altar, de confessionário, de montra e de cerimónia ou museu

Simpatizava com o artesão das cadeiras
e dos bancos de madeira
olhava com tristeza os camiões carregados de troncos

Um dia
resolveu que iria fazer a mais bela estátua
começou lentamente sem dizer nada a ninguém
e todos os dias acrescentava
ou desbastava
mudava  e refazia

Sempre distraída
diziam os pais e amigos
na lua, sorriam os professores
ainda estás aí, perguntava o melhor amigo

Ninguém sabia que ela estava entretida a acrescentar umas farpas 
aqui, outras ao lado, cores mais em cima
experimentava novas formas e sorria
queria subir ao céu
onde achava ser o seu mundo

Reparou que uns velhotes começaram a sentar-se à sua sombra
e as crianças procuravam o seu abrigo para as brincadeiras de esconde esconde
então
foi nessa tarde luminosa
que decidiu que seria um altar
onde podia rezar
 mesmo no lugar onde os homens têm o coração
e só uma menina reparou:
Pai está ali um santo!

MRodas, 10-3-2020

https://youtu.be/mGkshS5t4u0


quinta-feira, 5 de março de 2020

Os leitores desta semana

Obrigado, amigos.
Onde quer que esteja, sejam felizes!

Visualizações de páginas por país 

337
EntradaVisualizações de páginas
Portugal
37
França
34
Ucrânia
25
Estados Unidos
25
Vietnã
4
Região desconhecida
3
Emirados Árabes Unidos
3
Reino Unido
3
Irlanda
3
Rússia
3