Diálogos com a esfinge
Tu não és humana
e a ti nenhum vírus te pode fazer mal
Que segredos escondes e que sabes tu de nós
nesta ilha onde atracamos
e que Ulisses ignorava
mesmo sabendo que Penélope o esperava?
Mas quem nos espera a nós
um vírus
saliva dum deus imaturo
ou lágrima duma deusa possuída por um humano?
Nada sabes sobre o amor
muito menos sobre a maternidade
a inquietação de estar vivo e não querer morrer ainda
Tu foste inventada por uma mulher
que esperou pelo seu companheiro
e não quis reproduzir em ti as dores sentidas
apenas as carícias
que a memória conservou do amante
A mulher mesmo de noite
quando pousava a mão em ti
era nele que sentia a volúpia dos seus gestos
Agora inventaste um silêncio
como o vírus
todos falam dele
mas és tu que morres
com o arco do desejo nas mãos.
como o vírus
todos falam dele
mas és tu que morres
com o arco do desejo nas mãos.
Manuel Rodas
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