quinta-feira, 31 de agosto de 2017

As cartas

Foram tantas as cartas que recebi

regularmente dizias: Espero...

Era eu que esperava

e todas as semanas a tua carta esperava-me

Na primavera

abria-as sôfrego de ti
cheirava o papel
cheirava a tua mão e o teu corpo

No verão
soletrava-te letra a letra
 nas curvas de cada linha
incendiado no teu fogo

No outono
já não te soletrava
lia-te na respiração longa
duma vez só  agridoce

No inverno
lia-te de relance
e todo o drama da nossa história infeliz
desabou trägica sobre nós

A vida ė implacavel

MRodas

créditos fotográficos INES RODAS

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Lina

Sentada à espera de ti, sabia que voltarias

Nao sabia era quando
Nem como virias, embora eu te reconhecesse às escuras ou no inverno das tuas mãos frias

Sabia que voltarias

como esta mó dura volta sempre
esmagando os grãos e ferindo- me os dedos e a impaciência

Não sabia

era se eu estaria cá para te receber
Até quando eu me deixaria adormecer nas àguas a empurrarem esta mó...

Sem ti

fui vergando ao peso dos sacos
do grão e da farinha
que havia de ser pão

Sem ti

contei as horas e os grãos que iam caindo na adelha
um após um
presa na porta
para quando chegasses
eu estar acordada

Sem ti

imaginei ter filhos
dar-lhes o peito e o sono
a vida e a alegria

Quando chegaste

ainda não era tarde 
mas já o verão tinha terminado
para nós meu amor

Os teus olhos olharam-me cansados

e as tuas pernas fraquejavam
Até o abraço era contido
e os beijos nasciam secos

E o pior... não trazias vontade de nada eras um derrotado perdido, procuravas me para te encontrar

Nunca dizias meu amor ou querida...
Deixo-te o moinho

talvez assim me descubras
Deixo-te os sacos e a casa
para que os enchas

Levo apenas a roupa do corpo e um saco de grãos de milho

Vou procurar os filhos que não tive!
Adeus


domingo, 27 de agosto de 2017

Eram cinco

Eram cinco
que arranharam os joelhos a espreitar no parapeito de pedra

Eram cinco que escreveram a primeira carta de amor
Eram cinco que imaginaram um mundo melhor

Eram cinco e desertaram da guerra
Pintaram o amor clandestino
E navegaram nas âguas da revoluçåo

Eram cinco e nåo tiverram tempo de jogar às cartas
nem de ir ver o futebol

Eram apenas cinco
mas agora são quatro

Ainda podiam jogar às cartas ou ao dominó
mas agora
sem palito na boca
trauteiam a canção do homem Só!


MRodas

Telefonema

Escrevo com a luz
que desenhaste no meu corpo

Éramos jovens
e o futuro era jä ali
entre mim e ti
entre duas ou trēs histórias
com gatos e gaivotas
muitas promessas a vermelho
desenhadas com o sangue e suor das lutas dos outros

Era um rio
abraçava todos os que tinham sede

Eras luz
a libertares os outros da escuridão

No meu album de fotografias
há tantas páginas em branco
não tive tempo de as arrumar
e amareleceram nas gavetas

A àgua que passou
deixou o sulco
para os glaciares que hao de vir

Eu abracarei os que tēm sede e fome
das palavras
e tu libertaräs a luz da escuridão

Não importa quem são
de que vale uma vida inteira
sem um poema, um  desenho ou uma canção?


MRodas

foto Carlos Silveira,  2017, Soajo à noite

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Graciosa e verde

Graciosa e verde

Traz na cabeça todas as promessas
Tão linda que o mundo espanta. 

Chove nela tanta graça
Que dá graça à formosura. 

Sai bela e segura.
Verde e graciosa
Vai pela frescura
É ela uma rosa
ou só imaginação
num dia de despedida?


MRodas

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Na Várzea com Valentin Gutu



Numa visita rápida à Várzea, descendo com cautela o caminho íngreme, quem encontro eu numa esquina da Várzea? 
A cena mais improvável... um pintor, Valentin Gutu!








É uma enorme surpresa. A beleza da Várzea inspira poetas e pintores!


Obrigado, amigo Valentin Gutu! 


sexta-feira, 18 de agosto de 2017

...em verso

Escondes-te atrás do lume
Sem saberes que sou  àgua
Brincas com o fogo
sem saberes que sou vento

Finges a tua dor
Sem saberes que sou poeta
Ofereces promessas
Sem saberes que as posso realizar

Coses  poemas e epopeias
Mas eu ardia-te em verso...


MR

Fogo

Saiu de casa com a vista alterada, em fogo
Consumia-se por dentro com estragos  devastadores
 ruínas visíveis por fora
Aquela areia no pé mordia o calcanhar

Raiva
Era raiva e dó
Que destroçavam o caminho para as estrelas
E os pės pesavam tanto calor e ruído
Aquela areia no  calcanhar...

O caminho terminara mesmo em frente ao muro
e as estrelas tão longe
E os pės pesavam tanto ruído acre

Salvara-na aquelas palmeiras arder
inveja e tristeza nunca ter tido vestido de noiva
sorrisos benaventurados  dos convidados
abraços da família
beijos do marido

E os pės pesavam tanta areia fria

MRodas

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Ponte da Barca

A pauta
Sustenidos e semifusas de flores
Dó ré mi e compassos de promessas
Claves e claves, juras de amores
Colcheias feridas, dores e compressas...

Rodas

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Saudade

Não temos saudades,
é a saudade
que nos
tem.

Eduardo Lourenço



Brilham os girassois no céu
nada é meu
Tudo está azul na terra
O girassol? O girassol não é meu!

Voam libelinhas incandescentes
em círculos de névoa
pousam nas folhas de betão
como flores a fermentar 

Ergueu-se do chão o pó em estátua
À procura de figura
Também o vestido de noiva
Não resistiu ao desamor
Nem a cidade ao ditador

Não temos nada
É o nada que nos tem


MRodas



quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Os amigos são para ...abraçar, sempre!

Os amigos são para ... as  ocasiões!
Dizer Sim quando todos dizem não
Dizer Não quando os outros dizem sim
Dizer presente
quando já todos se afastaram 
e ainda se sente
no ar a respiração.

Os amigos são para ... as  ocasiões!
Escrever uma carta, mandar recado
Sugerir a força da ideia
a vantagem da decisão
Escutar o lamento a dor e a queixa
na distância dum abraço
que na ausência se sente 
o amigo está sempre presente.


Os amigos são para abraçar... mesmo em certas ocasiões!
Quando ele diz não
ou talvez, logo vejo
agora não dá
passa a correr e não olha
vai à toa...
O amigo é uma pessoa
e como tal
Os amigos são para ...abraçar, sempre!


Texto MRodas

Foto : Dias Costa




segunda-feira, 7 de agosto de 2017

O MARAVILHOSO REINO DA TERRA, by Carlos Silveira


Carlos Silveira vive em Setúbal e o ano anterior deslocou-se ao norte de Portugal para realizar o seu filme O MARAVILHOSO REINO DA TERRA, uma homenagem a Torga e às vivências no nordeste. 
Em Soajo adquiriu o livro MANUAL DE RAMIL, terra e saudade de Manuel Rodas. E a partir daí escolheu partes a incluir no seu maravilhoso filme, que aqui vos deixo com um pedido: uma obra destas tem de ser divulgada pelo maior numero possível de pessoas! Espetacular o preto e branco, donde sobressaem cores, a música, a sequência das imagens, o texto...tudo vibra neste filme, do princípio ao fim. São 16 minutos de puro prazer e orgia sensorial. Do princípio até ao fim!
Por favor vejam e recomendem este filme.
Obrigado 


https://vimeo.com/204606835

sábado, 5 de agosto de 2017

Cartas de Amigo e maldizer Soajo



A apresentação do livro CARTAS DE AMIGO E MALVIVER , em Soajo foi um momento de animação cultural, de confraternização muito interessante.
Obrigado a todos os que tornaram esta iniciativa possível!
Abraço 

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Às 10 da noite

Não sopres tanto
olha que apagas a vela
e tenho medo deixar de te ver


Eu sei que te posso encontrar às escuras
sei te tão bem
em cada aresta de pele
um pomar de desenhos

Mas sem luz
saberei ainda inventar estrelas
no teu céu
para ti outra vez
depois do ultimo eclipse?

Saberei ainda lavrar a tua lezíria
onde as cigarras
há muito deixaram de cantar?

Tenho receio
de não saber já semear o teu jardim
nem colher os frutos
que ambos desenhamos.

Por isso
não sopres tanto
olha que apagas a vela
e tenho medo deixar de ver.

MRodas

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Quem somos nós?

Estive recentemente em Paradela e na Várzea (VILA DE SOAJO) e vim totalmente desapontado com as ruínas dos nossos espigueiros e o geral estado de abandono que se sente no território. Está a envelhecer de tal modo que daqui a uma dúzia de anos muito poucos restarão.
Há mais de cem anos que o meu avô dizia que em Soajo há uma loba com muitos lobetes. Pelas notícias que temos visto no país, não se sabe se essa loba nasceu em Lisboa, ou se partiu de Soajo, fazendo companhia ao sabujo. Ela existe em todo o país e é contra ela que temos de protestar.
Infelizmente existe entre nós a ideia que o centro começa na Praça do Comércio, em Lisboa, passa para o Largo da Lapa, em A.Valdevez, e vai morrer no Largo do Eiró, em Soajo. A periferia teria que aceitar e aguentar os desmandos do centro.
Ora, não é assim, por duas razões:
1ª É frequente ouvirmos o centro a queixar-se e lastimar-se por ser a periferia, isto é, a Praça do Comércio queixa-se de Bruxelas, o Largo da Lapa queixa-se da Praça do Comércio e da falta da regionalização, o Eiró queixa-se do largo da Lapa e de não descentralizarem competências para as freguesias. Os lugares, dispersos pela serra, queixam-se que o dinheiro fica todo em Soajo e não vem nenhum para eles, que sendo seis, não são tão poucos como isso. Portanto, todos somos centro e todos somos periferia. A periferia é o centro dum novo sistema. 
Todos nos lamentamos, este mal português que teima, teima, queixámo-nos dos outros, mas há uns com mais pápa que outros! E se digo pápa é porque o nosso estado de lamentações é tão genuinamente infantil que mais se assemelha ao chorar das crianças, que à afirmação de homens conscientes e livres, que gritam e exigem!
2ª Pode haver centro sem periferia? Pode haver unidade territorial sem identidade cultural?
Quando deixamos morrer, por incúria, ignorância ou sobranceria uma pedra que seja da nossa memória coletiva, é a nossa identidade que está ameaçada e sendo assim, é a mensagem de falta de estima e desrespeito por quem somos, que estamos a transmitir aos vizinhos e às gerações que já habitam e hão de habitar este território depois de nós!
Era tempo de nos erguermos e trabalhar com as autarquias, o Parque Nacional, o Governo ou outra qualquer associação de modo a identificar, preservar e divulgar o nosso património. 
Precisamos urgentemente de nos inscrevermos na nossa realidade e com ela nos comprometermos.
Saliento a memória que já só existe na tradição oral.
Saliento a Rota dos espigueiros, moinhos e regas, a memória da cultura do milho e da água

Saliento a memória escrita, cartas, testamentos e fotografias
Saliento a memória dos objectos da história e do quotidiano soajeiro, expostos num museu
Saliento a dignidade de sabermos quem fomos e quem somos.
Somos nós, eu e tu e o outro, é a nossa memória, é a nossa terra mãe.
Que raio de filhos somos nós?
Onde está a alma genuína soajeira e arcoense? Onde estão os nossos candidatos e líderes?
Vamo-nos deixar morrer sem um ai?

Manuel Rodas

31julho

Desapropriados

Sentou-se mesmo em frente da montra
por baixo dos consultórios
num recanto luminoso
e com candeeiro publico privativo


Depois de rever a família
bebeu àgua
a mãe

comeu a codea dura
a filha

Remexeu nos bolsos
a mulher

Estendeu o cartão
e deitou-se
o irmão

Poisou a cabeça no braço
esticou as pernas com sapatos
o pai

Não adormeceu.

Desfez-se do corpo e
apropriou-se dos espaços e do tempo que não eram seus.
MRodas

domingo, 30 de julho de 2017

Invejamos

Nao sei que ideia foi a tua
vires anunciar um mundo novo
novas pessoas e lindas amizades

Que ideia foi a tua
fazer-nos acreditar
que iamos ser felizes e livres

Era fácil não era
todos juntos vestidos de amarelo
a cantar em uníssono...

Querias ser como o outro?

O que levava rios de gente
e dizia amor... amai-vos...

Quando veio a fome
o outro multiplicou os peixes e o vinho
mas tu escondeste-te
a dizer mal dos discípulos
enquanto pedias uma torrada e meia de leite

Nem pediste desculpa
pelos mortos e feridos
sobreviventes e vivos

Pelas contrário
Pintaste todas as pedras da rua
com letras para desenhar 
tanta impossibilidade e inveja!

Apoucas-te ou "azeras-te"
pelo que não soubeste inventar!
Que farei contigo?

MRodas

sábado, 29 de julho de 2017

A tua meloa

Soube-me bem a tua meloa

Alėm ds cores trazia o gosto doce
Do paraíso

Não foram as maças
que trairam Eva

Foi o desejo
Doce
Da meloa

Enfim, não foram as maças nem as meloas
Que Eva desejava

Quem a traiu foi Adão
Como sempre aconteceu
Ao longo da História...

Porque não dizem a verdade
às crianças?

MRodas

sexta-feira, 28 de julho de 2017

A minha natural natureza

"A sabedoria é um paradoxo.
O homem sábio é aquele que mais reconhece a sua ignorância."
— Nietzsche.

Pensei que quando cá chegasse
Havia desvendado todos os segredos

Seria a virtude virtuosa
O esforço esforçado
A fidelidade fiel

Mas descubro agora
Tal como Jacob
Que mais sete anos
Tenho de servir
Sem saber se em mais sete
Te alcançarei...

E não és tu que me foges
Mas é da minha natureza, perseguir-te!


MRodas

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Azul dia

Quando abriu os olhos
Apenas restava no chão
Uma saia azul dia
E umas penas de gaivota

Tinha desaparecido tudo
E do tudo nada restava
Tinha desaparecido
no fumo no fumo ido


Ainda pensou sair a correr
Gritar volta volta
Mas amava-a livre
E só livre poderia
Voltar a despir a noite da saia azul


A gaivota volta sempre que há azul.


MRodas

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Apresentação do livro CARTAS DE AMIGO E MALVIVER, em Soajo



A festa foi bonita, pá!
Estiveram muitos amigos e amigas, gente boa, que se interessa pelos livros!

Obrigado ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, que acompanha este evento desde 2014!

Obrigado aos Sr. Presidentes da Casa do Povo de Soajo, da Junta de Freguesia de Soajo, ao amigo Pedro Teixeira 

Um muito obrigado especial ao Nuno Soares que fez a brilhante apresentação do livro. Memorável!

O livro encontra-se à venda nas Portas do Mezio, em Soajo,
Contactos 258 510 100         258 522 157

 e na CASA DAS ARTES e na NATURE4 em Arcos de Valdevez (Jardim dos Centenários, 4970-433 A Arcos de Valdevez Telefone258 520 520)


Brevemente, a editora Alfarroba, disponibilizará a sua venda nas livrarias do país.


Muito obrigado a todos e boas leituras!
















Obrigado aos amigos do Musicarte Ensemble!


terça-feira, 18 de julho de 2017

Lavrar a escrita



Ar dado, ar refeito
arado
pedra a letra
muros de parágrafos
jugo de sinais, pontuação
escrita de sulcos
rasgados 
regos, regados e lavrados 
a sementes

ói pedra
ói dor
ói vida

lavra
sacha a tinta
monda as personagens
procura a coerência
da sementeira
que há de ser 
verde primeiro
flor e espiga

Será madeira
remo ou nau?

descerá o rio
chegará ao mar
à pimenta?

Terá filhos e morrerá
sem os conhecer?


Ó órfão de tinta
inventor do perdão
abriu-se o mar perante ti
e em passos firmes
trespassaste o espaço entre linhas
e gritaste: Liberdade, estou aqui!

Arcos de Valdevez, 18 7-17
MRodas




Vens a Soajo, no dia 22, às 16 horas?










domingo, 16 de julho de 2017

Olhos

São olhos?
Ou apenas extensões das almas
Libertando-se da ansia dos corpos
À procura do espaço sideral
Inicial
Síntese seminal
No fluído
Da imaginação?
Ė nesta órbita
Que os nossos planetas
Se demoram mais...
MR

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Sémen

Não é verdade que morri
Apenas
Me disseminei
...

O teu coração


Nem à luz mais intensa
Ou no calor mais frio e denso
Te encontrei
Havia caminhos, sulcos
Havia pele e pedras
Havia sinais do teu nome
Só tu não estavas
Em parte alguma

Perguntei a todas as saudades
Aos desejos mais intensas
Æs cores, aos búzios
Na seiva das madrugadas
Na resina das noites
Nem à luz mais espessa
Ou no calor mais frio e denso
Te encontrei, pepita, sol, coração...

MR

terça-feira, 11 de julho de 2017

Sal



A dúvida é o sal do espírito, sem uma pitada de dúvida, todos os conhecimentos em breve apodreceriam. 

Alain, pseud. de Émile-Auguste Chartier





Chegaste sem bater  entraste
 começaste a arrumar a casa
sem pedir autorização

onde estava claro ficou escuro, 
o de cima passou para baixo
o certo para incerto...

como te atreves
a mandar na minha vida
como se fosse desabitada de mim
ou 
a mandar em mim
como se fosse desabitado de vida?

Antes de antes de tu existires
já me percorrias as veias e os dias
mas não ordenavas e inseguravas

Agora ganhaste tal forma
que o mundo não tem sossego
em todo o universo

Vives comigo? 
Ficarás viúva escura e fria
continuarás a ser o sal da conversa
e o seu alimento
mesmo depois do juízo final

MR


segunda-feira, 3 de julho de 2017

Mentira

Diz
O medo que sentes
Quando
Negas a verdade ...
Diz
O medo que sentes
Quando
Dizes a verdade  entredentes...
Diz!
Se não dizes
Por mais que tentes
Ė porque mentes!
MR

Del Boch não mentiu.