domingo, 27 de agosto de 2017

Telefonema

Escrevo com a luz
que desenhaste no meu corpo

Éramos jovens
e o futuro era jä ali
entre mim e ti
entre duas ou trēs histórias
com gatos e gaivotas
muitas promessas a vermelho
desenhadas com o sangue e suor das lutas dos outros

Era um rio
abraçava todos os que tinham sede

Eras luz
a libertares os outros da escuridão

No meu album de fotografias
há tantas páginas em branco
não tive tempo de as arrumar
e amareleceram nas gavetas

A àgua que passou
deixou o sulco
para os glaciares que hao de vir

Eu abracarei os que tēm sede e fome
das palavras
e tu libertaräs a luz da escuridão

Não importa quem são
de que vale uma vida inteira
sem um poema, um  desenho ou uma canção?


MRodas

foto Carlos Silveira,  2017, Soajo à noite

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