Sentada à espera de ti, sabia que voltarias
Nao sabia era quando
Nem como virias, embora eu te reconhecesse às escuras ou no inverno das tuas mãos frias
Sabia que voltarias
como esta mó dura volta sempre
esmagando os grãos e ferindo- me os dedos e a impaciência
Não sabia
era se eu estaria cá para te receber
Até quando eu me deixaria adormecer nas àguas a empurrarem esta mó...
Sem ti
fui vergando ao peso dos sacos
do grão e da farinha
que havia de ser pão
Sem ti
contei as horas e os grãos que iam caindo na adelha
um após um
presa na porta
para quando chegasses
eu estar acordada
Sem ti
imaginei ter filhos
dar-lhes o peito e o sono
a vida e a alegria
Quando chegaste
ainda não era tarde
mas já o verão tinha terminado
para nós meu amor
Os teus olhos olharam-me cansados
e as tuas pernas fraquejavam
Até o abraço era contido
e os beijos nasciam secos
E o pior... não trazias vontade de nada eras um derrotado perdido, procuravas me para te encontrar
Nunca dizias meu amor ou querida...
Deixo-te o moinho
talvez assim me descubras
Deixo-te os sacos e a casa
para que os enchas
Levo apenas a roupa do corpo e um saco de grãos de milho
Vou procurar os filhos que não tive!
Adeus
Sem comentários:
Enviar um comentário
Seja crítico, mas educado e construtivo nos seus comentários, pois poderão não ser publicados. Obrigado.