terça-feira, 18 de julho de 2017

Lavrar a escrita



Ar dado, ar refeito
arado
pedra a letra
muros de parágrafos
jugo de sinais, pontuação
escrita de sulcos
rasgados 
regos, regados e lavrados 
a sementes

ói pedra
ói dor
ói vida

lavra
sacha a tinta
monda as personagens
procura a coerência
da sementeira
que há de ser 
verde primeiro
flor e espiga

Será madeira
remo ou nau?

descerá o rio
chegará ao mar
à pimenta?

Terá filhos e morrerá
sem os conhecer?


Ó órfão de tinta
inventor do perdão
abriu-se o mar perante ti
e em passos firmes
trespassaste o espaço entre linhas
e gritaste: Liberdade, estou aqui!

Arcos de Valdevez, 18 7-17
MRodas




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