Eu nao vendia o pote.
Faria ricas sopas, cozidos, feijoadas, sei lá, o que me desse na gana!
Por exemplo, numa caldeirada, lavava tudo muito bem, punha a ferver e servia aos amigos, com estes ingredientes:
abstrusidade, alarma, aldrabice, alteração, alvoroço, amálgama, amalgamação, anarquia, assarapantamento, atabalhoamento, atarantação, atrapalhação, atropelamento, atropelo, auê, babel, badanal, bafafá, bagunça, baixaria, bamba, barafunda, baralha, baralhada, barulheira, barulho, bolo, borogodó, brenha, cafarnaum, cambulha, cambulhada, cancaburra, canvanza, caos, caravançarai, cegada, cegarrega, charivari, chinfrim, chirinola, choldraboldra, cocktail, complicação, confusão, cu-de-boi, debandada, dédalo, desarrumação, descompasso, desconcerto, desfeita, desmanho, desordem, desorganização, discórdia, embrolho, embrulhada, embrulho, encrenca, encrequilha, enguedelho, enovelamento, enredia, enredo, ensalsada, envolta, equívoco, escangalho, estricote, estrilho, farragem, feijoada, feira, felga, floresta, foguete, forrobodó, fula-fula, furdúncio, furdunço, fuzuê, garabulha, imbróglio, inferno, javardice, kanvuanza, labirinto, landoque, latomia, lelê, liorta, maka, marmelada, mastigada, matalotagem, mexedura, mexida, miscelânea, mistifório, misturada, mixórdia, muvuca, pastelada, pessegada, pipoco, polémica, pot-pourri, reboliço, rebuliço, rebúmbio, recacau, remexida, revolvimento, roldão, rolo, rondão, salada, salada russa, salgalhada, salsada, salseiro, sarapatel, saricoté, sarilho, sarrabulhada, sarrabulho, siricutico, sururu, timaca, tranquibérnia, trapalhada, trapalhice, trapizarga, tumulto, turvação, valverde, vasqueiro, vira-teimão, vuvu, zaragalhada, zaragata, zona, zorra.
Ficavam bem servidos, por uns tempos...
Depois, íamos de férias, curtir a caldeirada que vai por aí! Uns, a não quererem pagar impostos, os mesmos a porem o dinheiro fora do país, em paraísos fiscais, outros, a não investirem com capitais próprios, mais uns tantos a especularem, corruptos a verem e o Zé a arrotar de fome!
Sim, isto é que era uma boa caldeirada. Eu não vendia o pote! Ainda por cima não está furado! Há poucos assim!
Nessa sátira poética, você expressa sua indignação com a situação política e social ao redor. O poema faz uso de metáforas culinárias, onde o pote simboliza recursos e riquezas da nação. As "ricas sopas, cozidos, feijoadas" representam os recursos que poderiam ser utilizados para o benefício de todos.
No entanto, a ironia se manifesta quando o pote é usado para criar uma "caldeirada" com palavras que representam caos, confusão e desordem, denunciando o estado caótico e disfuncional do país. Os ingredientes dessa caldeirada satírica incluem termos como "corrupção", "imbróglio", "bafafá", "bagunça" e muitos outros.
A crítica se dirige a diferentes setores da sociedade, como aqueles que sonegam impostos, colocando dinheiro em paraísos fiscais, os que especulam e os corruptos que agem impunemente enquanto o povo sofre.
A ideia de não vender o pote e de não estar furado pode significar a resistência em deixar que os recursos sejam desperdiçados ou roubados por interesses egoístas. A sátira aponta para a necessidade de uma mudança na mentalidade e nas práticas políticas, em busca de uma sociedade mais justa e equilibrada.
A linguagem criativa e o tom satírico do poema ajudam a transmitir a mensagem de forma impactante e provocativa, convidando os leitores a refletirem sobre a realidade retratada.