Nas Ruínas da Esperança
Do pó dos caminhos antigos
restam sombras ressequidas,
ferro retorcido, silêncio espesso;
a distopia é um eco de aço e gritos,
uma cicatriz raivosa no horizonte queimado,
onde os sonhos eram lanças,
e as noites, prisões ululantes.
Mas a vida—ah, essa ladra cruel—
dança sobre os escombros com pés descalços,
zombando das lágrimas que secaram,
esculpindo flores na fuligem.
Ela é tragédia que insiste em florescer,
paradoxo que sangra e sorri.
O futuro é uma farsa sussurrada,
uma utopia feita de vapor e promessas frágeis,
flutuando como balões perfurados,
tão perto, tão distante.
O amanhã brinca com os sonhos,
rindo da coragem de quem ainda planta
sementes no deserto.
E nós, marionetes do acaso,
carregamos no peito a ironia de existir:
somos o pranto das eras e o riso do caos,
tecendo com mãos sujas o fio da esperança
que nos agiganta e liberta,
num só nó.
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