domingo, 15 de dezembro de 2024

Nas Ruínas da Esperança

 



Nas Ruínas da Esperança


Do pó dos caminhos antigos

restam sombras ressequidas,

ferro retorcido, silêncio espesso;

a distopia é um eco de aço e gritos,

uma cicatriz raivosa no horizonte queimado,

onde os sonhos eram lanças,

e as noites, prisões ululantes.


Mas a vida—ah, essa ladra cruel—

dança sobre os escombros com pés descalços,

zombando das lágrimas que secaram,

esculpindo flores na fuligem.

Ela é tragédia que insiste em florescer,

paradoxo que sangra e sorri.


O futuro é uma farsa sussurrada,

uma utopia feita de vapor e promessas frágeis,

flutuando como balões perfurados,

tão perto, tão distante.

O amanhã brinca com os sonhos,

rindo da coragem de quem ainda planta

sementes no deserto.


E nós, marionetes do acaso,

carregamos no peito a ironia de existir:

somos o pranto das eras e o riso do caos,

tecendo com mãos sujas o fio da esperança

que nos agiganta e liberta,

num só nó.



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