Era um rio e um caminho
uma fronteira que a água e o vento cavaram
em direção ao mar
Surpreendeu-se o mar
por ver as águas vermelhas de sangue
que escorriam dos corpos mutilados
de cavalos estropiados e homens mortos
e uma bandeira a boiar
Atrás duns correram os outros
a pé e de barco
com mastros e naus
Foram-se daqui a Ceilão e Malaca
deram a volta ao mundo
enquanto a fronteira ficou sempre aqui
e as mulheres esperaram
noivas por se casarem
e filhos sem saberem dos pais
Foi a espera que os esperou
até os levar de volta ao combate
guerreiros duma Guerra inicial
e obreiros de terras e cidades
Mais uma vez a fronteira os esperou
sempre igual e verde
um rio de águas mansas
breves e loucas
donas do tempo, preces eternas
grito de amor promessa de regresso
memória de princesa cigana
vestida de negro e descalça
de mãos estendidas para o lado de lá
onde a saudade mais dói...
Valença 15 set. 2020
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