quinta-feira, 4 de abril de 2019

Tempo de fantasmas

Logo a seguir ao jardim começou o céu a ficar escuro 
e as trepadeiras nos muros escureciam a ruela

Mas foi depois
perto da tua ida e vinda
que o meu alheamento esbarrou no cume do muro feito de dias esquecidos

Soltaram-se os fantasmas aprisionados e raivosos 
degladiaram-se nos nossos olhos 
e nas nossas palavras malditas

Convocaram toda a angustia do mundo e vieram por a nossos pés o nosso sangue

Com o pé nu
esmagamos o coágulo
antes que ele nos esmagasse 

Correram rios de sangue em lâminas  retalhando a memória
nas maçãs, estátuas de sal e enxofre
rugas dum corpo impossível mas fatalmente presente

MRodas


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