terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

A guerra


Saio de casa, sem vontade de olhar para trás.
Sei que hei de voltar, por isso, não me despeço de ninguém.
Nem de nada.
Vou ali dar um recado, matar ou ser morto nesta guerra – o que é a guerra?- mas voltarei.
Claro que levo o coração preso numa sombra negra
e as pernas pesam com o receio de não saber correr ou fugir.
Nasci em 1894 e tenho 22 anos.
Sei que voltarei para ti.
Levo o teu retrato.
Não precisava, mas tenho medo de ser gaseado e perder a memória.
Se te perder que eu me encontre
e se eu não te encontrar, que tu não me percas.


Vou à guerra...matar e ser morto.

MRodas

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