Mais uma vez apareces de gadanha em punho
a matares o ultimo sorriso na minha memória.
Não o matas só a ele, que jaz no esquife de pinho.
Matas-nos a todos que distraídos te ignoramos.
Matas a criança que se revê nas águas claras do ribeiro
bem como amarfanhas o papel onde estou a escrever.
São conhecidos os teus poderes
e aqueles a quem delegas os golpes frios na noite
Sim, porque tu delegas e pedes responsabilidade.
Exiges, obrigas e apontas, discriminas
as almas que no vácuo se despedem sem um sorriso,
apenas voam leves e fátuas, no âmbar da saudade.
Tu não conheces o calor no seio duma mãe.
Apenas apontas o gadanho e dizimas
a criança que deixou de suspirar,
ou a noiva antes de subir ao altar.
Levas o jovem soldado pela mão
frente a um baque direto ao coração.
Tu tanto matas os sonhos antes de eles darem as mãos
como as madrugadas antes do dia clarear.
Matas com a mesma indiferença, a noiva como o velho,
o sorriso como a desgraça, a sede e a taça,
a vontade de viver como a de morrer.
Tu matas, matas, matas e... nunca mais morres!
MRodas
7-2-2016
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