(...do livro MANUAL DE RAMIL, a publicar brevemente)
- Telefona,
Zé! - dizia minha mãe a aspirar o progresso!
Ele dava à
manivela, enfiava o dedo indicador nos buracos brancos, com números, como
olhos, marcava os números redondos e o telefone acordava manso e cordato.
Com o
auscultador na orelha, o meu pai passava as preocupações para alguém longínquo
e invisível.
O sussurro
vinha numa voz diretamente do além. Enquanto isso, ele mantinha um ar sério e
grave, como se a salvação do mundo estivesse dependente daquelas palavras e dos
gestos e momices que a mulher lhe fazia da ombreira da porta, a recordar-lhe a
urgência dos factos e pareceres.
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