...MANUAL DE RAMIL... a publicar em breve!
- Grilo,
grilinho, anda cá para fora, beber vinho...
“Vinho? O que é isso? É bom? A que
sabe? É doce? Faz rir? Chorar?
- Gri gri, sai, sai, que aí vem o teu pai, com
uma faca de cartão espetar-te no coração.
“ O meu pai? Não, ele nunca me
mataria... mentiroso, men-ti- ro-so...men-ti-ro-so...”
- Grilinho sai, sai, se
não mato o teu pai, com uma bola de sabão vai direito ao coração”
Às vezes
saía, ou porque tinha medo que lhe matassem o pai ou por curiosidade e com as
duas mãos abertas em concha, agarrava-o.
Tão preto... com dois corninhos a
acenar... e cada um mexe por si, parecem ter vontade própria, não é como as
vacas ou os carneiros, que vão os dois ao mesmo tempo, para o mesmo lado. O
macho só tem um rabinho, as fêmeas dois, mas depois de estar na minha mão era
apenas um grilo... Ele saltava, mas não tanto como os gafanhotos. Voltava a
apanhá-lo, para onde vais, agora és meu e estás aqui comigo... se pudesse ia
contigo para tua casa, mas é tão pequena. O que guardas lá? Tem quartos e
escritório? Também escreves ou só cantas? Porque cantas? Cantas ou gritas?
Comes em casa ou vens comer cá para fora? Vives sozinho?
Talvez ele
respondesse, mas devia falar muito baixinho e nem por isso desistia de
escutar.
Quando não saía com a ervinha, abria a braguilha e urinava na toca, e
era vê-lo vir a correr, quase sufocado, a gritar, “Mas o que é isto? Que
atrevimento é este?”
- Olha lá, até é mais quentinho que a chuva e quando chove
como te abrigas?
“ Mas cheira mal e a chuva cheira bem..”
Sem comentários:
Enviar um comentário
Seja crítico, mas educado e construtivo nos seus comentários, pois poderão não ser publicados. Obrigado.