segunda-feira, 7 de outubro de 2013

3.9.1950 in A Vanguarda


3.9.1950
Voltou a faltar gado vacum na nossa serra- Depois de algum tempo de descanso para os lavradores que, no verão trazem os seus gados a pastar na serra, encontram-se de novo alarmados com os roubos que ultimamente se tem registado. Nos primeiros dias do mês de Julho roubaram uma junta de vacas ao Sr. Manuel Domingues; faltou outra junta ao Sr. Francisco Soares e uma vaca ao Sr. João Costa, uma toura á Sr.ª Teresa Curta, todos naturais e residentes no lugar de Paradela. Para descanso dos nossos lavradores, será bom identificar os criminosos e aplicar-lhes um castigo rigoroso, de contrário, voltaremos a registar a falta de mais animais da mesma espécie.
Caminhos- Apesar do apelo que ultimamente fizemos, nas colunas deste jornal, os nossos caminhos continuam num estado deplorável; se não houver quem tome as necessárias e urgentes medidas, deixaremos de poder transitar duns lugares para os outros, ficaremos isolados, sem meios de comunicações de qualquer espécie. Sr. Presidente da nossa Junta e Sr. Regedor, se já não podemos, devido aos nossos afazeres, ou à avançada idade, cumprir com o nosso dever, será bom ceder o lugar a outros mais novos, com mais vida, mais entusiasmo e bairrismo, que melhor possam servir o interesse público. Assim é que não está bem, assim é que não pode nem deve continuar,
Ponte sobre o rio Lima- Não podemos compreender, por mais que procuremos, o motivo da má vontade que existe no deslocamento da ponte de arame para o local da Represa. É um melhoramento que tanto interessa, não só a nós mas, à vizinha freguesia de Gavieira, à Guarda Fiscal, Guarda Florestal e até à Viação Auto-Motora. Ainda que seja mau caminho, sempre é o que nos liga mais rápido com a sede do concelho. Até há pouco tempo, ainda se conseguia passar por um barco, mas ultimamente nem esse nos deixam utilizar. Teremos nós de fazer eternamente uma marcha forçada de três horas, para muitas vezes não chegarmos a tempo ou não haver lugar na camioneta, continuando a viagem a pé e... quantas vezes, debaixo de copiosa chuva?  Apelámos para o Exmº. Sr. Alberto Barreiros Aranha, muito Digmo. Vice-Presidente da nossa Câmara, convencidos de que seremos atendidos por V. Ex.ª e que não deixará no esquecimento uma obra de tanta importância, ficando a atestar a passagem de V. Exª pela nossa Câmara.  Com uma pequena verba para ajuda de desmontar e montar a ponte, depois de devidamente autorizada a deslocação, verá satisfeita uma velha aspiração destes povos serranos que vivem isolados do resto do mundo.
Montes Baldios- Também nos pedem para chamar a atenção de quem de direito, para o que se está a passar em alguns lugares desta freguesia, até mesmo na sede, com os montes baldios, os logradouros dos mesmos lugares que nos deixaram os Serviços Florestais. Tudo são muros de pedra, terrão, sebes, etc. Todo o que tiver dinheiro, em pouco tempo é senhor da maioria desses montes  para, afinal, deixarem de mato. Ora isto não está certo. A continuar assim, em breve, os pobres, nem lenha terão para se aquecer, porque os ricos não lha darão e dinheiro para a comprar, não terão. Creio haver uma lei que pune estes transgressores a não ser que seja, como diz o povo, “quem tem dinheiro tem tudo, o dinheiro até racha pedras”. Terão eles desfeito essa lei com o dinheiro? Ou não terão conhecimento do caso as nossas autoridades?
Baptizado- Recebeu as águas baptismais um filho do Sr. Manuel Fernandes Rego Curto e da Sr.ª Maria do Carmo Pereira, a quem foi dado o nome de João. Foram padrinhos, o Sr. João Domingues Martins e a Sr.ª Rosa Esteves Domingues.

José de Sousa Rodas

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