3.9.1950
Voltou a faltar gado vacum na nossa
serra- Depois de algum tempo de descanso para os
lavradores que, no verão trazem os seus gados a pastar na serra, encontram-se
de novo alarmados com os roubos que ultimamente se tem registado. Nos primeiros
dias do mês de Julho roubaram uma junta de vacas ao Sr. Manuel Domingues;
faltou outra junta ao Sr. Francisco Soares e uma vaca ao Sr. João Costa, uma
toura á Sr.ª Teresa Curta, todos naturais e residentes no lugar de Paradela.
Para descanso dos nossos lavradores, será bom identificar os criminosos e
aplicar-lhes um castigo rigoroso, de contrário, voltaremos a registar a falta
de mais animais da mesma espécie.
Caminhos- Apesar do apelo que ultimamente fizemos, nas colunas deste jornal, os
nossos caminhos continuam num estado deplorável; se não houver quem tome as
necessárias e urgentes medidas, deixaremos de poder transitar duns lugares para
os outros, ficaremos isolados, sem meios de comunicações de qualquer espécie. Sr.
Presidente da nossa Junta e Sr. Regedor, se já não podemos, devido aos nossos
afazeres, ou à avançada idade, cumprir com o nosso dever, será bom ceder o
lugar a outros mais novos, com mais vida, mais entusiasmo e bairrismo, que
melhor possam servir o interesse público. Assim é que não está bem, assim é que
não pode nem deve continuar,
Ponte sobre o rio Lima- Não podemos compreender, por mais que procuremos, o motivo da má vontade
que existe no deslocamento da ponte de arame para o local da Represa. É um
melhoramento que tanto interessa, não só a nós mas, à vizinha freguesia de
Gavieira, à Guarda Fiscal, Guarda Florestal e até à Viação Auto-Motora. Ainda
que seja mau caminho, sempre é o que nos liga mais rápido com a sede do
concelho. Até há pouco tempo, ainda se conseguia passar por um barco, mas
ultimamente nem esse nos deixam utilizar. Teremos nós de fazer eternamente uma
marcha forçada de três horas, para muitas vezes não chegarmos a tempo ou não
haver lugar na camioneta, continuando a viagem a pé e... quantas vezes, debaixo
de copiosa chuva? Apelámos para o Exmº. Sr.
Alberto Barreiros Aranha, muito Digmo. Vice-Presidente da nossa Câmara,
convencidos de que seremos atendidos por V. Ex.ª e que não deixará no esquecimento
uma obra de tanta importância, ficando a atestar a passagem de V. Exª pela
nossa Câmara. Com uma pequena verba para
ajuda de desmontar e montar a ponte, depois de devidamente autorizada a
deslocação, verá satisfeita uma velha aspiração destes povos serranos que vivem
isolados do resto do mundo.
Montes Baldios- Também nos pedem para chamar a atenção de quem de direito, para o que se
está a passar em alguns lugares desta freguesia, até mesmo na sede, com os
montes baldios, os logradouros dos mesmos lugares que nos deixaram os Serviços
Florestais. Tudo são muros de pedra, terrão, sebes, etc. Todo o que tiver
dinheiro, em pouco tempo é senhor da maioria desses montes para, afinal, deixarem de mato. Ora isto não
está certo. A continuar assim, em breve, os pobres, nem lenha terão para se
aquecer, porque os ricos não lha darão e dinheiro para a comprar, não terão.
Creio haver uma lei que pune estes transgressores a não ser que seja, como diz
o povo, “quem tem dinheiro tem tudo, o dinheiro até racha pedras”. Terão eles
desfeito essa lei com o dinheiro? Ou não terão conhecimento do caso as nossas
autoridades?
Baptizado- Recebeu as águas baptismais um filho do Sr. Manuel Fernandes Rego Curto e
da Sr.ª Maria do Carmo Pereira, a quem foi dado o nome de João. Foram
padrinhos, o Sr. João Domingues Martins e a Sr.ª Rosa Esteves Domingues.
José de Sousa Rodas
José de Sousa Rodas
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