sexta-feira, 12 de abril de 2013

Que faremos?



Que faremos de nós
deserto nú habitáculo de reis depostos
sombras
de sílabas, versos, epopeias...

Que faremos com este amor
outrora rio, mar, aventura
fermento dos dias por nascer?

Que faremos desta gramática
inventada e cerzida a pano crú
letra a dor, silaba a sorriso?

Que faremos com esta flor
nascida nos cabelos brancos
ou no teu sorriso de mulher?

Tomai. Bebei. Este é o nosso corpo,
sonho dum império naufragado
barcaça sem herói, nem poema!

Já poetas não há
neste rochedo português
Apenas ... a saudade de nós os três!




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