segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Dragão

Foto, MRodas

 Vem a névoa dum lago 

Onde desafogo o pensamento

Para que  saibas 

O valor da revelação

O poder dum dragão

Nascido em cada um

Escondido de todos

Mas presente na dor comum


sábado, 16 de novembro de 2024

6. dia

 


Hoje foi um dia terrível para este diário. Torci o pé direito, de manhã e já não consegui ir à vela. Que chatice! Uhfff!

Bom, mas o dia foi passando e tentei valorizar as coisas boas. Primeiro, de manhã, fui à praia de Carcavelos e, como o tempo estava de verão, não resisti tomei dois banhos fantásticos. Água maravilhosa e sol espetacular. Até eu fiquei tão surpreendido que fiz um video para memória futura. Banho do dia 13 de novembro. É isso, dia 13, azar! O que vale é que não sou supersticioso. Avisei os amigos da vela a dizer que não podia ir, mas desejava-lhes uma ótima aventura, no Tejo.

Como estava em casa, aproveitei para fazer uma revisão d matéria e fui à IA saber o que havia disponível sobre CABOS, VELAS E GUINDASTES. Ora vejam: 

Um barco à vela é uma embarcação rica em nomenclatura específica, especialmente nas partes relacionadas à navegação. Aqui estão os nomes dos principais cabos, velas e guindastes encontrados num barco à vela, com suas respectivas finalidades.

1. Cabos • Escotas: Cabos que servem para ajustar a posição das velas, controlando o ângulo delas em relação ao vento. • Escota da vela grande: Ajusta a vela principal. • Escota da genoa: Ajusta a vela de proa. • Amantilho: Cabo que sustenta o peso da retranca (a barra horizontal que fica na parte inferior da vela grande). • Brandais: Cabos de aço ou cordas que sustentam o mastro lateralmente. • Brandais de barlavento: Ajudam a evitar que o mastro dobre para o lado oposto ao vento. • Estais: Cabos que sustentam o mastro para frente e para trás. • Estai de proa: Fixa o mastro pela frente e onde muitas vezes a vela de proa, como a genoa, é fixada. • Estai de popa: Sustenta o mastro para trás, impedindo-o de inclinar para frente. • Baluma: Cabo que tenciona a parte traseira da vela. • Cunha: Cabo que regula a altura da retranca em relação ao mastro. • Carreta: Cabo usado para ajustar a posição das velas em sentido horizontal. • Escoteira: Peça ou cabo que prende o punho da vela para esticar a parte inferior (carangueja). • Borneca: Corda para prender as velas ao mastro ou à retranca. • Bujarrona: Usado para ajustar a posição da bujarrona (vela de proa maior que a genoa). • Fundo: Cabo para ajustar a posição da retranca para baixo. 2. Velas • Vela Grande (ou Mestra): A vela principal que está presa ao mastro e à retranca. Fornece a maior parte da propulsão do barco, direcionando-o contra o vento. • Genoa: Uma vela de proa grande que se estende além do mastro. É usada para navegar com vento de través (lateral) e popa. • Vela de Estai (ou Tormentina): Uma vela menor de proa, usada em ventos fortes. É menor e oferece mais controle em condições adversas. • Spinnaker (ou Balão): Uma vela grande e leve, usada em ventos favoráveis, como vento de popa, para aumentar a velocidade. • Vela de Trinqueta: Fica entre o mastro principal e o mastro da proa, usada em ventos fortes para melhorar a estabilidade. • Vela de Estai Interno (Stay sail): Menor e montada em um estai interno para condições de vento fortes. • Vela de Storm Jib: Pequena, triangular, para ventos muito fortes. • Vela de Popa (ou Mezena): Usada em barcos de dois mastros, situada no mastro menor (popa) para equilibrar o barco. 3. Guindastes e Dispositivos de Elevação • Halyard (Adriça): Cabos que servem para içar as velas até o topo do mastro. • Adriça da vela grande: Iça a vela grande até o topo do mastro. • Adriça da genoa: Iça a genoa. • Grua: Um pequeno guindaste, geralmente usado para levantar e abaixar o bote auxiliar do barco. • Mastro: O grande “poste” vertical que sustenta as velas e distribui o peso delas. • Retranca: Barra horizontal na parte inferior da vela grande, ajuda a estabilizar e estender a vela. • Mastro de Genaker: Usado em algumas embarcações para içar e controlar velas maiores como o genaker ou spinnaker. • Cadernal e Moitão: Polias para reduzir a carga e facilitar o manuseio dos cabos das velas. 4. Outros Cabos e Acessórios de Controle • Esticador: Serve para ajustar a tensão dos estais ou brandais. • Trapézio: Usado em embarcações leves para os tripulantes se posicionarem fora do barco e equilibrá-lo. • Rizos: Linhas usadas para reduzir o tamanho da vela em ventos fortes. • Carro de Escota: Permite ajustar a posição da escota de uma vela, especialmente nas velas de proa. • Retinida: Cabo para manter a vela amarrada ao mastro ou à retranca quando está recolhida. Esses cabos, velas e guindastes trabalham em conjunto para garantir que o barco possa navegar de maneira eficiente e segura, aproveitando a força do vento. Cada um desempenha um papel específico na orientação, tensão e ajuste das velas para responder ao vento e ao MAR.

Fiquei surpreendido. Bolas. O que a IA sabe!


terça-feira, 12 de novembro de 2024

5. dia

  •  

  • Voltamos ao rioTejo e às suas águas calmas e tranquilas, que desde Espanha até Lisboa percorrem muitos e muitos kms. Quantos?
  • Hoje, por azar, não havia vento e sem vento não há energia. Saímos da doca de Alcântara, com motor ligado e dirigimo-nos até meio do rio, apontando à Trafaria. Fiquei ao leme, mas sem vento e muito devagarinho. Até deu para tirar fotografias e tive mais tempo para apreciar a orla costeira dum e do outro lado, isto é, das duas margens! 
  • Contava a minha mãe, que o o seu pai, meu avô, quando regressou dos Estados Unidos, onde permaneceu alguns anos, os necessários  para amealhar o dinheiro suficiente para comprar terras em Paradela de Soajo e tirar os filhos da miséria-, dizia duas coisas interessantes. A primeira é que Lisboa, vista por quem sobe o rio Tejo, era a cidade mais linda que tinha visto. E agarrado ao leme, fico a imaginar o que o meu avô, Firmino Barbosa, tinha visto! Não a Ponte 25 abril, não a cidade com as torres das Amoreiras e o museu novo da eletricidade, e mais uns não sei quantos prédios novos, mas a luz de Lisboa, a orla ribeirinha do a Tejo, o colorido das casa e telhados mantêm uma harmonia, com reflexos na água que tranquiliza a alma mais agitada. Foi isso que o meu avô tanto admirou e eu, passados tantos anos volto a sentir algo parecido, como se voltasse atrás na máquina do tempo.
  • Parece um cartaz dum filme, a capa dum livro, uma pintura dum mestre desconhecido! Uma história de mistério e saudade! De romance com final incerto. Música e fado, fado e luz!
  • A segunda sentença que o meu avô disse, segundo a minha mãe, era que a pia de batismo da freguesia de Soajo queria-se partida! Porquê? Porque tinha visto terras tão bonitas, onde podia ser tão feliz quer sozinho, quer com a família e por causa do amor à terra onde tinha nascido e sido batizado, regressou, a uma terra tão madrasta! E eu, na esteira dele, podia dizer o mesmo, agarrou-se-me o sangue àquelas penedias verdes e àgua corrente, ao ar fresco, aos poentes de glória, que delá, não pude mais sair, nao!
  • Voltemos ao Tejo e à navegação.
  • Como não havia vento, não desfraldamos as velas  e ficamos a conversar com  Antó, que de dia para diaestá mais simpático. As relações são assim, começam com distância e ou acabam ou seguem o caminho da proximidade, empatia e bom relacionamento. É um consolo ouvi-lofalardas suas aventuras no mar com passagem pelo Brasil.
  • Aproveitei para esclarecer algumas dúvidas acerca destes mapas
  • Se o vento (sombreado) vem da proa incide nos amurais, este pode navegar a estibordo ou bombordo, e num um ângulo de 45 graus navega à bolina.
  • Se o vento vem da popa, temos os amurais a estibordo ou bombordo, mas num ângulo de 135 graus! 



  • Falamos de muitas coisas, prioridades, sinalização, tomada de vistas, etc. 




  • Neste quadro temos mais um conjunto de nomes que a arte de marear à vela necessita, porque foi preciso construir uma linguagem comum e deste modo, poder ser rápido na identificação dos objectos ou locais e assim responder ou dar e receber ordens ou fazer pedidos ou chamar atenção dos parceiros a fim de se cumprir a tarefa com prontidão e e sucesso. 







  • Dois veleiros em rumo de colisão
  • Independente das normas de regata, existem duas regras básicas às quais os velejadores devem se ater:
  • 1ª - Quando os veleiros recebem o vento por bordos diferentes, o que receber o vento com as velas a bombordo tem direito de passagem.
  • 2ª - Se ambos receberem o vento do mesmo bordo, o de sotavento tem preferência de passagem.

  • As balizas de entrada de porto para as embarcações 

    Nas entradas dos portos, encontra marcas laterais que indicam o caminho que tem de seguir. Evite sair dos canais indicados..

    Deve dar bombordo às balizas vermelhas quando entra no porto. De noite, elas reconhecem-se pelo sinal luminoso vermelho.

    Deve dar estibordo às balizas verdes quando entra no porto. Têm igualmente sinais luminosos de cor verde.

    Mas cuidado com os hábitos: esta sinalização marítima não é válida em todo o mundo. Nalguns continentes ou países, está invertida. É o caso dos departamentos franceses ultramarinos.

    Então, antes de partir, verifique bem a sinalização em vigor nos locais onde pretende navegar!



  • região b - dia -iala.jpg
  • região b - noite - iala.jpg







sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Porque raio votas tu no Trump?

 


Sei que és meu semelhante

Sofres e sonhas como eu. 

Queres uma vida melhor para ti e teus filhos

Gostas da família e dos amigos.

És honrado e queres o melhor para o teu país

E gostavas da paz no mundo 

E que todos os povos sejam felizes e vivam bem!


Acordas de manhã a sorrir

Ou a chorar pelas tuas dores e dos outros

Trabalhas o dia todo, dás o teu melhor

Regressas cansado a casa

Participas nas tarefas domésticas

Ouves as queixas dos filhos 

Dás conselhos e apelas à moderação, à amizade

Falas do sentido crítico, da liberdade

E do respeito para com os outros

Sim, eu sei que falas disso.


Sei que quando te deitas 

Agradeces ao teu Deus pela

Vida que tens.

O carro está na garagem, os impostos estão pagos

O dinheiro amealhado garante-te uma velhice tranquila.

Sei que se pudesses há muito terias acabado com a pobreza

Darias condições aos que dormem na rua

Combaterias o mercado das drogas

A injustiça e a desigualdade. Eu sei disso

Mas porque raio votas tu no Trump?

Que mal te fazem os que querem viver a vida duma forma diferente da tua?

Ou que pensam de forma diferente

Ou que acreditam num Deus diferente

Explica-me bem, como se eu tivesse chegado hoje a Terra

Vindo dum planeta distante.

Explica, meu irmão

Para que eu compreenda a razão

De acreditares em mentiras, 

que sabes serem mentiras, não sabes?

Votar em Trump

E regressar a casa, com as mãos nos bolsos

Sorriso de menino travesso

Confiante que fez o que devia

Olhar a família e os amigos nos olhos 

Dormir descansado porque 

Votaste  no Trump.

Explica-me como fazes isso

Porque tenho 71 anos e não compreendo! 

Porquê?



quinta-feira, 31 de outubro de 2024

4. Dia

 


Hoje foi o 4. dia da aventura à vela no Tejo. Ontem tivemos treino físico e cognição, em terra. O treino físico é simples, exercícios de força, equilíbrio e concentração. O treino cognitivo também é simples, mas reconheço a minha dificuldade em fazer nós utilizados no mar. Talvez se fossem exercícios práticos com cordas, seriam mais fáceis, mas não há remédio, é treinar, treinar, treinar…com cordéis!
Nós em oito, nó direito, nó do fiel, nó lais de guia, nó volta de cunho, etc…Fui à internet e encontrei, https://blog.clickandboat.com/pt/nos-de-marinheiro/
 Os exercícios com os dedos da mão, em movimentos alternados com as duas mãos, mostraram-se um verdadeiro quebra-cabeças. Não imaginava como é difícil sincronizar movimentos com o polegar e mindinho da mão esquerda com os equivalentes na mão direita. E fazer uma sequência de 4 movimentos sincronizados, com as duas mãos, ainda é mais difícil!
No intervalo estive a conversa com o Vi, que com o seu ar enérgico, se mostrava muito interessado. Falamos de parques e de como se começou pelo interesse paisagístico, por influência do Arq. Gonçalo Ribeiro Teles. Só mais tarde, apareceu o interesse na preservação da natureza e ultimamente interessa se dá dinheiro, senão não tem interesse. Tempos que vivemos.
Por sugestão dele vou telefonar para o ICNF para tentar saber onde está o arquivo dos Serviços Florestais no Norte, desde os anos 40, até a sua passagem para o Parque Nacional Soajo Gerês, em 1972. Seria interessante fazer uma procura sobre os Serviços Florestais em Arcos de Valdevez e em Soajo e ver a correspondência entre o Engenheiro Oliveira e o meu pai, José de Sousa Rodas, Guarda-Florestal, bem como o expediente normal do serviço.
Mas voltemos ao Tejo. O dia foi ficando cada vez mais escuro e no final já caíam gotas de água.

Se a proa estiver apontada a barlavento ( donde vem o vento) o barco não anda. Por isso, é necessário arribar, afastar a proa da direção do vento. O contrário é orçar.
Para que isso aconteça é preciso caçar ou folgar a vela, como mostra a imagem. É um jogo de cordas e de coordenação entre a tripulação , enquanto o do leme tenta manter o barco no ângulo desejado, em relação ao vento.
Ainda me sinto pouco à vontade, porque são atividades novas para mim, e seis tripulantes atrapalham me. 
Propus ao piloto Antó que nos levasse até ao Bugio, mas ele disse que como a maré estava vazante, seria preciso mais tempo, pois a maré arrasta  ou puxa o barco e não havia vento suficiente para o trazer de volta em tempo útil.



No final, no regresso para atracar, o mestre Antó, ao leme, deixou descair o barco, e este embateu ligeiramente no cais. Serviu para lembrar como é difícil controlar a sua inércia. São muitas toneladas, talvez nove ou dez.
Deixo aqui 7ma recolha de provérbios ligados ao mar.

Provérbios sobre o Mar

Grande nau, grande tormenta.
Quem é do Mar, não enjoa.
Quem vai ao Mar, perde o lugar.
Gaivotas em terra, tempestade no Mar.
Não se afoga no Mar, o que lá não entrar.
Os Mares mais calmos, são os mais profundos.
O Mar aproxima as terras que ele separa.
Antes o Mar por vizinho, do que, cavaleiro mesquinho.
O Mar que  é Mar, nem sempre dá, hoje não dá, amanhã haverá.
Quando o Mar bate na rocha, quem se lixa é o mexilhão.
Alto Mar e não de vento, não promete seguro tempo.
Sem razão se queixa do Mar, quem outra vez navega.
Quem anda no Mar, não faz do vento o que quer.
Não pude passar o Mar, sem de fortuna me queixar.
Enquanto o Mar bonança, todos são bons pilotos.
Quem não entrar no Mar, nele não se afogará.
Nem com o Mar contar, nem a muitos fiar.
Vista bela é ver o Mar e morar em terra.
Quem o Mar gaba, não tem visto a praia.
Nem muito ao Mar, nem muito à terra.
Quem vai ao Mar, avia-se em terra.
Não há Mar bravo, que não amanse.
Repartiu-se o Mar e fez-se sal.
No Mar bravo, às vezes há bonança.
No Mar anda, para quem nós ganha.
Jornada de Mar, não se pode taxar.
Homem do Mar, cabeça no ar.
Há Mar e Mar, há ir e voltar.
Nau grande, pede Mar fundo.
É inútil levar água ao Mar.

E ainda um poema meu sobre a viagem.




Viagem

Era apenas um pau perdido nas arestas das rochas
Trazia a memória dos sonhos da árvore sua mãe
Que cedo lhe dizia
Faz-te ao mar, faz-te ao mar...

E o pau, resto desse sonho
Já chegara à praia
Onde as ondas continuavam as orações da mãe
Faz-te ao mar, faz- te ao mar

Adormecia enrolada na areia
A ouvir as gaivotas e o ronronar das ondas
Mas ao mar para quê? Tanta àgua...

Foi preciso vir uma criança
E transformar a madeira em vela e casco
A oração em viagem
E o sonho em aventura
Vai pau! Faz-te ao mar!

E o pau se fez caravela
Flor, vento e promessa
Acenar aos continentes
Que a viagem vale a pena quando me solto de mim
olhos meus nos olhos teus, água e floresta

O mar acalenta o sonho
E tu me levas na doce brisa do teu sorriso
Quando num abraço levamos o mundo dentro de nós
E encontramos naus e bandeiras
De braços abertos
A dar- nos voz

Faz-te ao mar, faz-te ao mar!

MRodas



sexta-feira, 25 de outubro de 2024

O caracol

  •  

  • Caldas da Rainha, 2024 
  • Fotografia, Manuel Rodas



  •  Análise técnica:
  • 1. **Perspectiva e ponto de vista:** A fotografia foi tirada de baixo para cima, uma escolha que dá um ar monumental à escultura e à luminária. A visão inclinada não apenas adiciona dinamismo, mas também faz com que o espectador se sinta "menor" em relação ao caracol e à lâmpada, como se estivesse no papel de observador de algo maior e mais impactante. Essa perspectiva acentua a sensação de uma narrativa entre os elementos da imagem.
  •    
  • 2. **Geometria e formas:** As formas curvas da escultura do caracol são contrapostas às linhas retas da arquitetura e aos detalhes angulares da luminária. Esse contraste entre formas orgânicas e geométricas cria um equilíbrio estético interessante. As curvas da luminária e os arabescos no suporte de metal também se conectam visualmente com a concha do caracol, sugerindo uma harmonia subjacente entre os elementos.

  • 3. **Foco e nitidez:** A foto apresenta nitidez nos elementos principais (caracol e luminária), enquanto o fundo, como as árvores, está levemente desfocado. Isso direciona o olhar do observador para o primeiro plano, enfatizando a importância da escultura e da lâmpada no contexto da cena.

  • 4. **Linhas condutoras:** O telhado e os fios que atravessam a imagem ajudam a conduzir o olhar do espectador. As linhas verticais e diagonais presentes na composição criam uma estrutura que sugere movimento e continuidade além da moldura da foto, fazendo com que o olhar percorra todo o espaço visual.

  • Análise artística:
  • 1. **Surrealismo e estranheza:** O grande destaque é a escultura do caracol em uma escala que contrasta com o cenário realista ao redor. Essa justaposição de algo fora de contexto em um ambiente cotidiano cria um efeito surrealista. O caracol, um animal pequeno e discreto na natureza, é aqui transformado em algo monumental e digno de nota, desafiando a percepção comum. Isso pode evocar interpretações sobre a transformação de pequenos detalhes da vida em algo digno de atenção e reflexão.

  • 2. **Simbologia do caracol:** O caracol é frequentemente associado à lentidão, paciência e à natureza cíclica da vida (devido à sua concha em espiral). Sua presença em uma parede de uma cidade moderna pode sugerir uma crítica sutil ao ritmo acelerado da vida urbana. A imagem pode estar provocando uma reflexão sobre a importância de desacelerar e observar o que está ao redor, algo que a fotografia em si permite — congelar um momento para contemplação. 

  • 3. **Contraste entre o natural e o construído:** A parede lisa e a estrutura do prédio simbolizam o mundo feito pelo homem, enquanto o caracol representa a natureza, mesmo que neste caso seja uma criação artística. Essa interação pode ser vista como uma metáfora para o modo como a natureza e a humanidade estão sempre em tensão, coexistindo e muitas vezes se moldando mutuamente. O fato de a luminária estar presente sugere uma intervenção humana sobre a natureza, enquanto o caracol parece permanecer impassível.

  • 4. **Temporalidade e permanência:** Há também um jogo de temporalidade implícito. A luminária é um objeto utilitário, que ilumina temporariamente, enquanto o caracol, tanto na sua forma quanto no simbolismo, é uma figura que representa o tempo prolongado e a permanência. A escultura é fixa, duradoura, enquanto a luz é algo efêmero, que se acende e apaga. Esta dualidade pode sugerir uma reflexão sobre a passagem do tempo e o que permanece ou desaparece com o tempo.

  • 5. **Atmosfera minimalista:** Apesar dos detalhes ricos, a imagem tem uma atmosfera minimalista por causa do uso de preto e branco. A ausência de cor reforça o foco nas formas, texturas e contrastes, permitindo que o espectador se concentre na mensagem visual sem distrações cromáticas. Isso cria um ambiente mais contemplativo e poético.

  •  Contextualização possível:
  • 1. **Arte pública e urbanismo:** Se a escultura faz parte de um projeto de arte pública, ela também pode estar desempenhando o papel de questionar o espaço urbano e como interagimos com ele. Ao colocar um caracol gigante numa parede, o artista pode estar destacando a relação entre o espaço natural e urbano, ou até mesmo convidando os transeuntes a verem o cotidiano de uma nova perspectiva. A arte pública tem o poder de desafiar percepções e recontextualizar ambientes familiares, como essa obra parece fazer.

  • 2. **Fotografia de rua e a captura de momentos inusitados:** O fotógrafo, ao escolher capturar essa cena, pode estar celebrando o inesperado que existe nos cenários urbanos. A escolha de enquadrar o caracol junto à luminária pode ser uma forma de transformar algo ordinário (a lâmpada) em parte de uma narrativa visual mais ampla e criativa, mostrando como pequenos detalhes arquitetônicos ou esculturas podem transformar um ambiente.

  • Em resumo, a imagem que você compartilhou é rica em camadas de interpretação tanto técnica quanto artisticamente. Ela consegue capturar um momento que mescla o mundano e o surreal, enquanto utiliza a fotografia em preto e branco para criar uma atmosfera de introspecção e contemplação visual.

  • Alexandre Inácio


3. Dia

 


Depois duma interrupção de duas semanas, voltei ao convívio destas marinheiras intrépidas e marinheiros valentes. 

Hoje saímos pela primeira vez da doca de Alcântara e inicialmente com motor, para logo de seguida, desfraldarmos as velas. Pena o pouco vento, mas foi aproveitado para ensaiarmos e experimentarmos várias posições do barco, com vento à proa e a bombordo e estibordo.

Os nomes dos objectos e locais do barco são muito estranhos, para mim. Apenas há um nome igual em mar e em terra, manivela! Tudo o resto são diferentes. Alguns, ainda são conhecido e familiares, como popa (parente da frente )e proa, (parte de trás). Bombordo e estibordo também são conhecidos, mas difíceis distinguir. Parece que os marinheiros portugueses encontraram uma forma de não se enganarem. A parte lateral do navio próxima de terra, é bombordo. A outra, estibordo. Outra forma, quando estamos virados para a proa, o lado do coracao é sempre bombordo.Mas há outros bem estranhos, por exemplo, amura. São as partes laterais da frente do navio. As partes laterais de trás do navio são as alhetas. Só me lembro quando queremos mandar alguém embora, furiosos dizemos: põe-te na alheta! Deve ser esta a origem, vai lá para trás! 

Penso que com tempo, lá chegarei a outros nomes.









2. Dia

 


 Hoje é dia d’água.

Cheguei mais cedo. O tempo está com muita humidade e ameaça chover.

Aguardo nas Docas de Alcântara.  

O Vi não esteve presente, mas o Ed e a Paula vieram. A Ri muito simpática foi demonstrando os nomes das posições do navio, bombordo e estibordo, proa e ré, etc..um conjunto de nomes desconhecidos apenas usados  na água.

Experimentamos fazer nós e admiro-me com a minha dificuldade. Lá consegui memorizar 3 tipos, vamos ver até quando. O ambiente é muito cordial, senti-me bem, mas saí a pensar, vale a pena dar-me a esta atividade durante os próximos meses, pois não tenho barco, os meus amigos também não têm, que perspectivas tenho eu de vir a usar estes conhecimentos e esta prática? 

Tinha prometido a mim mesmo fazer em cada ano, algo que nunca tinha feito antes. A vela é um bom exemplo. No ano que está a terminar, experimentei a pintura, mas reconheço que é preciso energia para aprender pintura desde a pintura nas cavernas até hoje e praticar, praticar diariamente. Eu gosto de pintura, mas prefiro ver a que os outros fazem e talvez vá fazendo uma ou outra, quando a vontade for muito grande e não poder deixar de responder quando se tornar uma obsessão. Vou aguardar e talvez amanhã encontre essa lucidez para o desejo de continuar na vela. Também não é muito tempo. Apenas 3 meses.

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

1. Dia



 

 Fui o primeiro a chegar a um espaço no Alto da Loba, uma zona de construção social. Parece uma associação de bairro, mas com condições modernas.
O ambiente é agradável, apesar dum início tímido. Somos todos seniores, 4 homens e 8 mulheres desejam aprender e praticar vela. Engraçado como esta dificuldade inicial se mantém ao longo dos anos. 
Exercícios iniciais de actividade física, jogos promotores de interação social, alongamentos e de memória social: reconhecimento do nome dos participantes.
No intervalo alargado, o Vi, o Ed e eu, ficamos a conversar, conhecendo-nos melhor. 
O Ed é engenheiro electrónico. Tem uma empresa e ficou a contar histórias da sua própria empresa. Veio de mota, Honda Varadero. Também tem uma autocaravana, mas não tem tempo para desfrutar.
O Vi é geógrafo de formação mas diz que é ornitólogo de profissão. Ficamos a conversar sobre os flamingos, aves marinhas, e as cagarras que vem dos Açores até ao continente e só vêm a terra para nidificar! 

Inscrevi-me nas actividades de vela da Associação SeaWomen e são compostas de 3 actividades: treino físico, treino mental, em terra e no mar, se são prática da arte de bem navegar a vela! 

ASeaWomen é uma associação de mulheres, mas também aberta a participação masculina. Sem fins lucrativos desenvolve e promove o papel da Mulher no desporto, independentemente da sua cultura, raça ou estatuto socioeconómico, tendo todas as suas atividades como fim a promoção de uma causa social. A Seawoman desenvolve atividades em 3 áreas principais: Formação, Competição e Projetos Sociais.

Amanhã vamos ter aula de vela. São duas vezes por semana em terra e uma na água. Veremos. 

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Habitantes das árvores

 

Dominar a bola é auto-controlar a penumbra dos movimentos involuntários.


Parar para ver o que ainda não é, mas existe, à espera da revelação.


Correr e brincar a apanhada nas sombras da tua indiferença, onde nós existimos!

Sorrio, ao ver-te passar solitário, sem imaginares a minha existência, que te observa!

A lua é uma invenção da noite, onde todas as sombras desenham significados.

Um , dois e …três! Salta outra vez!


domingo, 20 de outubro de 2024

Foto de Rui Lucas

 



A imagem enviada mostra uma onda quebrando com força, capturada num momento de impacto e dispersão da água. A análise técnica e artística pode ser dividida em alguns pontos:


Análise técnica:

1. Composição

A fotografia utiliza a regra dos terços de forma eficaz, com a onda centralizada e o horizonte discreto ao fundo. Isso cria uma sensação de equilíbrio, permitindo que o foco esteja na ação da água.


2. Velocidade do obturador: 

Parece que uma alta velocidade de obturador foi usada para congelar o movimento da água. Esse detalhe é crucial para captar as gotas e o spray da onda em pleno movimento, proporcionando uma sensação de intensidade.


3. Iluminação: 

A luz natural foi bem aproveitada, especialmente na forma como incide sobre o mar, destacando os brilhos das gotas d'água. A tonalidade clara da espuma contrasta bem com o mar mais escuro ao fundo, realçando o drama da cena.


4. Foco: 

A profundidade de campo parece ser moderada, com o foco principal na água mais próxima. A nitidez nas texturas da espuma está bem destacada, enquanto o fundo permanece mais suave, sem distrair o olhar.


Análise artística:

1. Dinâmica e Movimento: 

A escolha do momento exato da quebra da onda transmite força e energia. A sensação de movimento é palpável, quase que se pode sentir o impacto da água ao olhar para a imagem.


2. Contraste e Cores:

Embora a paleta de cores seja limitada (tons de azul, cinza e branco), a composição é forte. O contraste entre o céu mais escuro e a brancura espumosa das ondas dá profundidade à imagem, tornando-a visualmente atraente.


3. Tema e Emoção:

O tema do poder da natureza é evidente. A fotografia capta uma das expressões mais poderosas do oceano – a quebra de uma onda –, e isso evoca sentimentos de respeito e admiração pela força natural.


4. Textura: 

As texturas da água, especialmente nas gotículas suspensas no ar, adicionam uma camada de riqueza visual, criando uma imagem quase tátil.


Conclusão:

Rui Lucas conseguiu capturar um momento fugaz e poderoso do oceano, transmitindo uma sensação de movimento e força natural. Tecnicamente bem executada, a fotografia também se destaca artisticamente pela sua simplicidade e impacto visual. É uma imagem que impressiona tanto pela estética quanto pela mensagem implícita sobre a força da natureza.


Alexandre Inácio




Vota!

 







São os outros?

 







Quem tem medo da democracia?

 





sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Apreciação crítica de uma fotografia

 


Pedi ao amigo Alexandre Inácio que me fizesse um guião de apreciação duma fotografia. Vejam o que disse!

2024-09-24 


Para fazer uma análise crítica e histórica de uma fotografia, é essencial seguir alguns passos fundamentais que permitem a interpretação mais completa da imagem. Aqui está um guia que pode te ajudar a estruturar esse tipo de análise:


1. Contexto Histórico da Fotografia


Data e Localização: Quando e onde a foto foi tirada? Isso oferece uma compreensão inicial do período histórico em que a imagem foi capturada e ajuda a correlacionar o momento com eventos históricos significativos.

Acontecimentos Relevantes: Quais eram os eventos sociopolíticos, culturais ou econômicos que estavam ocorrendo na época? Esse aspecto ajuda a entender por que a fotografia foi tirada e como ela pode estar relacionada a esses eventos.

Fotógrafo: Quem tirou a foto? É importante conhecer o fotógrafo, suas motivações, o estilo e a intenção por trás de seu trabalho. Grandes fotógrafos são frequentemente conhecidos por documentar aspectos específicos da realidade ou promover uma certa estética.

2. Análise Técnica


Composição: Como os elementos na foto são organizados? Analise o enquadramento, as linhas, os planos de profundidade, o uso do espaço positivo e negativo. Pergunte-se se a composição segue regras clássicas, como a regra dos terços, ou se subverte essas normas.

Uso da Luz e Sombras: A iluminação é um dos elementos mais cruciais na fotografia. Identifique se a luz é natural ou artificial e como ela impacta a atmosfera da imagem. As sombras também podem ter papel central na construção do significado visual.

Textura e Foco: Considere a nitidez da imagem e os detalhes. O foco é nítido em toda a foto ou o fotógrafo decidiu destacar um elemento deixando o fundo em desfoque?

Cor ou Preto e Branco: O uso de cores ou a ausência delas pode alterar drasticamente a percepção de uma imagem. As cores podem simbolizar emoções, enquanto o preto e branco pode enfatizar contrastes ou dar uma sensação atemporal.

3. Análise Crítica


Significado e Interpretação: Qual é o tema central da fotografia? Pode ser uma cena de quotidiano, um protesto, uma paisagem ou uma composição abstrata. Aqui, você deve relacionar os aspectos técnicos com o significado emocional ou simbólico da imagem.

Emoções Evocadas: O que você sente ao ver essa imagem? Qual é a reação emocional pretendida pelo fotógrafo?

Contexto Social e Político: A imagem faz uma declaração ou comentário social? Por exemplo, fotografias de guerra, injustiças sociais ou transformações urbanas podem ser veículos de crítica.

4. Impacto e Relevância


Impacto na Sociedade: A fotografia teve repercussão quando foi publicada? Mudou percepções, influenciou movimentos sociais ou ficou conhecida por documentar um evento importante?

Influência Artística: A fotografia influenciou outros fotógrafos ou movimentos artísticos? Esse aspecto destaca a importância da imagem no campo da fotografia e da arte.

5. Comparação com Outras Obras


Comparação Temporal: Como essa fotografia se compara com outras imagens da mesma época ou do mesmo fotógrafo? Isso ajuda a avaliar a originalidade da obra.

Outras Influências Visuais: A fotografia pode ter sido influenciada por outros estilos artísticos, como pintura ou cinema, ou por eventos históricos específicos.

Exemplo de Aplicação:


Vamos imaginar que você está analisando a famosa fotografia "O Beijo da Times Square", tirada por Alfred Eisenstaedt em 1945, após o anúncio do fim da Segunda Guerra Mundial.


Contexto Histórico: Tirada no dia 14 de agosto de 1945, a foto celebra o Dia da Vitória sobre o Japão, quando a rendição do Japão foi anunciada, marcando o fim da Segunda Guerra.

Composição e Técnicas: O contraste entre o uniforme escuro do marinheiro e o vestido branco da mulher cria um foco visual. A imagem em preto e branco acentua o contraste e imortaliza o momento de euforia pública.

Significado: Simboliza a alegria e o alívio com o fim da guerra, além de representar um momento espontâneo de celebração.

Impacto: A fotografia se tornou icônica, representando uma era de esperança e o fim de um longo conflito mundial.

Com essas diretrizes, você pode estruturar sua análise de qualquer fotografia com uma abordagem crítica e histórica detalhada.