Flotilha
Podiam ser o meu pai, a minha mãe
A minha mulher, a minha filha, os meus irmãos e sobrinhos, os meus amigos
a morrer na Palestina.
Podia estar com eles e segurar uma panela de alumínio
Tentar ultrapassar barreira e escombros,
Correr ao ponto de distribui ç ão,
Furar por entre braços de pó, sangue e crianças nos braços
Podiamos ser nós a morrer de fome e bombas
Já nos secaram as lágrimas e o peito não tem mais por onde encolher
roubaram-nos tudo
Tudo!
Alegria e esperança
Somos escombros, restos, ossos e cabelo a vaguear
no sono da desgraça
Uma flotilha fez-se AO MAR
Trazia gente generosa
E uma bandeira no ar
Palestina!
Protestavam contra Israel e Trump
contra a União Europeia
contra todo o lucro e silêncio
que matam tanto como as bombas
Traziam a esperança de gente
Que ama e sente
Afirma e não mente!
Continuamos na fila
descalços e rotos
com a panela e o plástico na mão à procura da comida
Mas hoje aqueles feijões a boiar na água escura
Vão-nos saber melhor,
A esperança voltou
Numa escotilha a beira mar!
MRodas
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