Saiu à rua a mensageira da esperança
Acenar às gentes desesperadas a verdade
A fórmula inacabada do caminho
Que já escorria nos semblantes do mundo
Há muito se tinha perdido a esperança
A matança nem dormir queria
Era ver os rios de sangue
E as cabeças das crianças
Separadas de seus corpos
Que ainda rezavam.
Era ver as rosas tingidas de vermelho
E as flores a desistirem
Vergadas de orvalho escuro
Era ver o mundo andar para trás
Desistir de rodar em direção ao sol
Rodava ao invés para a noite
Já não havia declarações de amor
Nem força para os beijos
Nem suspiro para os abraços
Toda a gente desistira de correr
Sentara-se apenas a olhar
Sem saber o que admirar
Braços caídos olhar perdido
Sem lábios no rosto
E olhos sem lágrimas.
Mas o anjo da esperança
Saiu à rua, de fita amarela ao pescoço
E uma bandeira vermelha na mão
Em cada esquina deixava pétalas encarnadas
Que na sua ausência floresciam inebriadas de alegria
Com um toque de mão em cada ombro
Era um contágio em cada alma
Que se acendia noutra vizinha.
Assim correu mundo o anjo da esperança
Com uma fita amarela ao pescoço e
Uma bandeira vermelha na mão.
Reuniram os poderosos
Tal não podia acontecer
Não era exemplo que lhes servisse
Contra ela enviaram canhões e aviões
Metralha incandescente de raiva
A tudo resistia o anjo da esperança
Com um toque nos campos
Renascia o milho e os girassóis
Corria água nas fontes secas
Cantavam os pássaros na mudez antiga
Enchia-se o olhar do povo
Dum azul nunca visto
Davam as mãos na rua
E a madrugada veio apanhar os amores aos beijos
Com promessas de futuro.
A falarem dos risos das crianças
Que haviam de ser
E voltar a ir à escola
Os mares voltariam a ser navegados
Os campos cultivados
E a serenidade aos corações
E o mundo deixou de ser a noite fria e cruel
Dando lugar ao dia radioso de verde e azul
Onde está o anjo da esperança?
Perguntavam todos crédulos e inocentes.
O anjo da esperança és tu
Repetia a voz em cada um
O anjo da esperança és tu!
O anjo da esperança somos nós!
MRodas
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