Hoje foi o 4. dia da aventura à vela no Tejo. Ontem tivemos treino físico e cognição, em terra. O treino físico é simples, exercícios de força, equilíbrio e concentração. O treino cognitivo também é simples, mas reconheço a minha dificuldade em fazer nós utilizados no mar. Talvez se fossem exercícios práticos com cordas, seriam mais fáceis, mas não há remédio, é treinar, treinar, treinar…com cordéis!
Nós em oito, nó direito, nó do fiel, nó lais de guia, nó volta de cunho, etc…Fui à internet e encontrei, https://blog.clickandboat.com/pt/nos-de-marinheiro/
Os exercícios com os dedos da mão, em movimentos alternados com as duas mãos, mostraram-se um verdadeiro quebra-cabeças. Não imaginava como é difícil sincronizar movimentos com o polegar e mindinho da mão esquerda com os equivalentes na mão direita. E fazer uma sequência de 4 movimentos sincronizados, com as duas mãos, ainda é mais difícil!
No intervalo estive a conversa com o Vi, que com o seu ar enérgico, se mostrava muito interessado. Falamos de parques e de como se começou pelo interesse paisagístico, por influência do Arq. Gonçalo Ribeiro Teles. Só mais tarde, apareceu o interesse na preservação da natureza e ultimamente interessa se dá dinheiro, senão não tem interesse. Tempos que vivemos.
Por sugestão dele vou telefonar para o ICNF para tentar saber onde está o arquivo dos Serviços Florestais no Norte, desde os anos 40, até a sua passagem para o Parque Nacional Soajo Gerês, em 1972. Seria interessante fazer uma procura sobre os Serviços Florestais em Arcos de Valdevez e em Soajo e ver a correspondência entre o Engenheiro Oliveira e o meu pai, José de Sousa Rodas, Guarda-Florestal, bem como o expediente normal do serviço.
Mas voltemos ao Tejo. O dia foi ficando cada vez mais escuro e no final já caíam gotas de água.
Se a proa estiver apontada a barlavento ( donde vem o vento) o barco não anda. Por isso, é necessário arribar, afastar a proa da direção do vento. O contrário é orçar.
Para que isso aconteça é preciso caçar ou folgar a vela, como mostra a imagem. É um jogo de cordas e de coordenação entre a tripulação , enquanto o do leme tenta manter o barco no ângulo desejado, em relação ao vento.
Ainda me sinto pouco à vontade, porque são atividades novas para mim, e seis tripulantes atrapalham me.
Propus ao piloto Antó que nos levasse até ao Bugio, mas ele disse que como a maré estava vazante, seria preciso mais tempo, pois a maré arrasta ou puxa o barco e não havia vento suficiente para o trazer de volta em tempo útil.
No final, no regresso para atracar, o mestre Antó, ao leme, deixou descair o barco, e este embateu ligeiramente no cais. Serviu para lembrar como é difícil controlar a sua inércia. São muitas toneladas, talvez nove ou dez.
Deixo aqui 7ma recolha de provérbios ligados ao mar.
Provérbios sobre o Mar
Grande nau, grande tormenta.
Quem é do Mar, não enjoa.
Quem vai ao Mar, perde o lugar.
Gaivotas em terra, tempestade no Mar.
Não se afoga no Mar, o que lá não entrar.
Os Mares mais calmos, são os mais profundos.
O Mar aproxima as terras que ele separa.
Antes o Mar por vizinho, do que, cavaleiro mesquinho.
O Mar que é Mar, nem sempre dá, hoje não dá, amanhã haverá.
Quando o Mar bate na rocha, quem se lixa é o mexilhão.
Alto Mar e não de vento, não promete seguro tempo.
Sem razão se queixa do Mar, quem outra vez navega.
Quem anda no Mar, não faz do vento o que quer.
Não pude passar o Mar, sem de fortuna me queixar.
Enquanto o Mar bonança, todos são bons pilotos.
Quem não entrar no Mar, nele não se afogará.
Nem com o Mar contar, nem a muitos fiar.
Vista bela é ver o Mar e morar em terra.
Quem o Mar gaba, não tem visto a praia.
Nem muito ao Mar, nem muito à terra.
Quem vai ao Mar, avia-se em terra.
Não há Mar bravo, que não amanse.
Repartiu-se o Mar e fez-se sal.
No Mar bravo, às vezes há bonança.
No Mar anda, para quem nós ganha.
Jornada de Mar, não se pode taxar.
Homem do Mar, cabeça no ar.
Há Mar e Mar, há ir e voltar.
Nau grande, pede Mar fundo.
É inútil levar água ao Mar.
E ainda um poema meu sobre a viagem.
Viagem
Era apenas um pau perdido nas arestas das rochas
Trazia a memória dos sonhos da árvore sua mãe
Que cedo lhe dizia
Faz-te ao mar, faz-te ao mar...
Trazia a memória dos sonhos da árvore sua mãe
Que cedo lhe dizia
Faz-te ao mar, faz-te ao mar...
E o pau, resto desse sonho
Já chegara à praia
Onde as ondas continuavam as orações da mãe
Faz-te ao mar, faz- te ao mar
Adormecia enrolada na areia
A ouvir as gaivotas e o ronronar das ondas
Mas ao mar para quê? Tanta àgua...
Foi preciso vir uma criança
E transformar a madeira em vela e casco
A oração em viagem
E o sonho em aventura
Vai pau! Faz-te ao mar!
E o pau se fez caravela
Flor, vento e promessa
Acenar aos continentes
Que a viagem vale a pena quando me solto de mim
olhos meus nos olhos teus, água e floresta
Flor, vento e promessa
Acenar aos continentes
Que a viagem vale a pena quando me solto de mim
olhos meus nos olhos teus, água e floresta
O mar acalenta o sonho
E tu me levas na doce brisa do teu sorriso
Quando num abraço levamos o mundo dentro de nós
E encontramos naus e bandeiras
De braços abertos
A dar- nos voz
Faz-te ao mar, faz-te ao mar!
MRodas
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