domingo, 24 de abril de 2022

As flores de abril

 


No longo inverno de Portugal

As flores eram apenas flores

Umas grandes e outras pequenas

Umas  a preto e branco, outras desmaiadas

Mas todas tristes, apenas flores tristes!


As flores de abril raiaram de verde e vermelho

Saíram à rua e na rua ficaram 

Por muitas esquinas e praças, campos e chão!

Davam cores, cheiro é sonho

E do que recebiam, nunca diziam, não!


Uma criança que a tudo assistia, pensou

Quando for grande quero pintar flores.

Quando voltou a fome e guerra

E o medo saiu à rua

O menino, já homem, pintava flores

Apenas flores e sempre flores, 

As belas e excêntricas flores de sempre! 


O que ele nunca pintou 

Foram papoilas e cravos 

Porque tinham sido todos requisitados 

Para as comemorações e demais ovações

Homenagens, discursos e recordações!


Manuel Rodas









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