quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Caniço

Descobri as fotos no Museu Nacional de Arqueologia e a partir daí, lembrei-me como se fazia um caniço, para guardar espigas de milho. São memórias dos meus cinco anos, contemporâneas do caniço das fotos.




Os caniços de varas, em Soajo, 1958!
Teria 4 ou 5 anos e ainda assisti à construção de um contemporâneo, em Ramil.
Agradeço que quem saiba mais do que eu me lembro que acrescente nos comentários.
Primeiro escolheram o local arejado e batido pelo sol.
Depois cruzaram quatro troncos num quadrado, ( como mostra a fotografia) e com uma pua fizeram os buracos por onde enfiaram as cunhas ou cunhetes de carvalho, fixando, desse modo, os troncos que serviriam de base e apoio do caniço. Estes troncos eram suportados por pedras, de modo a permitir que a água passasse sem encharcar o madeiramento.
Mais tarde, fizeram-se uns furos nestes troncos, à mesma distância uns dos outros, onde enfiaram e se fixaram as varas. Nesta base foram aplicadas várias tábuas, com ligeiros intervalos entre si, permitindo a ventilação e o suporte das espigas de milho. Era o sobrado do caniço. 
As giestas, entretanto retorcidas, foram-se entrelaçando, como um tecido por entre as varas, começando debaixo ao cimo, formando um cilindro. Na sua base ficou uma abertura por onde cabia a cabeça dum homem e por onde se retirariam as espigas, quando necessário.
Entretanto dois homens iniciavam a construção do “ crucho”, como se diz em Soajo, ou corucho.
Retorciam duas varas, em forma de círculo, com dimensões semelhantes às do cilindro, donde saiam outras varas até se formar um cone. Nestas varas foi entrelaçada a palha de centeio, sendo a cobertura total e protegendo o caniço da água da chuva, com um remate de cortiça, como na fotografia.
De seguida, com duas vergas fixou-se a cobertura ao cimo do caniço, funcionando estas como dobradiças, para em caso de necessidade, se ter acesso por esta cobertura.
E pronto, no final, cansados, mas satisfeitos com a obra, ficaram a imaginar colheitas abundantes, com uma malga de vinho, na mão.


Nos dias seguintes vi a minha mãe a circundar o caniço com tojo, para o proteger dos cães e outros animais.

MRodas




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