Tenho os pės doridos, os ramos partidos e as folhas arrancadas pela emergência dos dias burocratas
Tudo o que acreditei se esvai na seiva perfumada da madeira dura e...decepada
Despedi-me dos pássaros e insectos. Disse adeus às borboletas e ao riso das crianças. Não mais cães, não mais luar nas minhas filhas e raízes. Nem nas tuas. Não mais velhinhas à sombra, presas por um saber esperar, que só elas e eu sabemos
Ainda não vieste à janela e veres que fui, já não sou. Agora as primaveras serão iguais aos teus invernos. Eu jä lá não estarei para te fazer sorrir
Ainda acreditei em ti! Aguardava todos os dias que passasses ao fim do dia e voltava a ver-te todas as madrugadas. Sorrias e passavas a tua mão doce na minha pele
Nasceram filhos e a vida era uma promessa. Acreditei ser forte e feliz
Agora
morro nos dentes cruėis deste quotidiano absurdo
apenas resta no ar, o perfume acre da minha seiva e da memória desenhada da nossa história, em cada anel, em redor do pescoço e do meu destino
Adeus
MRodas
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