O amigo Jorge Ferreira acaba de publicar o
seu livro BURUNTUMA, “Algum dia serás grande...”
É um livro de fotografias ( preto e branco),
obtidas aquando do cumprimento do serviço militar na Guiné nos anos de 1961 a
1963.
O livro tem 108 páginas, formato 22x22 cm com muito boa qualidade de papel e
impressão. Tem ainda o apoio de várias entidades, NFO- Núcleo de Fotografia de
Oeiras, Programa Fim do Império, Luís Graça & Camaradas da Guiné e MEF
- Movimento de Expressão Fotográfica.
É uma revisitação duma experiência vivida no
alvor da juventude, no cumprimento do Serviço Militar obrigatório, o que para
muitos foi traumática e representou a perda de vida ou de maleitas físicas e ou
mentais, com consequências dramáticas para os próprios e familiares, para o
resto da vida.
A memória que o amigo Jorge Ferreira nos
apresenta é um convite à memória da presença colonialista na ex-Província da
Guiné. É a herança da história de Portugal, a que os portugueses de hoje não se
podem furtar, antes têm obrigação de assumir, para o bem e para o mal, a preto
e branco ou a cores, com o distanciamento e crítica possíveis.
O jovem militar português, empunha a
espingarda numa mão e a máquina fotográfica na outra. Da espingarda já todos sabemos o resultado.
Da máquina fotográfica é agora apresentado um conjunto de fotografias revelando
momentos distantes- já lá vão 54 anos- da ocupação militar da Guiné e uma visão etnográfica da vida na comunidade
e da a vida em Buruntuma, Algum dia
serás grande!
As fotografias são originais, sem tratamento
específico, muito bem organizadas quer na sequencia temporal, quer espacial, o
que ajuda o leitor nessa viagem na névoa do tempo.
Parabéns ao amigo Jorge Ferreira por nos
trazer esta memória, registo histórico documental fotográfico e catarse dum tempo de guerra colonial, a que o 25 de Abril, felizmente, veio por
termo!
Amigo Jorge Ferreira, este livro contem, além
dos méritos já referidos, a provocação ao Núcleo de Fotografia de Oeiras, para
a necessidade de darmos um passo em frente e ousarmos publicar também nós,
individualmente ou em grupo, um livro das nossas fotografias. Sendo o primeiro,
faz sentido que seja sobre Oeiras.
Está lançado o desafio. Arregaçamos as mangas
ou encolhemos os ombros?
Manuel Rodas
5 janeiro, 2017
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