ONTEM FUI A ÀVENIDA DA
LIBERDADE
Fui ver as marchas.
Há 36 anos que estou em Lisboa e
só fui ver as marchas nos dois primeiros anos que vim para Lisboa, 1980 e 1981.
Depois – pergunto-me o que aconteceu – nunca mais lá fui. Mas este ano voltei.
E porquê?
Porque eu tenho uma amiga
belga, a Jacqueline. Ela admira Portugal. Admira é pouco: ela ama Portugal. A
Jaqueline, numa conversa demorada, como costumamos ter, contou-me que desde há
10 anos que aluga um hotel perto da Avenida, em Lisboa e há 10 anos consecutivos
que vai ver as marchas, à noite. No final volta para o hotel e dorme abraçada
às marchas, à cultura e ao povo de Lisboa.
Tive um rebate de alma. O
coração inquietou meio cérebro com perguntas sem resposta. Porque não gostas de
ir às marchas?
O cérebro acendeu luzes em
compartimentos fechados, procurou respostas em todas as circunvalações e
sinuosidades e ... ao fim de algum tempo surgiu um titubeante, Vamos lá!
A lente da máquina
fotográfica estava avariada, pelo que tive de levar uma máquina pequena, com
pouca resolução. Ainda arranjamos lugar sentados e por fim, começou o desfile
para o povo. Para a Televisão era mais abaixo. Na nossa bancada havia um
televisor e deste modo, podiamos voltar a ver na tv as marchas que minutos
antes tinham desfilado à nossa frente.
Depois de duas horas de
espera, começaram a desfilar as marchas convidadas.
A Marcha infantil da Voz do
Operário veio a seguir. Reconheci o Vitor Agostinho, o Diretor Geral da Voz do
Operário. Mais gordo, mais branco, mas os mesmos gestos decididos e
eesclarecidos a orientar as crianças.
Fiquei a recordar o tempo em
que pertenci à sua Direção. Foi nesse ano que se inicou a colaboração das
crianças das escolas da Voz do Operário. A princípio hesitei, era adverso à utilização
das crianças em espetáculos de adultos, mas não me opus. Hoje vejo que me
enganei. Todos estes anos eles abrem o desfile. Todos reconhecem a sua importância
e deste modo, as crianças podem integrar a cultura da sua cidade e
transformá-la em energia criadora.
O desfile continuou.
A ponte sobre o Tejo e o aniversário de Rafael
Bordalo Pinheiro são os dois motes para a festa deste ano.
Pelos vistos quase todas as marchas tinham um
patrono, figura ligada à TV. Vi o Baião, a Teresa Guilherme e uns outros que
não reconheci, mas uma velhota encostada ao gradeamento ia gritando os seus
nomes e estes vinham e abraçavam-na. Ela papou-os a todos! Depois virava-se
para a bancada e exibia um sorriso triunfante, a dizer-nos que por instantes
tinha estado no paraíso a abraçar os anjos!
Achei piada aos noivos de Stº António, a
exibirem a felicidade e a consternação do seu espetáculo, dentro do espetáculo.
Porque se meteram nisto?
Como se pode ver nas fotos, ( muito más) foi uma
festa do povo do bairros para o povo de Lisboa e arredores.
A minha amiga Jacqueline estava encantada. Este ano foi muito bonito! Também achei. Como terá sido o ano passado?
Olha o que tenho andado a perder! Para o ano vou voltar e aconselho-vos a fazerem o mesmo.
Soube agora, que Alfama ganhou. Não era a minha preferida. Eu achei muita graça ao Bairro Alto, mas pelos vistos só eu achei graça pois não ganhou nenhum dos prémios em disputa.
Devo ser eu que percebo pouco de marchas. Mas para o ano…vou estar mais atento.
Conclusão e evidências para o próximo ano
1- Não esperar que sejam os estrangeiros a dizer-me o que é bonito. Ser eu a valorizar mais o que é nosso.
2- Preparar o material fotográfico com mais antecedência e não deixar para a última da hora, à portuguesa.
3- Ir um pouco mais cedo e levar farnel
4- Levar uma camisola mais aconchega. À noite faz frio!
5- Quando estiver a ver diretos na tv recordar que esta manipula a realidade, desfigurando-a e colorindo a seu gosto, condicionando os figurantes e atores.
6- Ver mais telenovelas para não fazer fraca figura! ( Não consigo!)
Até pró ano!
Manuel Rodas
13 junho, 2016
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