Eu incentivei a minha amiga Ana Patacho, a que publicasse este livro. Parecia-me inquietante que gostando ela tanto de escrever e escrevendo tão bem, guardasse os papéis numa gaveta, impedindo todos os amigos e futuros leitores de fruírem a sua escrita tão criativa. Ao fim de algum tempo, diz-me que pensando melhor, aceita publicar, mas eu tenho de fazer o prefácio. Não estava nada à espera, reconheço, mas não podia agora furtar-me a essa responsabilidade. Por isso, fui para casa e fiz o prefácio que aqui apresento. Mas mais interessante é que diz ela:
- Vê se gostas desta foto para a capa do livro?
Olhei e fiquei estupefacto. Sério! Então não é que ela encontrou nas redes sociais esta foto? A foto da casa onde se passa a maior parte do meu livro Manual de Ramil, terra e saudade! A princípio fiquei com ciúmes, como se a casa fosse minha, e portanto, tendo todos os direitos sobre esta foto. Depois, racionalizando, sorri e disse:
- Mas que grande coincidência!
O livro encontra-se à venda na Bulhosa e na WOOK.
Prefácio
Li
algures que escrever um livro é como regressar a casa num dia de nevoeiro! Lê-lo,
também é uma aventura! Foi o que senti, depois da leitura deste conto. Por
isso, sem lhe acrescentar mais um ponto,
fico de olhos no horizonte - aquele onde nunca chegaremos, mas nem por isso
desistimos –, a saborear o prazer desta história, os personagens, os espaços, a
trama das relações afectos e paixões, enfim, a vida numa oração!
Esta
arte da descrição do vulcão da vida e dos mapas dos afectos, evoca em mim a
memória de espaços, pessoas, locais, situações que, sem nunca lá ter estado ou
conhecido, me são, contudo, familiares.
Ao
ler, reconheço-os; decifrando-os, encontro-me; progredindo na leitura,
encontro-te e fico a imaginar-te Sol: “Toda vestida de branco... os cabelos
encaracolados à solta, selvagem... óculos escuros e aquela flor vermelha nas
mãos”. Voluntariosa, obstinada, livre e em fusão com o mundo!
Sinto
que algures a narradora me pega na mão e perante as minhas hesitações, aqui descreve
e sugere, ali arrasta, depois sussurra, outras vezes grita, confidencia,
enaltece, para mais tarde descobrir, avolumar, e por fim revelar o segredo
deste imenso carrocel que é a vida daqueles que não desistem do amor.
Sou
o Tomás que ao rever os amigos, mantem aceso o rescaldo, a ganhar tempo para
que a luz da esperança não se extinga.
Sou
o Luís Afonso, com pena que o contínuo desabrochar das emoções não garanta a
eternidade da alegria contagiante e prioritária.
Sou
o Ivan, a quem a infância e os duendes da floresta nunca abandonaram, por muito
que as sinfonias toquem em Viena e as écharpes de Paris se conspurquem nos
charcos dos nossos dias.
Conheço-te
Violeta. A ti e a tantas outras que aceitaram a vida sem questionar as migalhas
que sobravam, vidas sem chamas, sós, indefesas e inseguras. Mas, heroinas
negras sem tempo, souberam conjugar em todos os modos e tempos o verbo
permanecer, quase sempre no singular. O mundo também se fez com elas, e sem
elas nunca seria o nosso mundo.
Ao
ler-te, eu sou mais eu! Ao ler-te, eu garatujo e escrevo também na memória dos
sitios onde nunca estive. Desenho no pó dos caminhos, os encontros e
desencontros dos nossos heróis. As lutas
silenciosas pelo ser, na exaltação do amor. Da vida e da morte.
Por
tudo o que já disse e pelo muito mais que senti, não pude deixar de te sugerir,
que tornasses pública essa tua arte ... de viver! O amor merecer ser exaltado,
partilhado e unindo-nos possamos vencer o mal... de não amar! A exaltação do
amor é contagiante e reconfortante para os amigos, lenitivo para os doridos, e
humilhante para os que nos empurram e puxam para a vala da desistencia e da
negação!
Obrigado,
Ana!
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