quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Uma festa de torgos



Uma festa de torgos

Uma festa de torgos

Sou esta fraga, entre torgos e raízes
onde me dou e respiro,
onde roço as flores na estrema do teu sorriso.
Guardo na minha tulha
Todos os almudes de olhares que preciso
Saraivadas de despedidas
Saibradas de ternuras e maresias.

Sou estes fragões nús
Escombros de refregas antigas.
Mas há no teu olhar
Um lodão chibante
Que atravessa os meus veios de pedra
Num beatério ou girandola de promessas.

Queres ser minha?
Queres vir de braços abertos
Agarrar este lajedo frio sem ti
Dares-te por inteiro, diáfana e lassa
Como numa festa, ou orgia de mormaço?

Ó gentes da minha serra
Ó seiva de verde abraçada
Ó rios e água desta terra
Abraçai-me num sussurro
Para que sendo lagedo frio
Possa de alma rarefeita
Adormecer nas tuas suaves colinas
Nas arestas destes dias escuros
Nas inverneiras agrestes... sem ti!


MRodas
Oeiras, 5 /11/2014

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