quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O Juiz de Soajo esteve na Amadora!

Foi no dia 3 de fevereiro que o Juiz de Soajo apareceu na Bedeteca da Amadora, na Biblioteca Piteira Santos.
O evento contou com a presença do autor, José Ruy, do Vereador da Cultura da Camara Municipal da Amadora, do editor Eduardo Lopes e do convidado Manuel Rodas.
O tema da conversa foi Soajo e o Juiz de Soajo. Veja aqui:



A TV da Amadora esteve presente e podem ver em 


http://www.tvamadora.com/Video.aspx?videoid=2934

A todos muito obrigado! 
Viva Soajo! 





Foi  assim que surgiu o Juiz de Soajo!








Um dia estava na Brandoa, na Amadora e acompanhei dois alunos meus com Necessidades Educativas Especiais na sua turma onde o José Ruy, autor de Banda Desenhada ia ensinar aos alunos como fazia os seus livros de Banda Desenhada.
Quando entramos já ele estava a falar com o seu ar sereno e cabelos romanticamente brancos e compridos.
Os alunos e eu ouvíamos extasiados as palavras do mestre e acompanhávamos o seu sorriso nos gestos largos e ternurentos do sonhador. Ele explicava como tinha feita o livro de Banda desenhada sobre a Amadora, Levem-me nesse sonho! Ora fazia desenhos no quadro, ora mostrava as páginas com a sinopse, o esboço dos desenhos por página, as "falas" em separado e finalmente as páginas a cores!
Nós íamos acompanhando, de boca aberta e óhs e óhs sucessivos de espanto!
E foi assim que a ideia surgiu:
E se ele fizesse uma história semelhante sobre Soajo?
E de repente algo se alterou em mim: Onde ele falava da Amadora, eu passei a ouvir Soajo! E quando dizia Porcalhota, eu ouvia Eiró! E quando falava da imigração para Amadora dos alentejanos e pessoas do interior e caboverdeanos, eu ouvia emigração dos soajeiros, primeiro para Lisboa e Sintra e depois Américas e Franças! Quando falava dos moinhos de vento, eu escutava as mós dos moinhos de águas claras e frias de Soajo!
Através dele tinha regressado a Soajo, numa viagem inimaginável de transculturalidade!

No final da sessão fui reconhecer o meu entusiasmo e agradecer a sua disponibilidade. Não resisti e de imediato propus-lhe que fizesse uma história semelhante sobre Soajo, e ele talvez remotivado pelo meu entusiasmo, disse logo que sim.

Combinamos um encontro posterior para aprofundar melhor a ideia.

Claro que esta ideia nunca mais me largou. Possessiva e poderosa!
Assim ficou combinado. Ele comprometia-se a fazer o projecto,  com a Editorial Notícias, desde que a Junta de freguesia ou a Camara Minicipal se comprometessm  a adquirir 3000 exemplares (?).  Como a seguir vinham as férias e eu me deslocava em visita a meus pais, falaria com aJunta, sendo o Presidente o Prof. António Enes e o Secretário, o Prof. Joaquim Enes!
Convencer o Presidente deste projecto não foi fácil. Tinha muitas resistencias, nomeadamente como justificar aos eleitores, gastar tanto dinheiro em livros...de bonecos! Tentava convencê-lo que seria importante fixar em livro a nossa história e disponibilizá-la aos jovens para que conhecessem e tivessem orgulho na nossa terra, uma vez que a maior parte residia no estrangeiro e até poderia oferecer um livro aos vizinhos ou colegas doutras nações. Eles tinham uma terra com história! Eles tinham história, tinham passado e teriam futuro, onde quer que estivessem!

Com a ajuda do Prof. Joaquim Enes, que rapidamente aderiu ao projecto e argumentava que era importante para Soajo e o dinheiro gasto era facilmente recuperado porque as pessoas iam aderir, prontificando-se logo a estabelecer os contactos necessários como José Ruy, para o apoio que fosse necessário, quer logístico, quer de enquadramento e contexto cultural.
 Por fim, o projecto seguia em frente, eu e o Prof. Joaquim Enes demos o apoio que nos foi solicitado pelo autor, o António Neto disponibilizou-se para acompanhar o autor pela serra, com a sua máquina fotográfica e fixar os quadros necessários para a realização da obra.
Pediu-se ao Prof. Luís Barbosa que fizesse uma apresentação breve do trabalho e finalmente  o livro foi um êxito e rapidamente desapareceu, ficando esgotado nas prateleiras da Junta de Freguesia.
O meu irmão disse-me que quando comprou o livro não conseguiu adormecer sem o ler todo duma vez! E como ele ...outras pessoas sentiram o mesmo. Como residia na Amadora não pude acompanhar de perto o entusiasmo suscitado, mas lembrei-me que o Prof. Joaquim Enes conhecia bem os soajeiros. Perante uma proposta válida, com a qual se reconheçam e identifiquem, eles adererm com alma e coração! Afinal não somos todos assim?
Recordo-me da surpresa que tive no meu tempo de estudante, no início dos anos 70, numas férias, penso que de Natal, os estudantes e outros jovens organizaram em 4 ou 5 dias um teatro, tipo Variedades, na Casa do Povo. Eu tinha a impressão que podia ser bonito, mas para estudantes... As pessoas não iam deixar as suas casas para virem à Casa do Povo verem umas facécias de estudantes desocupados...
Para surpresa minha a sala encheu, ficou à cunha!
Razão tinha o Prof. Joaquim Enes. "Aqui as pessoas estão ávidas de bens culturais!"
E volto a perguntar: Afinal não somos todos assim?


Como o José Ruy organizou o seu trabalho?
Primeiro faz a sinopse do que iria ser o livro:


Em seguida fez a planificação das páginas!


Iniciou de seguida o esboço dos desenhos de cada página...


Bem como as respectivas falas, que mais tarde, desenhadas em acetato se iriam sobrepor aos desenhos!

Obtendo-se, deste modo, o resultado final:



E finalmente a capa!


Neste ano de 2014, na comemoração dos 500 anos da atribuição do foral a Soajo por D. ManuelI,  a Camara Municipal de Arcos de Valdevez resolveu - e muito bem - reeditar a obra, através da Âncora Editora e oferecê-la a todas as crianças do concelho! Das comemorações parece-me que vai ser a única homenagem material, palpável e duradora!

E fico a recordar esta viagem da Amadora até Soajo! O valor das idéias e das gentes! 



OBS. Neste verão voltei a encontrar a confirmação do veredito do saudoso Prof. Joaquim Enes ""Aqui as pessoas estão ávidas de bens culturais!" 
Que saudades, amigo! E como irias sorrir ao veres a confirmação de tantas conversas feitas!
Confirmei a adesão e entusiasmo dos soajeiros na apresentação do livro de meu pai José de Sousa Rodas, por mim organizado e editado, POR SOAJO



 Afinal não somos todos assim?


Oeiras, 15-10-2014

Notas

http://lendobd.blogspot.pt/2014/12/one-shots-jose-ruy.html
http://jogodopau.tumblr.com/post/105219037179/o-jogo-do-pau-na-historia-do-soajo-aos
http://bloguedebd.blogspot.pt/2014/09/breves3.html
http://agaragem2014.blogspot.pt/2014/09/o-juiz-de-soajo-de-jose-ruy-reeditado.html
http://bongop-leituras-bd.blogspot.pt/2014/09/lancamento-ancora-o-juiz-de-soajo.html?spref=fb
http://kuentro.blogspot.pt/2014/09/foi-reeditado-o-album-o-juiz-de-soajo.html
https://bandasdesenhadas.wordpress.com/tag/jose-ruy/
http://www.circuloarturbual.pt/?avada_portfolio=jose-ruy\
http://biblobd.blogspot.pt/2013/09/quadriculografia-de-jose-ruy-em-album.html



Sem comentários:

Enviar um comentário

Seja crítico, mas educado e construtivo nos seus comentários, pois poderão não ser publicados. Obrigado.