sexta-feira, 7 de março de 2014

À nossa saúde!

Sou transparente.
Quando não estás fica um escuro ensurdecedor nas arestas da minha boca.
E se abres o mar que há em ti, desaba sobre mim o dilúvio dos dias sem fim.

A minha vida exalta-se quando me percorres no fresco champanhe das mãos quentes e sôfregas nos lábios.
E um final, um ah! de satisfação, de vitória sobre a ausência! 
O cravo dos teus lábios transparentes de beijos fica gravado na minha transparência, onde a terra é mais redonda e o sol mais quente. 
Sei que foi para esses momentos que nasci. Sei que aí me realizo e ... sou!
O meu  segredo? 
É mais um medo, que começa no toque das tuas mãos quando me tomam! 
Eu sei logo quando segura e firme me agarras!
Sei quando hesitante, ora me apertas, ora te esvais num pendor languido e morrente! Morrente, sim!
É nessas mãos que sinto a morte. Dessas mãos, até ao chão! Sem passar pelos teus olhos!
Mil pedaços sem ti! É disso que tenho medo!



Oeiras, 7-3-2014
MRodas


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