Sou
transparente.
Quando
não estás fica um escuro ensurdecedor nas arestas da minha boca.
E se abres o mar que há em ti, desaba sobre mim o dilúvio dos dias sem fim.
A
minha vida exalta-se quando me percorres no fresco champanhe das mãos quentes e
sôfregas nos lábios.
E
um final, um ah! de satisfação, de vitória sobre a ausência!
O cravo dos teus lábios transparentes de beijos fica
gravado na minha transparência, onde a terra é mais redonda e o sol mais quente.
Sei
que foi para esses momentos que nasci. Sei que aí me realizo e ... sou!
O meu segredo?
É mais um medo, que começa no toque das tuas mãos quando me
tomam!
Eu
sei logo quando segura e firme me agarras!
Sei
quando hesitante, ora me apertas, ora te esvais num pendor languido e morrente!
Morrente, sim!
É
nessas mãos que sinto a morte. Dessas mãos, até ao chão! Sem passar pelos teus
olhos!
Mil
pedaços sem ti! É disso que tenho medo!
Oeiras,
7-3-2014
MRodas
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