Em 1941, também nós fizemos parte do 1º Batalhão Expedicionário do
Regimento de Infantaria nº 8 que, em missão de soberania, largou do Tejo, em 24
de Abril, rumo ao Ultramar Português. Pelas 15 horas, já em pleno mar, o
Mouzinho, vai rasgando docemente o mar-safira, vai singrando dolentemente com
rumo às guardas avançadas do Atlântico, à suspirada e encantada feiticeira:
Ilha Azul, Faial.
Contra o costado do navio vêm
quebrar-se as ondas do mar, ora em ânsias loucas de abraçá-lo, ora lambendo-o
de mansinho como a acarinhá-lo por ser o portador de lusitanos novos que, em
comprimento do dever, tal como os que indómita e heroicamente se lançaram em
busca da glória para a Pátria querida levantando assim cada vez mais o pendão
duma heróica e formidável Nação, duma minúscula faixa de terreno que, lá da
Europa, junto ao mar, deu novos Mundos ao velho Mundo: Portugal! Assim vão
beijando o Mouzinho aquelas ondas alterosas. Assim se seguiram os dias 25 e 26,
até que no dia 27 pelas 16 horas se ouviu a encantadora e
desejada palavra:
Ao longe, muito ao longe, desenhava-se na diamantina e
azulina cor do firmamento, uma mancha escura; à medida que nos aproximamos,
torna-se mais visível. Agora já se vê mais: uma, duas e três, etc. Avançamos
docemente, o Mouzinho acerca-se cada vez mais dessas escuras e ingentes manchas
que, altaneiras se erguem aos céus, mostrando assim ao Mundo mais um pedaço do
nosso glorioso e querido torrão nacional. Uma a uma, se vão tornando mais
visíveis destacando-se uma que se eleva a grande altura, como que a desafiar o
espaço, oiço dizer que tem o nome do Pico. Segundo dizem os nossos superiores,
vamos com rumo ao Faial. É agora, que se desenrola ante nossos olhos, a
formosura poética dessas encantadoras e poéticas ilhas. É então que me
deslumbro ante esse mar imenso de verdura, mosqueado pelo branco das casinhas -
quais capelinhas - a disputar em carreira desenfreada, a primazia do lugar
... É indubitável que só das mãos de
Deus sairia tamanha beleza! A ânsia de ver-me junto da cidade da Horta e da
ilha, é cada vez maior, fazendo bater num ritmo doce e doente meu coração
ansioso.
José de Sousa Rodas
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