Morreu-me um amigo
assim sem dizer mais nada.
Partiu e deixou a porta aberta,
os gatos sem comida e a horta por amanhar.
Foi-se na névoa dos frios do inverno
nas asas tristes da solidão,
nos desenhos que inventava
e nos poemas que ficaram por fazer.
Deixou um recado
aos que o abandonaram:
ouçam as águas da corga
o piar do mocho
e riam-se muito!
Deixou um recado escrito
a dizer
que nos amava
como quando tinha 18 anos!
Eu "morri-me" também!
MR, Oeiras 6 de Fev 2012
Mas tu continuas a viver...aproveita!
ResponderEliminarMas, como diz Luis Peixoto:
ResponderEliminarCriança em Ruínas:
na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.