quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

















Morreu-me um amigo
assim sem dizer mais nada. 

Partiu e deixou a porta aberta, 
os gatos sem comida e a horta por amanhar.

Foi-se na névoa dos frios do inverno
nas asas tristes da solidão,

nos desenhos que inventava
e nos poemas que ficaram por fazer.


Deixou um recado 
aos que o abandonaram:

ouçam as águas da corga
o piar do mocho
e riam-se muito!

Deixou um recado escrito
a dizer

que nos amava 
como quando tinha 18 anos!

Eu "morri-me" também!


MR, Oeiras 6 de Fev 2012

2 comentários:

  1. Ilda Grisantes2/10/2013

    Mas tu continuas a viver...aproveita!

    ResponderEliminar
  2. Mas, como diz Luis Peixoto:

    Criança em Ruínas:

    na hora de pôr a mesa, éramos cinco:

    o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs

    e eu. depois, a minha irmã mais velha

    casou-se. depois, a minha irmã mais nova

    casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,

    na hora de pôr a mesa, somos cinco,

    menos a minha irmã mais velha que está

    na casa dela, menos a minha irmã mais

    nova que está na casa dela, menos o meu

    pai, menos a minha mãe viúva. cada um

    deles é um lugar vazio nesta mesa onde

    como sozinho. mas irão estar sempre aqui.

    na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.

    enquanto um de nós estiver vivo, seremos

    sempre cinco.


    ResponderEliminar

Seja crítico, mas educado e construtivo nos seus comentários, pois poderão não ser publicados. Obrigado.