sábado, 29 de julho de 2017

A tua meloa

Soube-me bem a tua meloa

Alėm ds cores trazia o gosto doce
Do paraíso

Não foram as maças
que trairam Eva

Foi o desejo
Doce
Da meloa

Enfim, não foram as maças nem as meloas
Que Eva desejava

Quem a traiu foi Adão
Como sempre aconteceu
Ao longo da História...

Porque não dizem a verdade
às crianças?

MRodas

sexta-feira, 28 de julho de 2017

A minha natural natureza

"A sabedoria é um paradoxo.
O homem sábio é aquele que mais reconhece a sua ignorância."
— Nietzsche.

Pensei que quando cá chegasse
Havia desvendado todos os segredos

Seria a virtude virtuosa
O esforço esforçado
A fidelidade fiel

Mas descubro agora
Tal como Jacob
Que mais sete anos
Tenho de servir
Sem saber se em mais sete
Te alcançarei...

E não és tu que me foges
Mas é da minha natureza, perseguir-te!


MRodas

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Azul dia

Quando abriu os olhos
Apenas restava no chão
Uma saia azul dia
E umas penas de gaivota

Tinha desaparecido tudo
E do tudo nada restava
Tinha desaparecido
no fumo no fumo ido


Ainda pensou sair a correr
Gritar volta volta
Mas amava-a livre
E só livre poderia
Voltar a despir a noite da saia azul


A gaivota volta sempre que há azul.


MRodas

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Apresentação do livro CARTAS DE AMIGO E MALVIVER, em Soajo



A festa foi bonita, pá!
Estiveram muitos amigos e amigas, gente boa, que se interessa pelos livros!

Obrigado ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, que acompanha este evento desde 2014!

Obrigado aos Sr. Presidentes da Casa do Povo de Soajo, da Junta de Freguesia de Soajo, ao amigo Pedro Teixeira 

Um muito obrigado especial ao Nuno Soares que fez a brilhante apresentação do livro. Memorável!

O livro encontra-se à venda nas Portas do Mezio, em Soajo,
Contactos 258 510 100         258 522 157

 e na CASA DAS ARTES e na NATURE4 em Arcos de Valdevez (Jardim dos Centenários, 4970-433 A Arcos de Valdevez Telefone258 520 520)


Brevemente, a editora Alfarroba, disponibilizará a sua venda nas livrarias do país.


Muito obrigado a todos e boas leituras!
















Obrigado aos amigos do Musicarte Ensemble!


terça-feira, 18 de julho de 2017

Lavrar a escrita



Ar dado, ar refeito
arado
pedra a letra
muros de parágrafos
jugo de sinais, pontuação
escrita de sulcos
rasgados 
regos, regados e lavrados 
a sementes

ói pedra
ói dor
ói vida

lavra
sacha a tinta
monda as personagens
procura a coerência
da sementeira
que há de ser 
verde primeiro
flor e espiga

Será madeira
remo ou nau?

descerá o rio
chegará ao mar
à pimenta?

Terá filhos e morrerá
sem os conhecer?


Ó órfão de tinta
inventor do perdão
abriu-se o mar perante ti
e em passos firmes
trespassaste o espaço entre linhas
e gritaste: Liberdade, estou aqui!

Arcos de Valdevez, 18 7-17
MRodas




Vens a Soajo, no dia 22, às 16 horas?










domingo, 16 de julho de 2017

Olhos

São olhos?
Ou apenas extensões das almas
Libertando-se da ansia dos corpos
À procura do espaço sideral
Inicial
Síntese seminal
No fluído
Da imaginação?
Ė nesta órbita
Que os nossos planetas
Se demoram mais...
MR

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Sémen

Não é verdade que morri
Apenas
Me disseminei
...

O teu coração


Nem à luz mais intensa
Ou no calor mais frio e denso
Te encontrei
Havia caminhos, sulcos
Havia pele e pedras
Havia sinais do teu nome
Só tu não estavas
Em parte alguma

Perguntei a todas as saudades
Aos desejos mais intensas
Æs cores, aos búzios
Na seiva das madrugadas
Na resina das noites
Nem à luz mais espessa
Ou no calor mais frio e denso
Te encontrei, pepita, sol, coração...

MR

terça-feira, 11 de julho de 2017

Sal



A dúvida é o sal do espírito, sem uma pitada de dúvida, todos os conhecimentos em breve apodreceriam. 

Alain, pseud. de Émile-Auguste Chartier





Chegaste sem bater  entraste
 começaste a arrumar a casa
sem pedir autorização

onde estava claro ficou escuro, 
o de cima passou para baixo
o certo para incerto...

como te atreves
a mandar na minha vida
como se fosse desabitada de mim
ou 
a mandar em mim
como se fosse desabitado de vida?

Antes de antes de tu existires
já me percorrias as veias e os dias
mas não ordenavas e inseguravas

Agora ganhaste tal forma
que o mundo não tem sossego
em todo o universo

Vives comigo? 
Ficarás viúva escura e fria
continuarás a ser o sal da conversa
e o seu alimento
mesmo depois do juízo final

MR


segunda-feira, 3 de julho de 2017

Mentira

Diz
O medo que sentes
Quando
Negas a verdade ...
Diz
O medo que sentes
Quando
Dizes a verdade  entredentes...
Diz!
Se não dizes
Por mais que tentes
Ė porque mentes!
MR

Del Boch não mentiu.

Azuis de portugal

Cavalgaram em mim
As tentaçøes
Com o tropel da adrenalina
Nos teus seios
Ao sol ao sol 

Gávea real
Fogo das espanhas
Azuis de Portugal

MR
Que me perdoe S. Jerónimo!

Paraísos

No principio era o verbo 
E o verbo se fez musica
E o teu corpo
Anunciava
Não a maçã
Mas o pomar inteiro

MR

domingo, 2 de julho de 2017

Amala

Sou a dobradiça
No cobre dos teus dedos
Finges que ės o génio
A quem as promessas enclausuraram
Quanto tempo
Para arrumar o destino
Em compartimentos sem fronteira
Em desejos áridos e esteréis
Definitivamente
Sonho a chave dessa mala
Sombra de luar
Em teu cristal inútil!

MR

O que não se vê

Acordas-me
Cada instante em que estou acordado
Vives em mim
Quando penso que já foste
Trazes inquietação
Onde antes vivia
O dia

Na minha calmia

Quero de volta
Todo o rumor das marés
Das minhas ondas
Tudo o que puder enfeitar minha casa
E sentar-me contigo à mesa
A falar de poesia!
Será essa a única magia
Para te tornar humano e...imortal!

MR

sábado, 1 de julho de 2017

Pedra

Eras pedra e acordaste
Na ponta do meu cinzel
Chamei-te, Maria!
E tu respondeste, Manel!

MR

quarta-feira, 21 de junho de 2017

O meu avô Marujo




O meu avô Marujo tinha longas pernas
E mãos grandes
Que tapavam os olhos
Para não ver a serra dentro dele.
Quando as longas pernas
Ficaram cansadas
Falava com a burra branca
E iam os dois ver a serra
Que não podia esconder dentro dele.
Os filhos ofereciam-lhe palavras
de saudade e consolo.

Ele respondia : E eu que vos pedi?

MR

sábado, 17 de junho de 2017

Noites de Carcavelos

Pai

Releio -te, pai
E vejo as tuas mãos grossas
A sulcarem o papel
Com arados de tinta

Abrias caminhos para mim
Enfeitados com as flores das letras
Nem eu sabia andar ainda
Nem sabia o peso da tua herança feliz

Pai
Qual o melhor caminho para ser pai?
Esta floresta mal me deixa ver
As tuas mãos ägeis e os teus passos firmes...

MR

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Rio Douro



Este é o Rio Douro que poucos conheceram.

Antes da construção das barragens o  Rio Douro era turbulento e perigoso.

Navegar pelo rio,exigia homens corajosos.

As barragens acalmaram as águas do rio.Hoje o rio é uma aprazível rota turística.

O barão de Forrester, produtor de vinho do Porto, morreu precisamente
no Cachão da Valeira (que se vê no filme), quando o barco que o
transportava (a ele e a D. Antónia Ferreira - Ferreirinha), se virou.
O corpo do Barão nunca apareceu.



https://vimeo.com/98925113

terça-feira, 13 de junho de 2017

Aqui

Aqui aprendi o luar do só
E a força da noite escura
Era preciso viver contra as pedras
Que me entravam nos bolsos vazios

Tu não sabias de nada
Nem de mim

Quando pude aspirar a flor
Já as mãos tinham envelhecido
E os olhos
Se recusavam a ver mais longe

Tu estavas morta
Por dentro à espera dum milagre
um beijo que nunca aconteceu...


MR

segunda-feira, 12 de junho de 2017

ROMANCIDO

Comecei hoje este romance ou história...
Ainda não sei como vai acabar, mas sei que muito vai demorar...


ROMANCIDO

Por letras, palavras e versos navegando
Vou agora contar  o que se passou
Numa idade distante, mas bem próxima de cada um.
Sou apenas o relator do que vejo, 
Sou observador, ouvindo os vagueios e explanações 
De quem não sabe porque está, mas vais ficando...

Consulto a memória e os apontamentos 
Que na altura tomei nota e boa falta me fazem
Prometo ser fiel ao senhor que comigo desabafava
Pedindo desculpa, se por qualquer omissão for responsável
Mas será atraiçoado pela memória e não pela vontade de errar
Que para tanto não tenho nem engenho, nem vontade.

Comprometido consigo mesmo
Procura na neblina dos nascente e poentes
A impressão de ser o mundo bem mais curto e limitado 
Que os relatos e escritos desde a antiguidade de navegadores.
Faúlha a incendiar-se, ao espelho escuro
ver-se e rever-se e... para tanto não se reconhecer.

continua...