sábado, 16 de dezembro de 2017

Instruçøes para abrir uma rosa


Pegue numa rosa
confirme que não é cravo ou malmequer
e não cheira a lírio ou canela
mas cuidado, não se engane e troque por um cacto
peça de roupa, meias ou  sutiã

Com uma vela arder 
coloque-a em água a flutuar
sobre uma toalha azul
(é essencial a toalha ser cor de rosa)
Ouça música, muita música.

Quando a temperatura estiver maviosa
e o chocolate a derreter nas bocas
coma a primeira pétala
seguida da segunda
e da terceira...

Se a rosa se não abrir
repita tudo desde o fim para o principio
e novamente do principio para o fim
devagar como a passagem do tempo
a sentir-se grande em espaços pequenos

Se a rosa se abrir saberá o que fazer
mas se se mantiver fechada 
não é razão para sair por aí 
a gritar e a cortar mais rosas.
Não desista...mas repense a sua vida
a rosa nunca se engana!

MRodas


Apresentação na Amadora deCARTAS DE AMIGO E MALVIVER

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Convite para Amadora



Olá
Venho convidar-te para a apresentação do meu livro CARTAS DE AMIGO E MALVIVER, dia 19 dez. às 18h na Biblioteca Municipal da Amadora, Avª Conde Castro Guimarães, 6 h
Latitude: 
Longitude: 
Gostaria de contar contigo e com outros amigos que queiras convidar. Até dia 19 com um abraço
Manuel Rodas


sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Olhar

Fico a olhar para ti
à espera
que te decidas
e algo maravilhoso aconteça

Sei lä
os israelitas pedirem desculpas
aos palestinianos
e vice versa

Talvez
Trumpp se fosse embora mesmo sem pedir desculpa
a chuva voltasse
os leões fossem erbívoros
e os corruptos
nos devolvessem a confiança
que alimenta a esperança!
... e tu rires com conchas na mão

Talvez eu apodreça
antes
que isso aconteça!

MRodas

Nem sei o k dizer

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Histórias de livros





Histórias desde ontem até hoje

Manuel Preto Rodas, o Marujo, é já pai de dois filhos da primeira esposa e após o falecimento desta, casa com Ana de Sousa, com a qual tem dois filhos, José e António. O primeiro filho deste segundo casamento, José de Sousa Rodas nasce a 18 de abril de 1918.
Dez dias depois levanta-se cedo e com mais três vizinhos, deixam o lugar da Várzea, dizem um adeus até já, ao rio de Castro Laboreiro, atravessam os contrafortes da Serra de Soajo e após quatro horas de viagem e uma pausa para uma bucha, chegam a Cabana Maior onde depositam os seus votos nas urnas respetivas, elegendo deste modo os 155 Deputados  para a Câmara dos deputados e  49 Senadores para o Senado. Dobram o terceiro boletim de voto e participam na única votação direta durante a primeira República, para um Presidente da República Portuguesa.
Durante as oito horas de viagem a pé, quatro na ida e outras quatro no regresso, têm tempo para falar de tudo que os preocupa e os anima, numa terra sem estrada, sem eletricidade, sem médico, dependentes da resistência de cada um e da solidariedade de todos.
Quando chegam a suas casas, já noite, trazem na cabeça a confirmação dos desejos duma vida melhor e a certeza que o poder emana do povo e não do Rei, e uma forte convicção na alma: é preciso que o povo queira assumir esse poder e participe na construção dum mundo novo. Como? Através das letras e da instrução!
Manuel Preto Rodas organiza, ao fim do dia e aos domingos, na sua varanda virada para o caminho público, sessões de aprender a ler e a escrever, para quem o desejar.
Na mesma data, 1918, Dr. Bernardino Machado, Presidente da Republica Portuguesa inaugura em Benfica, Lisboa, a Escola Normal Primária de Lisboa.
Após algum tempo, Manuel Preto Rodas reconhece para si próprio que a tarefa é demasiada e o resultado é pouco, pois os alunos ficam-se pelo nome próprio e pouco mais. Constatada a indiferença do poder municipal e do Estado, perante os sucessivos apelos para a construção duma escola primária, fala com os vizinhos e decidem eles próprios construir a escola, na esperança que o Estado haveria de lá colocar uma professora. Aos domingos, após o almoço é vê-los a abrir os caboucos, cortar a pedra emparelhá-la e erguer uma casa igual às suas, uma porta e duas janelas. A alegria e a certeza do caminho a percorrer suaviza o esforço e atenua o cansaço. O Estado após muita insistência acaba por colocar uma regente escolar.
Trinta anos depois, o filho, José de Sousa Rodas é o correspondente do jornal regional de Arcos de Valdevez, A Vanguarda, desde 1948 a 1972. Através das suas crónicas quinzenais, informa, divulga e esclarece os assinantes, emigrantes espalhados por todas as regiões do mundo, contribuindo para a sua ligação ao torrão natal, à ascentral cultura serrana. Continua a querer um mundo melhor e um Soajo grande![1] Este jornal é em muitas casas o único material impresso. Da compilação dessas crónicas, o neto de Manuel Preto Rodas, Manuel Rodas fez a sua edição e publicação (2014) com o nome Por Soajo, (Ed.Apenas) por ser dessa forma que começavam as suas crónicas.
 80 anos depois das eleições republicanas de abril de 1918, do nascimento do seu filho, José, e das primeiras lições de ler e escrever na sua varanda, o mesmo neto de Manuel Preto Rodas, é Professor na Escola Superior de Educação de Lisboa, no mesmo edifício inaugurado por Bernardim Machado, em Benfica, em 1918. Continua a querer um mundo melhor, mais fraterno e solidário... e deseja contribuir para a preservação da identidade cultural soajeira.
 97 anos depois, 2015, pela mão do mesmo neto e em edição de autor, é publicado o livro Manual de Ramil, terra e saudade (ed. autor)!
99 anos depois, (2017) o mesmo autor publica Cartas de amigo e malviver, na editora Alfarroba.

Manuel Rodas




[1] Em 1996, Manuel Rodas, então Professor numa escola Brandoa,
Amadora, após uma apresentação aos alunos dum autor de Banda desenhada, José Ruy, convence este a fazer um livro sobre o Juiz de Soajo. A publicação foi feita pela editorial Notícias e com apoio da Junta de Freguesia de Soajo.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Um caminho e uma promessa



Em cada dia há um caminho e uma promessa
marcas deixadas na diáspora
como migalhas aos pássaros 
ou guias dum labirinto sem Minotauro.

Desde o princípio e sempre
prometias afastar-te, a sorrir
e eu empurrava-te com um mão para que fosses 
e com a outra puxava-te para mim
porque cada dia era uma promessa e um caminho.

Sei que um dia voltarás

porque nunca te despediste.
Sei que sempre amarás
pois é amor o que sempre pediste.

Sei


MRodas





quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Todas as palavras



Tudo o que tenho dito
e escrito
todos os sorrisos e gritos
canções, versos e poemas
tudo foi gasto e perdido
e nada resta em ti
do que foi a mais bela história de amor

Quem varreu da tua casa
as mais belas flores silvestres
os risos de crianças nuas
as águas frescas do início da vida
e a luz de todas as madrugadas?

Não acredito que tenhas sido tu

Talvez as sombras negras
dum passado morto de raiva e dor

Talvez os diabos obscuros
que negros de vingança
ao amor livre se opuseram
e por isso derrotados
vêm agora armados
de trevas e  raiva
devolvendo à morte
o que perderam em vida!

Que morram para sempre
com ramos de raiva esquecida

Que o amor vença 
e perdurem para sempre
as mais belas histórias de amor!

MRodas

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Flor de carqueja

Carqueja de caules alados
primeira vontade de voar
flores erguidas ao céu
ensinando-me a sonhar!

Em nós a mesma seiva da terra
o mesmo cantar liberdade
Tu celebrando o verde e o sol
Eu a distancia a serra e a saudade!

MRodas

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Caravana XVI


Caravana XVI

Na caravana cada adulto vai  de mão  dada com a criança que foi.
Se tenta fazer algo usado e gasto logo a criança o impede.

Mais lá atrás
vêm todos aqueles que cortaram as mãos para se sentirem livres!

Os que mataram as crianças são adultos perigosos e vão espalhados, incógnitos!

Deste modo a ternura, a maldade e a liberdade  caminham juntas porque se ignoram mutuamente.


Oeiras, janeiro 2017

O mar preso

Prenderam o mar
a uma ideia de mar
para que não aprendessemos
nem soubessemos nadar

A ideia de mar
contem ideias de agua e sal
marés e luas
sonhos de pedra e cal

Contudo o mar
é uma pátria
com língua para falar
povo esclarecido
concreto e definido

O mar tem alma
tem corpo e pensamento
tem  existēncia e propósito
vive intensamente
para unir a ideia que temos

de conteúdo e continente!

MRodas

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Piratas

Piratas deu lá deu
Piratas como tu ou eu
Fomos daqui ao Industão
Sem por os pés no chão!
Calcorreamos mundo
A remar na areia fina
De cima ao fundo
Daqui até à China!

Mais piratas que nós
Ė quem rouba o pão
A todos os que trabalham
Sem amealharem um tostão.
Mais piratas ainda
Sao os que não têm ideia
Como se pode ir e vir
Daqui ao norte da Coreia.

Piratas, piratas como um tição
Navegam nas àguas da corrupção
Mentem, roubam e não dão
O que nos pertence por razão!

MR

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Amigos em rede

Saio à rua
e espero que alguém passe por perto. 
Escolho os que me parecem ir para o mesmo local que eu,
nenhum local definido.
Ponho-me na  sua retaguarda e
durante alguns passos deixo-me ir no seu ritmo.
Quando a minha presença não é incómoda,
aproximo-me  e explico-lhes
o que comi, como me sinto,
o que fiz ontem, o que vou fazer mais tarde,
o que vou comer esta noite e mais coisas.
Entrego-lhes fotos da minha mulher,
da minha filha,
do meu cão,
minhas no jardim, na piscina,
as férias
e fotos do que fizemos no fim de semana.
Outras vezes caminho atrás das pessoas,
a curta distância,
ouço as suas conversas
e depois aproximo-me
digo-lhes que “gosto” do que ouvi,
peço-lhes que a partir de agora sejamos amigos
e também faço algum comentário sobre o que ouvi.
Mais tarde, partilho tudo quando falo com outras pessoas
Fico a ver quantas pessoas gostam do que eu digo. Muitas!
Para além disso,  já tenho várias pessoas que me seguem…
o vizinho e o carteiro
o inspetor das finanças e do seguro
o merceeiro e o guarda noturno
dois polícias e um psiquiatra!


segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Num domingo a tarde



Domingo à tarde



Domingo à tarde
Abraçado a um azul vermelho por dentro
E amarelo por fora
Sentei-me numa esplanada
A ver quem passava.

E passou muita gente
Animada e desanimada
Criança e cão
Boneca e boneco
novo e velho
Sorridente e triste
Devagar e depressa
Com um não pela mão!

Passou um cão de trotinete
E um casal a empurrar carrinho de bebé
Tão felizes e sorridentes
Ainda com a mão na barriga.

Passou uma bicicleta com uma garota
E outra ao lado
A rir do sol que fazia
E do mar que ondulava
Nas vidas que são
E nas esperanças que serão, ou não.

Passou quem quiz
Ficou em casa quem não saiu
Os outros foram ao futebol
Apanhar sol nas pernas e ar nas convicções.

Depois de todos passarem
Olhei as fotografias e pus-me a pensar
nas pessoas que tinha capturado.




Agora são minhas
estas vidas passeantes
e tardiamente...belas
estão aqui guardadas
vou para casa observá-las
fazer uma montagem
e devolvê-las ao mar


Vou guardar
o ar quente daquela gente a passar
aquele riso de criança
apontar para o mar.

Num domingo à tarde
abraçado a ti a vê-los
azul vermelho por dentro
e azul amarelo por fora
na praia de Carcavelos.



Manuel Rodas