A todos os irmãos
Que o são ou não
E
não sendo o são,
Abraço fraternal
Deixo aqui mensagens e as minhas reflexões sobre os percursos por onde vou passando..."caminhante, não há caminho, o caminho faz-se caminhando..."
...
Os viajantes podem acabar, mas a viagem não
Manuel Rodas
Regulamento Geral do Campeonato Distrital de Cantadores ao Desafio
Com o objectivo de estimular e desenvolver o gosto pelas cantigas ao desafio, aumentando o número de participantes e o número de entusiastas e admiradores, organiza-se o Campeonato Distrital de Cantadores ao desafio
1) Os/as concorrentes têm de ter mais de 16 anos
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2) Os eventos podem abordar qualquer tema em qualquer estilo,
3) As quadras e cantigas devem ser originais (da autoria dos/as concorrentes), não podendo abordar temas discriminatórios de classes, géneros, raças, etc.; sendo motivo da sua exclusão.
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4) O apresentador abre, à sorte, uma página dos Lusíadas e escolhe dois versos, sendo estes o mote para as 3 quadras que o concorrente terá de fazer, de imediato.
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5) Nenhum concorrente deve ultrapassar os 5 minutos (as performances serão cronometradas);
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6) Se a regra dos 5 minutos for infringida por um cantor, durante a sua atuação, este terá 10 segundos de tolerância; Caso ultrapasse os 5 minutos e 10 segundos, o cantautor verá o seu resultado final penalizado, segundo o seguinte esquema: 0,5 pontos por cada período de 10 segundos acima de 3 min. e 10 seg;
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7) Apenas serão permitidos os acompanhamentos musicais convidados pelos concorrentes, tocados na altura, sem recurso a meios elétricos e gravações.
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8) No final há um confronto entre o 1º e o 2º concorrente, ou em caso de empate, que livremente se desafiarão por um período determinado pelo organizador, nunca superior a 30 minutos.
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9) O júri é composto por entre 3 a 5 elementos idóneos e escolhidos/as de entre o público presente em cada sessão e sem ligação familiar ou de amizade com os concorrentes.
Após a exibição do concorrente cada elemento do júri atribuir-lhe-á uma pontuação numa escala de 0 a 10.
10) O júri tem de ter em conta a performance do concorrente, a apresentação, empatia com o público e o conteúdo das cantigas;
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11) O concurso desenrola-se por várias eliminatórias, tantas quantas as necessárias, de acordo com o número de participantes, até se apurar o vencedor da freguesia.
12) Na sede do concelho realiza-se a final, ou finais necessárias para apurar o vencedor do concelho e no distrito, seguindo a mesma organização.
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13) A decisão do júri é final. Os/as concorrentes não poderão recorrer dos resultados das pontuações atribuídas pelo júri;
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14) Os participantes receberão os prémios que as organizações anunciarem e forem capazes de obter.
Funções do(s) organizador(s)
Anunciar a data e prémios do evento
Garantir boas condições do local
Recolher as inscrições
Escolher o Júri
Apresentar os concorrentes
Somar as votações
Anunciar os vencedores
Decidir sobre o que este Regulamento é omisso. Das suas decisões não há recurso.
LÍDIA
Lembro-me de ti , menina
A serenares o tempo
Com uma bilha pela mão
E afagares as searas e as papoilas que se curvavam no teu caminho
Quando saias de Oeiras e ias a Paço D’Arcos
Esperar que a senhora tirasse o leite à vaca
Que havias de trazer para casa
Sem ninguém adivinhar
Como os pássaros cantavam e o sol se calava
À tua passagem em passos breves
Lembro.me de ti a serenares o vento nas tempestades
Acalmares as marés
E sorrires às ervas e flores
Enquanto cantavas ao som das águas a correr
Lembro-me de ti
Nas fotografias que imaginavas
Sempre em busca do significado para que o mundo sorrisse contigo
Lembro-me de ti a sorrir
e a sorrir ficarás connosco
Para que sorrias sempre, amiga
E o sorriso tenha asas leves
Como a mariposa que de tão breve
Nos inunda de eternidade e beleza.
Manuel Rodas
Ler faz bem ao corpo e à alma
À menina e ao menino
A rapariga fica mais calma
E o rapaz ...mais fino!
Procura na Amazon.com os meus livros! Em papel ou em ebook! Boas leituras!
de aflição e dor
Sobrou uma vacina covid
e por amor
a si proprio
bebeu-a
com aprovação da enfermeira
que de joelhos procurava a seringa
Rodas
Desculpa.
Fiz por ti o que pude e ainda mais faria
se me pedisses e
eu achasse necessário e disso fosse capaz.
Canto os teus sucessos
empolgo-me com as tuas aventuras e as traições que te fizeram
os amores que te ajudaram a ser quem és
e os desamores que também te ajudaram a recusar quem não és.
O que eu faria e ...fiz!
Mas não estava à espera que medisses com régua e esquadro o que fiz por ti
nem contabilizaste o que poderia ter feito por ti
com débitos e créditos.
Não, não estava à espera que medisses os meus passos
como se fosse o Zé do Telhado,
a saltar-te ao caminho para te roubar,
ou exigir a devolução do que te tinha dado.
Não estava à espera e isso magoou-me
vim para casa a espremer a ilusão dum amigo
e depois de me contornar e abrir ao meio
sorri.
De que sorri eu?
Sorri a agradecer a amizade incompreendida.
A quem poderia eu desculpar
se não tivesse um amigo que me ofendesse?
Sim, quem me viria pedir desculpa por me ter ofendido?
Quem mais me pode ofender que não seja meu amigo?
Por isso, obrigado, amigo.
Sem saberes, deste nova vida à amizade,
pintaste de preto, para que eu pudesse estender o branco e o azul
partes para que eu possa consertar
arrancas e eu semeio
destróis e eu reconstruo
sujas e eu limpo
feres e rasgas e eu coso.
Quanto vale uma amizade?
MRodas
2 janeiro
Sim,
Estava muito frio e nós tínhamos acordado em cima dum vulcão!
Melhor, nem chegamos a dormir, porque queríamos estar acordados, para que o mundo não dormisse mais. Como podiam estar todos a dormir, quando a vida gritava por amor?
Foi pela neve que regressamos. Em silêncio.
Não fomos nós que abandonamos o paraíso, foi o Éden que não suportou o amor. Não tinha sido concebido para isso.
Pegamos nas brasas, ainda quentes, e fomos incendiar o mundo!
Até hoje!
MRodas
Gostava de te desejar um ano novo
Um ano de lhe tirar o chapéu
Com promessas e realizações
Sonhos e obras
Beijos e abraços com amor dentro
Mas o ano novo é velho
Velho de problemas
De lágrimas que não secam
Injustiças ameaças e morte!
Os mesmos se sentarão à mesa e os mesmos ficarão de fora, apanhar migalhas,
À espera da morte
Que quando vem
Não é igual para todos
Como nunca foi
Nem a morte
Nem a vida
Nem o amor
Nem a alegria
Nem a tristeza
E o que esperas de 2021?
Que a nuvens sejam cor de rosa?
Ou que os rios transbordem de açúcar e perfume?
Que o teu vizinho te convide para jantar?
Nem para chorar querem saber de ti!
Por isso, não vale a pena esperar um 21 melhor.
Acredito que vais precisar de mim e eu de ti, de nós
Para lutarmos
Denunciar
Gritar
Criar
Dizer que a vida vale a pena e a humanidade é a maior possibilidade
Em liberdade!
MRodas
de ti absorvo os vapores nus
onde se eleva o frenesim da inquieta busca
....
agora que o estertor me invade e a palpitação acelera
a noite cai na vastidão do impossível
tremem as vértebras de reverberação
estrondo de beijos que se desfazem no céu
e irrigam a flores
e o verde que de ti brota
vai
vai embrulhado nessa escuridão
livre das serpentes e leões
cuidado com as setas que em sílabas formam palavras
para dizeres o que ouviste
se ouviste
ouviste?
mata o que tem de morrer
e que o povo se defenda dos males
que os deuses espalharam
no luar da ironia
quanto mais há para comer
mais a fome ganha tirania-jejuai!
MRodas
Meu sonho ou teimosia
Em cada palavra um brado
Um suspiro um novo dia
Sentir em cada passo teu
A imensa energia
Que a natureza nos deu
Mistura de raiva e alegria
Pégaso, cavalo, coração
Alma de eterna viagem
Colorida no meu chão
A sombra da tua passagem
Arte sonho ou grito
Raiva fúria e estertor
Cada dia dito e reescrito
Alegria saudade e dor
MRodas
Palavras e magia foram, no princípio, a mesma coisa.
Sigmund Freud
Eu sei que a poesia é indispensável, mas não sei para quê.
Jean Cocteau
A poesia não quer adeptos, quer amantes.
Federico Garcia Lorca
A poesia é a luta contra a iniquidade.
Charles Baudelaire
A poesia é uma música que se faz com ideias, e por isso com palavras.
Álvaro de Campos
A poesia é libertada do mito e da razão, mas contém em si sua união. O estado poético nos transporta através da loucura e da sabedoria, e para além delas.
Edgar Morin
O fim da poesia é o de nos colocar em estado poético.
Edgar Morin
Preciso de poesia para viver e quero tê-la sempre ao meu alcance.
Antonin Artaud
Eu quis realizar minha poesia na vida.
Antonin Artaud
A poesia transforma a vida: e isso, em determinadas ocasiões, pode ser o pior.
Franz Kafka
Como agente de propaganda, a poesia é o mais frouxo dos veículos literários.
Fialho de Almeida
A poesia não tem presente: ou é esperança, ou saudade.
Camilo Castelo Branco
A poesia é uma religião sem esperança.
Jean Cocteau
A poesia aumenta o campo do pensável.
Vilém Flusser
Quatro anjos voaram de Inglaterra para minha casa.
Durante anos mantiveram conversas animadas na chaminé da lareira, entre o candelabro e um candeeiro de sal.
Mais tarde, pela mão da criança que sou, mudaram-se para cima do aquecedor e fiquei a vê-los a rodarem numa dança patética, em cima das minhas visões, para gáudio e ironia da minha família. A sombra projectava-se na parede, em formas deixando desenhos de festas e danças na minha memória.
Como no verão o aquecedor está desligado, a minha criança voltou a colocá-los em cima do frigorífico e, deste modo, com o calor da ventoinha voltaram a dançar, mas mais devagarinho. As histórias e conversas eram agora mais demoradas e compassadas.
Outro dia, a criança tentou pôr o iogurte a fermentar em cima do frigorífico, aproveitando o calor que dali emanava.
Um dos anjos não gostou de tanta mudança e desapareceu.
Por isso, os outros três anjos ficaram suspensos e inclinados no carrocel, cabisbaixos e mudos, deixaram de poder dançar. Também não conseguia ouvir o que diziam, pois a sua voz saía distorcida.
Procurei o anjo, pus anúncios, recompensas, cantei, fiz desenhos que colei na porta do frigorífico e...nada.
Quando imaginei o que poderia substituir o anjo desaparecido, brilhante e dançarino, só me lembrava de prender uma mosca que fizesse voar os outros três anjos. Também imaginava que viagem teria feito o desaparecido. Teria voltado para Inglaterra, ou para outras paragens?
Acordei aos gritos vindos da cozinha:
- O anjo, o anjo voltou!
Olhei para ele, de frente, à espera que me gritasse, o céu existe, mas nada! Silencioso e mudo, pensei que não gostava de ser substituído por uma mosca.
E agora, não tenho coragem de o voltar a prender no carrocel dourado, mas também não quero que fuja para Inglaterra e muito menos para a América.
Libertei a mosca e pus o anjo no seu lugar, para gáudio dos outros três!
Puxei a cadeira, sentei- me à sua frente e, todos à uma, perguntamos:
-Diz lá o que viste, por onde andaste e o que fazes de máscara?
MRodas
uma fronteira que a água e o vento cavaram
em direção ao mar
Surpreendeu-se o mar
por ver as águas vermelhas de sangue
que escorriam dos corpos mutilados
de cavalos estropiados e homens mortos
e uma bandeira a boiar
Atrás duns correram os outros
a pé e de barco
com mastros e naus
Foram-se daqui a Ceilão e Malaca
deram a volta ao mundo
enquanto a fronteira ficou sempre aqui
e as mulheres esperaram
noivas por se casarem
e filhos sem saberem dos pais
Foi a espera que os esperou
até os levar de volta ao combate
guerreiros duma Guerra inicial
e obreiros de terras e cidades
Mais uma vez a fronteira os esperou
sempre igual e verde
um rio de águas mansas
breves e loucas
donas do tempo, preces eternas
grito de amor promessa de regresso
memória de princesa cigana
vestida de negro e descalça
de mãos estendidas para o lado de lá
onde a saudade mais dói...
Valença 15 set. 2020