sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

A beleza da patinagem




Eu patino
mas tu patinas melhor que eu

Ver-te assim perto do céu
a começar cá pelo coração
junto ao meu
e ver-te subir, gaivota
pássaro alado dos dias claros
faz-me criança
aprender a andar
para depois voar.

Patinas melhor que eu
deslizas na pele alada do vento
corpo solto atrás da ideia
fumo ou tocha no universo a descoberto
a separar o fantástico do incerto
aranha ou teia
enquanto eu me sento
paredes meias do outro lado da rua
com uma fantasia que teima e persiste

Não desisto. Hei de voar!

MRodas










segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Marc Chagall


Eu e a aldeia

Por cima da cidade


Aniversário


O violinista verde


O soldado bebe


O violinista 






A crucificação branca

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Biblioteca de Soajo

Há muito que ao longo da Avenida da Liberdade, nos cafés e no silêncio das necessidades, se ia falando da Biblioteca em Soajo.
Um dia, uma notícia no google anunciava uma aldeia galega de 33 habitantes, que resolveram fazer uma biblioteca.
Foi o vento suficiente para descobrir as cinzas que afagavam tão linda ideia, a Biblioteca!
Ofereci simbolicamente 33 livros e muitos outros começaram a prometer. Até desistir da contagem já íamos nos 3000 livros.
Faltava o local. Falta ainda  o local. 
As autarquias estão a pensar em reponder a esta necessidade. Enquanto aguardamos, vamos depositando as ofertas no edifício do Turismo, em Soajo, no Largo do Eiró!
Esta é a primeira entrega, do Carlos Belchior, de Paradela, que pela sua generosidade merece um obrigado e um grande abraço!
Outras sucederão e, o mais brevemente possível, teremos uma Biblioteca e Centro Cultural a funcionar! 
Contamos com a generosidade de todos, mesmo dos que vierem a dizer mal.
Obrigado


 Aqui está a primeira entrega de livros para a nossa biblioteca! Quem foi que disse, Deus quer, o homem sonha, a obra nasce?


MRodas

terça-feira, 29 de outubro de 2019

QUANDO NO ESTADO NATURAL...



QUANDO NO ESTADO NATURAL...

Quando no estado natural vivia
 Metida pelo mato a espécie humana
 Ai da gentil menina deshumana
Que á fôrça a grêta virginal abria!

Entrou o estado social um dia;
Manda a lei que o irmão não fôda a mana, 

É crime até chuchar uma sacana,
E pesa a excomunhão na sodomia.


Quanto, lascivos cães, sois mais ditosos
Se na igreja gostais de uma cachorra, 
Lá mesmo, ante o altar, fodeis gostosos;

Enquanto a linda moça, feita zorra, 
Voltando a custo os olhos voluptuosos, 
Põe no altar a vista, a ideia em porra.

BOCAGE [Poesias eróticas,
burlescas e satíricas
, 1854]
[fixação gráfica de M. Cesariny,
Horta de Literatura de Cordel, 1983: 190]

segunda-feira, 28 de outubro de 2019




Fiz várias experiências, à procura dum conceito, o pó!

Do meu peito
saiu o pó mais límpido e sereno
em dunas de raiva e tristeza

Era um pó branco de amargura
serenamente poisado nas frestas do meu silêncio

Veio o teu vento e o meu pó permaneceu quieto e mudo
Vieram as tuas ondas de sal 
as arestas do teu corpo doce e secreto
e do meu pó 
surgiram os primeiros movimentos de humanidade
abraçados nas promessas de flores e frutos

Tínhamos chegado ao paraíso, Eva!


MRodas
Videos
https://youtu.be/lcjLCADS_Nc
https://youtu.be/J0TdgaDd5Fs


Monarca




Era uma vez 
uma borboleta que aprisionou o rei em seu casulo.
Este vivia muito infeliz.
Um dia a borboleta disse-lhe:
- Porque estás triste? Não és tu o rei?
- Sim, sou o rei, mas estou triste porque não posso viver em liberdade, aqui preso nesta cápsula...
A borboleta ficou a pensar e também ela não era livre porque tinha de vigiar o rei e não podia ir ver nem saborear as flores. 
Por isso, decidiu:
- Olha, também eu quero ser livre e poderosa. A partir de agora, tu voltas a ser rei, mas eu é que sou a monarca. Entendido?

MR













terça-feira, 22 de outubro de 2019

A casa



A casa desceu a serra e rebolou no mundo imaginando  a imensidão dos vales e rios
A casa aninhou-se no teu colo e deixou-se adormecer ao sol, enquanto lhe compunhas as telhas
A casa teve festas, teve mulher e filhos, teve viagens e janelas

Parou quando viu o mar

E foi nessa altura que o gosto a maresia lhe inundou as divisões
arrastando as algas e areias
Agora que partiste
a casa alquebrou-se e sonha com aventuras
mares e viagens

Quer um jardim e um barco
um jardim com o teu perfume
e um barco
onde possa piratear os segredos da minha ausência

MRodas

terça-feira, 15 de outubro de 2019

A foto




Resgatas claros escuros sombras e cinza 
eu que busque a moldura que tu escondes
que procure o rasto do teu gesto escondido

Há  mistérios  que me chamam do outro lado

As fitas a preto e branco são persianas presas a um significado que busco em vão
É a tua linguagem que persigo abraçando as partículas
A procura do sentido da tua luz torna-se obsessão
mesmo que esconda os farrapos na memória dos povos e prometa um mundo novo

Essa penumbra ha de ser luz e maresia
Poema amor de um dia

MRodas

sábado, 12 de outubro de 2019

Luz



Tudo o que já foi luz
é sombra do que acontece

Como o amor passado e efusivo
É agora
Marca discreta na pele do meu desejo

A primeira rosa
também se abriu luminosa sobre a própria morte

O amor no seu apogeu
anuncia o seu fim
Onde nós começamos

O amor e as rosas construíram montanhas de versos desordenados
 na floresta dos diálogos
Que nos dizem eles que já não saibamos?

A sua sombra abre sulcos de raiva desejo e assombro
no escuro luminoso do meu desejo

MRodas

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Fernando Namora no Museu do Neorealismo

Fernando Namora no Museu do Neorealismo, em Vila Franca de Xira.
Foi uma visita a um museu excelente com uma grande e merecida homenagem a o grande escritor neorrealista, Fernando Namora. A não perder, como podem ver nas imagens!

Integrada nas comemorações do centenário do nascimento do escritor Fernando Namora, no dia 18 de maio, pelas 16h00, inaugurou no Museu do Neo-Realismo a exposição “e não sei se o mundo nasceu” Fernando Namora 100 anos.
"No ano em que se completam cem anos sobre o nascimento de Fernando Namora, o Museu do Neo-Realismo revisita o percurso e a obra do escritor, uma e outro verdadeiramente configuradores da pluralidade interna do movimento cultural e estético. A exposição, o catálogo e as atividades complementares previstas para este ciclo comemorativo estão ligadas por uma ideia central: Fernando Namora teve uma intervenção determinante na génese histórica do neorrealismo e toda a sua obra é um contributo fundamental para a afirmação da pluralidade estética do movimento."
Curadoria de António Pedro Pita.
Patente até 17 de novembro de 2019.