segunda-feira, 23 de março de 2015

...MANUAL DE RAMIL


...MANUAL DE RAMIL... a publicar em breve!


- Grilo, grilinho, anda cá para fora, beber vinho...
“Vinho? O que é isso? É bom? A que sabe? É doce? Faz rir? Chorar?
- Gri gri, sai, sai, que aí vem o teu pai, com uma faca de cartão espetar-te no coração.
“ O meu pai? Não, ele nunca me mataria... mentiroso, men-ti- ro-so...men-ti-ro-so...”
- Grilinho sai, sai, se não mato o teu pai, com uma bola de sabão vai direito ao coração”
Às vezes saía, ou porque tinha medo que lhe matassem o pai ou por curiosidade e com as duas mãos abertas em concha, agarrava-o.
Tão preto... com dois corninhos a acenar... e cada um mexe por si, parecem ter vontade própria, não é como as vacas ou os carneiros, que vão os dois ao mesmo tempo, para o mesmo lado. O macho só tem um rabinho, as fêmeas dois, mas depois de estar na minha mão era apenas um grilo... Ele saltava, mas não tanto como os gafanhotos. Voltava a apanhá-lo, para onde vais, agora és meu e estás aqui comigo... se pudesse ia contigo para tua casa, mas é tão pequena. O que guardas lá? Tem quartos e escritório? Também escreves ou só cantas? Porque cantas? Cantas ou gritas? Comes em casa ou vens comer cá para fora? Vives sozinho?
Talvez ele respondesse, mas devia falar muito baixinho e nem por isso desistia de escutar.
 Quando não saía com a ervinha, abria a braguilha e urinava na toca, e era vê-lo vir a correr, quase sufocado, a gritar, “Mas o que é isto? Que atrevimento é este?”
- Olha lá, até é mais quentinho que a chuva e quando chove como te abrigas?
“ Mas cheira mal e a chuva cheira bem..”

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