sexta-feira, 20 de março de 2015

Dia do Pai!

O meu pai era um mágico eloquente!

Uma vez deixou cair um pouco da água das baterias no meu braço. Admirado, senti a irritação na pele. Como pode a água arder? Como pode a água subir numa mangueira e esvaziar o poço? Como faz para acender as lâmpadas, como sabe ele fazer sabão? Quem lhe ensinou a bater o ferro e a cortar a madeira? A fazer dobradiças e portas? E a crestar as colmeias? A fazer regos e plantar as couves e alfaces? A podar e enxertar? A escavar o barro virgem e fazer compressas para as dores e ferimentos? A escolher as ervas e fazer chá? A matar a ovelha e a esfolá-la, a matar o porco e salgá-lo? Duma cabaça fazer um penico? Quantas histórias sabe ele? Como pode, como sabe... dar ao pé e ensinar a minha mãe a costurar na máquina e as linhas tão direitinhas num rego ou sulco indelével, bater tão certinho nas teclas da máquina de escrever e ler as linhas que lá estão? A quem reza? Porquê? Como faz para desenhar aquele sorriso na face da minha mãe? 
O meu pai era um mágico eloquente!


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